Vivemos em uma sociedade do “Panóptico”, conceito desenvolvido pelo filósofo francês Michel Foucault em que o controle social acontece por meio da vigilância constante. Com o panóptico, joga-se luz em tudo aquilo que antes não se queria ver e se cria um estado social onde todos veem e são vistos o tempo todo.
Considerando a relação “ver e ser visto” como uma das bases da nossa sociedade, principalmente na Era Digital, por que instituições como as forças de segurança lutam tanto contra a ideia de transparência?
Entra ano, sai ano, e as polícias militares brasileiras continuam tentando resistir às câmeras corporais, utilizadas em todo o mundo civilizado e que já tem apresentado resultados contundentes diminuindo mortes, tanto de civis, quanto de agentes, nas áreas dos batalhões que as têm.
Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas tenta se equilibrar entre a racionalidade e agradar à sua base bolsonarista, mudando de opinião constantemente. Enquanto governantes como ele não se decidem, os policiais brasileiros continuam matando e morrendo como em nenhum lugar do mundo.
Numa sociedade de bases iluministas, não há espaço para as sombras. Se é público, tem de ser publicizado. Se não há o que esconder, por que fazê-lo?
Se a vigilância é o maior meio de controle social, não há espaço para que qualquer instituição viva na penumbra, principalmente aquelas que empunham armas. O tempo dos porões da ditadura passou e as polícias precisam entender, ou talvez isso seja indício de que é hora de repensá-las.