Aqueles que já assistiram os episódios da série “Cangaço Novo”, disponivel no serviço de streaming Amazon Prime Video, são capazes de imaginar com certa vividez a ação da quadrilha que “sequestrou” a cidade de Salesópolis na madrugada entre a quinta (5) e a sexta-feira (6). Para os moradores, que conheceram pessoalmente os estampidos de tiros e bombas dos criminosos, porém, o “filme de terror” foi muito real.
A aposentada Dirce Cardoso dos Santos, 65 anos, é vizinha das agências bancárias do Santander e Caixa Econômica Federal que foram atacadas e, à GAZETA, contou que começou a ouvir os tiros e grande movimentação de motocicletas por volta das 2 horas da manhã. Logo em seguida vieram as explosões.
“Eu me assustei muito com o barulho, por que a gente mora próximo, o barulho tremeu até a casa. Era tiroteio, tiroteio, aquelas motos andando. Perdi o sono, queria nem me mexer, até tive que tomar o remédio da pressão depois. Foi um terror, eu senti muito medo”, relatou.
Este, no entanto, não foi o primeiro caso que acomete inclusive as mesmas duas agências bancárias. Em 2018, cerca de 30 criminosos também cercaram a cidade, invadiram os locais, explodiram os caixas eletrônicos e cofres, e fugiram. Na ocasião foram feitos sete reféns e a base da Polícia Militar, que fica a cerca de 30 metros do local, foi alvejada; nesta última, felizmente não houve vítimas. Os PMs que estavam de plantão, em menor número, foram intimidados para não agir.
Cleonice Fernandes, 46, dona de um comércio exatamente ao lado da CEF, viveu as duas situações e mostrou os efeitos das duas em seu estabelecimento. De acordo com ela, o crime atual não causou nenhum dano aparente em sua estrutura, mas a rachadura deixada pela explosão de 2018 ainda é visível.
Mesmo tendo a experiência revivida, não se acostumou com ações tão violentas rompendo a tranquilidade do município. “É estranho, né?! A gente não está acostumado com essas coisas, aqui é uma cidade tão pacata”, disse.
Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, os bandidos fugiram em três carros e duas motos. Um dos veículos foi danificado durante uma das explosões e, por isso, eles o deixaram para trás. O caso foi registrado como “localização/apreensão de veículo, roubo a estabelecimento bancário e veículo, e associação criminosa”. Não se sabe ao certo a quantia em dinheiro roubada.
Questionada sobre medidas para impedir que ataques como este aconteçam, a SSP respondeu apenas que “de janeiro a agosto de 2023 o crime de roubo a banco caiu 46% em comparação com o mesmo período do ano anterior” e não apresentou soluções.
A GAZETA procurou também a Prefeitura de Salesópolis, que ressaltou a reunião feita pela manhã de sexta-feira (6) entre o prefeito Vanderlon Gomes (PL) e representantes da Polícia Militar, onde foi solicitado reforço no policiamento da cidade. A administração municipal destacou também o projeto já em tramitação de instalação de um sistema público de monitoramento por câmeras na cidade como forma de coibir esse e outros tipos de crime.
