Em 2022, assim como em todos os pleitos, as atenções da mídia, dos analistas políticos e dos eleitores nos dias seguintes ao primeiro turno das eleições estão voltadas para os posicionamentos dos candidatos derrotados em relação aos que se mantém na disputa. Uma das manifestações mais impactantes deste ciclo eleitoral, portanto, foi a do atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), ao declarar apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao candidato bolsonarista no estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O apoio, considerado surpreendente por muitos, tem tido ecos muito maiores que o esperado por Garcia entre lideranças tucanas. A decisão de aderir à campanha bolsonarista desagradou tanto quadros históricos, como o ex-Senador José Serra, que anunciou publicamente apoio ao ex-Presidente Lula (PT), quanto mais recentes, como o Deputado Federal Alexandre Frota, que comunicou em suas redes sociais a desfiliação do partido, e o ex-Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que deixou o cargo que ocupava no governo paulista.
O “ninho tucano” vem enfrentando uma crise aparentemente insolúvel desde o ano de 2014, em que tem visto seu espaço diminuindo cada vez mais a cada legislatura, tendo como maior exemplo o atual ciclo eleitoral, onde, além de não ter apresentado candidatura à Presidência da República, perdeu uma eleição estadual em São Paulo pela primeira vez em 30 anos.
No Congresso Nacional, o partido que já ocupou o espaço de principal força de contraponto ao campo da esquerda, liderado pelo PT, hoje conta com apenas 18 deputados eleitos pela sua federação com o Cidadania.
Para grande parte dos analistas, o “apoio incondicional” de Garcia a Bolsonaro decretou, de uma vez por todas, a “morte” do PSDB como principal força da corrente social-democrata do Brasil.