Essa última semana foi marcada por descobertas preocupantemente pouco surpreendentes, mas bastante importantes e significativas: àqueles que ainda tinham dúvidas, estamos sob ameaça de um golpe de estado.
A operação da Polícia Federal que, na quinta-feira (8), cumpriu mandados de busca e apreensão contra diversos nomes do entorno de Jair Bolsonaro mostrou a todo o Brasil partes fundamentais do planejamento golpista dos derrotados em 2022, com até um discurso escrito para Bolsonaro fazer quando decretasse estado de sítio entre os documentos.
A derrota desse bando nas urnas significa, claro, uma importante batalha vencida pelo povo brasileiro que confia em si, mas não o fim da guerra. Grande parcela da sociedade brasileira tem certa tara na ideia de militares tutelando o dia-a-dia da nação. Nem tanto por culpa deles.
Nossa República já nasceu, independentemente de juízo de valor, sob a égide do “braço forte e mão amiga”. Nossa ainda incipiente cultura política foi construída com a ideia de um “poder moderador”.
A PF estar se insurgindo, junto do Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal, em defesa da democracia é outra vitória significativa, mas que também não finaliza a guerra. O golpismo está entranhado no âmago do Brasil, muito anterior à pequenez de Bolsonaro e, infelizmente, continuará depois dele.
Punir os golpistas de hoje é um (e apenas um) passo importante para prevenir o surgimento de futuros, mas mudanças reais dependem de um longo processo de educação política. Demora, mas precisa começar.