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Mais Mercado ou menos Estado?

Foto: Divulgação

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A pauta do dia no Palácio dos Bandeirantes, tem sido referente a privatização da SABESP, e dentro deste contexto reacende uma discussão: mais Estado ou mais Mercado?

Independente da opinião pessoal de cada um, é preciso nos ater a uma série de questões primarias. Eu concordo quando os liberais dizem que o livre mercado sem regulação estatal é a melhor forma de os empresários realizarem trocas entre si, e os trabalhadores também escolherem as vagas mais vantajosas.

Infelizmente, esse pressuposto não funciona, ele é maravilhoso em teoria, mas, na prática, não surte efeito positivo para os países adotantes, principalmente se forem sub-desenvolvidos. Inclusive os mesmos que pregam liberalismo para nós, recorrem a práticas estatistas para eles.

Observemos a política Agrícola Europeia (PAC), é um conjunto de regras cujo objetivo é defender o setor agrícola europeu, que tem uma agricultura insustentável se comparada a brasileira, os motivos são vários, aqui temos diversas vantagens comparativas: o solo, o clima e a mão de obra mais barata em relação à Europeia. Inclusive por conta da Embrapa a tecnologia agrícola brasileira é tão competitiva quanto a de países europeus no caso. Um país que faz muito uso dessas políticas e principalmente financia seu setor agrícola é o Francês.

No caso da SABESP, estamos falando de uma empresa que possui uma mercadoria que será o petróleo do futuro, ou seja, a água. Todos os grandes players do mercado estão numa guerra fratricida para ter o controle da mesma, quem tiver este controle terá uma vantagem na economia e possivelmente na geopolítica.

É verdade que atualmente a tubulação de São Paulo precisa de manutenção, pois a mesma é muito antiga, porém isto não seria o real motivo para se desfazer deste ativo.

A privatização não necessariamente significará melhores produtos ofertados ao consumidor final, vejamos o caso da telefonia, quando de sua privatização nos foi dito que teríamos um serviço de última geração a um custo baixo. Vou deixar o ilustre leitor pensar e avaliar sobre o serviço e o preço de telefonia que lhe é ofertado.

Atualmente o modelo de Estado mínimo que nos é apresentado, não é tão mínimo assim nos Estados Unidos existem as Public authorities, sendo empresas públicas criadas por estados e municípios. As Public authorities estão em todas as esferas, elas atuam em aeroportos, construção e gestão de moradias de baixa renda, manutenção de pontes e rodovias, transportes, e ainda financiam o ensino superior, dentre muitos outros serviços essenciais.

O Governo francês sempre teve participação na indústria automotiva, atualmente ele detém cerca de 15% do controle do Grupo Renault. De novo a França, e o Macron pega tanto no nosso pé, em função de subsídios ao setor agrícola, mas parece que ele não anda fazendo a lição de casa.

Já o estado alemão, sendo exemplo de prosperidade e desenvolvimento europeu, detêm 11% das ações da Volkswagen.

Até a General Motors já recebeu uma forcinha do Estado, quando ela passou por uma crise avassaladora, o Estado assumiu 60% da companhia e depois de sanados seus problemas financeiros a devolveu ao mercado.

Repare que falamos apenas de países desenvolvidos e “liberais”, que volta e meia pregam a nós privatizarmos tudo e deixar o mínimo nas mãos “sujas” do Estado.

A pergunta que fica: se Estado grande é tão ruim, porque os mesmos liberais usam o Estado para financiar suas empresas? Nunca saberemos a resposta, mas sabemos que não existem governos preocupados com o resto do mundo, eles se importam apenas com seu Estado. Sendo assim, se o Brasil vende uma grande empresa estratégica seja ela a SABESP, Petrobras, Banco do Brasil ou outra grande empresa, quem comprá-las terá uma enorme vantagem sobre nós.

Um bom exemplo de poder estratégico através de uma estatal:  a guerra Rússia x Ucrânia, neste caso os russos tem um trunfo a mais na mesa de negociação, eles vendem gás para a Europa, caso fechem seus dutos, os europeus podem ter diversas dificuldades econômicas.

Outro exemplo de até onde um governo pode ir para defender seus interesses foi na guerra da Síria. Neste caso a Rússia ofereceu total apoio ao governo Assad, o interesse principal em defender a soberania Síria, era em função de que os dutos de gás russo passam pela Síria para chegar a Europa.

Essa discussão não é apenas sobre privatizar, existem diversos interesses ocultos nesta discussão, portanto ao pensarmos em soberania nacional e crescimento é preciso um Estado forte.

Dentro desse contexto o Estado é fundamental pra garantir um ambiente institucional favorável às trocas.

E como ele ajuda nesse aspecto?  Através de leis claras, fiscalização e um judiciário eficiente.

O empresário busca apenas estabilidade política e jurídica para seus negócios, se o Brasil conseguir oferecer essas duas matérias-primas, não faltará investidores.

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14 respostas

  1. Parabéns ao escritor do artigo. Preciso e elucidativo quanto ao tema das concessões, e a importância do Estado na oferta de determinados produtos e serviços.

  2. Olá!
    Linda matéria! Esclarece enormemente que a retórica ‘privatiza que é melhor’, segue a certos interesses, não é tão simples assim defender a privatização sem compreender a quem iremos beneficiar 😉

  3. Muito bom os pontos aqui relatados, acredito que precisamos nos engajar mais diretamente nos assuntos pertinentes as melhorias dos serviços em geral prestados,afim de beneficiar o maior número de setores , claro que sempre haverá divergências nas opiniões, mas já está na hora de começarmos a tomar decisões que vão transformar gerações,trazer crescimento e desenvolvimento pra nossa cidade. Vamos torcer pra que as autoridades tenham boas notícias a nos dar.

    Obrigado pela liberdade de colocarmos as nossas ideias aqui nesse canal…

  4. Gostei muito da análise do colunista, uma reflexão muito bem formulada sobre este assunto que está na pauta do dia.

  5. Parabéns pelo conteúdo sempre com embasamento e inteligência e o mais importante, de forma clara, onde todos podem compreender o que está sendo dito.

  6. Parabéns pelo trabalho Josh
    Mas não concordo com um parte do seu ponto de vista.
    Ter o um Estado forte não é ter um estado dominando as grandes empresas dos principais setores que contribuem para o pib.
    Ter um estado forte eh um estado que contribui e incentiva o crescimento das empresas sem almejar interesse próprio, coisa que no brasil estamos longe.
    E uma forma de contribuir pra isso realmente é leis claras e que pune tanto empresas quanto maus administradores públicos.
    Vamos imaginar o brasil com um estado maior: um brasil que não tem responsabilidade fiscal , que aumenta seus impostos, gasta muito mais do que arrecada, Pune o empreSario com carga tributária absurdas , e não devolve para a população em benefícios o que se arrecada. Ganhar dinheiro no brasil não eh difícil , difícil e ser empresário.
    A história ja nos conta que estado grande gordo , eh um problema e que sofre sempre eh à população.
    Mas, esse é o meu ponto de vista analisando de forma macro.

  7. O interessante é que ele mostra a contradição política sobre as empresas estatais, e sempre bom os cidadãos ficarem informados pelos fatos e de olhos nos detalhes, pois são importante é ajudam a realizar a melhor escolha para alavancar o Brasil e o seu povo que é muito carente de muitos recursos básicos, assim como a água.

  8. Ótima matéria com conteúdo muito bem articulado! Também discordo da privatização da Sabesp. Parabéns ao colunista!

  9. Conteúdo muito esclarecedor, principalmente no que tange ao poder estatal em relação seu tamanho e prosperidade. Parabéns!!!

  10. Nem tudo ao estado e nem tudo ao setor privado. Porque não uma administração conjunta para equilibrar, e não só deixar a um o outro.

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Economista formado na PUC/SP

Reportagens - 35
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