Os prefeitos de Itaquá, Eduardo Boigues, e de Arujá, Dr Luís Camargo, deram fortes declarações nesta semana, que necessitam de uma avaliação profunda porque evidenciam um problema crônico no Brasil: a dependência dos municípios de repasses estaduais e federais, que frequentemente chegam a conta-gotas. Enquanto Brasília concentra a maior fatia dos recursos, prefeitos precisam se desdobrar em viagens e articulações para garantir investimentos mínimos para suas cidades.
Boigues foi direto ao ponto: prefeitos percorrem gabinetes, muitas vezes se humilhando, em busca de emendas parlamentares que nem sempre são suficientes. Ele reforça a necessidade de mudança no pacto federativo, para que os recursos sejam redistribuídos de forma mais justa e eficiente, beneficiando diretamente as cidades onde a população realmente sente o impacto da falta de investimentos.
Camargo, por sua vez, critica a retenção de repasses do ICMS pelo governo estadual e do orçamento pelo governo federal. Ele denuncia o esvaziamento das pautas relevantes no Congresso, que parece mais preocupado com mudanças eleitorais do que com a crise fiscal que afeta os municípios. Seu apelo à imprensa é um alerta: a situação não pode ser normalizada.
O diagnóstico está claro. Sem uma reestruturação do pacto federativo, os municípios continuarão reféns de um sistema que os estrangula financeiramente. A população, como sempre, paga a conta da ineficiência e da concentração de poder e recursos.