Assim que as eleições de 2022 foram vencidas por Lula, este mesmo jornal, neste mesmo espaço, falou sobre como a festa em relação à queda de Jair Bolsonaro não poderia se tornar complacência cega com o governo que estava por vir. Sobretudo, esse mesmo governo, pelas circunstâncias nas quais foi eleito, não poderia se dar ao luxo de errar. Pelo menos não da mesma maneira.
Mesmo com sua militância insistindo que “derrotar o fascismo” era o argumento derradeiro para que o voto em Lula fosse praticamente obrigatório, ele teve de apresentar um plano de governo, com propostas objetivas para os rumos do país. Espera-se, portanto, que sejam cumpridas.
Três meses é, de fato, muito pouco para avaliar uma gestão, mas é o suficiente para captar tendências de como ela se desenha. Erros e acertos são comuns e há inegáveis avanços em relação ao antigo ocupante do Planalto, mas não se pode aceitar passivamente que promessas como a revogação do Teto de Gastos, mudança na política de preços da Petrobras e diminuição dos juros não passem de promessas.
O que se viu nestas últimas semanas, com o governo preferindo tomar o lado dos bancos em detrimento do próprio ministro da Previdência, Carlos Lupi, que defendeu a diminuição dos juros dos empréstimos consignados para aposentados e pensionistas do INSS, é um exemplo de que Lula não tem ouvido os próprios discursos.
Falar sobre a defesa da democracia segue importante, mas já não é suficiente. Quem tem fome tem pressa e já passou da hora do dito “maior líder popular brasileiro” escolher, de fato, o lado do povo.
