‘Santa Casa só quer a grana do Hiper Cap’, criticam mogianos

Com o vencimento do contrato entre a Santa Casa e a Prefeitura de Mogi das Cruzes, em agosto, a entidade filantrópica decidiu não renovar o convênio e o pronto-socorro deve ser fechado no dia 26 de novembro. Segundo a Câmara Municipal, o Hospital Filantrópico informou que o repasse mensal não está sendo suficiente para cobrir as despesas.

Porém, ainda no último dia 28, o Governo Estadual confirmou que irá reajustar a Tabela SUS para assegurar a manutenção e a ampliação do atendimento prestado à população. A medida consiste na complementação do valor que as unidades recebem atualmente do Ministério da Saúde. Na prática, hospitais e Santas Casas receberão até cinco vezes mais o valor da Tabela SUS praticado em nível nacional. Também vale lembrar que no ano passado a Prefeitura reajustou o repasse mensal do contrato do Pronto Atendimento de R$ 992 mil para R$ 2,2 milhões. 

A GAZETA esteve na unidade nesta semana e conversou com os pacientes que aguardavam por atendimento. 

Para o aposentado Roberto Pimenta Faro, a decisão do fechamento é inadmissível: “Não sendo aqui na Santa Casa, aonde seria esse pronto atendimento? No Hospital Municipal de Brás Cubas? É um absurdo, a Santa Casa tem que mudar de nome e se tornar particular, já tem até a outra entrada que é tudo chique e bem arrumado. Esse nome tem o viés que era pra atender o povo, mas o povo está sendo jogado na sarjeta. Apesar dos problemas financeiros, antigamente o atendimento era bom, agora está cada vez pior, hoje mesmo foi uma bagunça. Eu avalio o atendimento hoje com a nota dois porque pelo menos consegui ser atendido”, apontou.

Uma das maiores reclamações dos pacientes é a demora para receber atendimento, muitos até desistem da consulta após esperarem um longo período, como foi o caso da aposentada Rosilene Santos, que estava acompanhando seu marido e não aguentou aguardar por mais de quatro horas: “Até agora ele não conseguiu passar no médico, e eu estou indo embora porque faz mais de quatro horas que estamos aqui. Só tem esse local pra eu vir, porque o do Luzia [de Pinho Melo] fechou. Aqui já não está sendo bom, mas se fechar, vai piorar a situação.”

Em nota, a Prefeitura se mostrou contra o fechamento, e sugeriu uma possível solução imediata para o problema. “Apesar de ter recebido todo o apoio da administração municipal, a Santa Casa se manifestou contrária à renovação do convênio e o assunto foi levado ao Governo do Estado de São Paulo, já que o atendimento não diz respeito só a Mogi das Cruzes e sim à região, compreendendo também os municípios de Guararema, Biritiba Mirim e Salesópolis. Diante da indisponibilidade de imóvel na região central, uma alternativa seria adaptar o Pronto Socorro nas instalações do Hospital Municipal, em Brás Cubas.”

É provável que com a mudança os atendimentos prestados hoje no ambulatório infantil do Hospital Municipal sejam suspensos para dar lugar ao PS, mas segundo as informações, a implantação ainda está em estudo. 

HIPER CAP – A Santa Casa tem recebido apoio financeiro tanto do Estado quanto da prefeitura, mas vale ressaltar que a entidade também recebe um repasse de 100% do valor de resgate dos títulos de capitalização vendidos pelo Hiper Cap, que é uma modalidade de “Filantropia Premiável de Contribuição Única”.

Sendo assim, muitos moradores se questionam sobre como esse dinheiro é investido e utilizado no hospital. Como interroga Romário Amaral: “O Hiper Cap é pra ajudar e não tem nenhuma mudança. Eles só ganham o dinheiro falando que é pra ajudar a Santa Casa, mas nada muda.”

A GAZETA tentou contato com a equipe da Santa Casa, mas até o fechamento dessa edição não obteve retorno.