É inegável que, ainda mais nas últimas duas décadas, o dia 8 de março foi transformado numa data comercial, como um “Natal” de exaltação à feminilidade clássica, em que os homens acreditam que precisam reforçar seu romantismo com flores e chocolates. Esquecem-se, no entanto, que se trata (ou deveria) de um momento de reflexão sobre o lugar das mulheres nas nossas relações sociais e as questões que o cercam.
Há um fato pouco comentado sobre as relações de gênero na nossa sociedade: apesar da atração sexual, homens não gostam de mulheres, não admiram mulheres, não consomem produtos feitos por mulheres, não enxergam como suas iguais. Muito pelo contrário.
Considerando que, em média, as mulheres ganham 30% a menos que os homens para desempenhar a mesma função e que a violência de gênero chegou a patamares tão altos que tiveram de ser criadas tipificações penais específicas, como o feminicídio, fica claro que o papel que a sociedade imagina para as mulheres, desde a costela de Adão, é de subserviência. De seus corpos e suas mentes.
É claro que todo gesto de carinho é bem-vindo, mas de nada adianta o afeto sem respeito. De nada adianta dar os “parabéns” a uma mulher no dia 8 de março e não repensar a relação que você, caro leitor do sexo masculino, mantém com ela nos outros 364 dias.
O dia da mulher não é uma data feliz, é trágica. É o dia da luta por igualdade, respeito e liberdade e a própria necessidade dele é um claro sinal do quão atrasados somos.
