Um dos traços culturais mais intrínsecos ao povo brasileiro é a falta de consciência sobre si mesmo. Como parte do país, a hipervalorização dos defeitos e desvalorização das qualidades, antônimos ao senso de pertencimento ideal para o fortalecimento de qualquer sociedade, reverbera em todos os cantos, incluindo a aniversariante da vez, Mogi das Cruzes.
Ao longo de seus 463 anos, completos neste dia 1, a cidade filha de M’Boiji acabou se tornando “mãe” de 15 de suas vizinhas, considerando os diversos episódios de desmembramentos em sua história. Mesmo assim, nunca foi desmembrada a grandeza da até hoje carinhosamente chamada de “capital” do Alto Tietê.
Isso não significa que não haja problemas. O crescimento desordenado, a desigualdade social e a incompetência política são algumas das mazelas que deixaram marcas profundas no dia-a-dia mogiano até os dias atuais.
Apesar de suas cruzes, no entanto, há uma arma que, caso utilizada da maneira correta, pode se tornar o ponto de virada para o município ser a potência estadual que nasceu para ser: a diversidade. Mas não somente econômica – e é claro que a pujança comercial, industrial e agrícola também ajuda –, sim de seu povo.
De Quatinga até a Guanabara, os mogianos já deram inúmeras demonstrações que são sim destinados à grandeza, mesmo que as vezes até os próprios deixem de acreditar nisso.
Se Mogi deixasse de pensar no que não é e se atentasse no que de fato é, seria muito mais fácil chegar no que almeja ser. E todos dependem dessa compreensão.