Sindicalistas brigam para impedir que mais uma profissão seja extinta no país do desemprego
Por Aristides Barros / Foto: Bruno Arib
A profissão de frentista pode deixar de existir caso seja inserida na Constituição Federal a emenda de autoria do deputado federal Kim Kataguiri (DEM) que pede a anulação de lei federal que proíbe o próprio motorista de abastecer seu respectivo veículo em postos de combustíveis, o que desfaz a necessidade do trabalho dos frentistas.
A emenda do deputado fez a Fenepospetro (Federação Nacional dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo) e Fepospetro (Federação dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo) convocarem todos os Sindicatos dos Frentistas a se mobilizarem em nível nacional para a derrubada da proposta.
Segundo dirigentes sindicais, a aprovação da emenda pode resultar na demissão de mais de 500 mil frentistas em todo o país, aumentando a marca de desemprego que já chega a quase 15 milhões no Brasil. “
A previsão negativa está levando a direção nacional da categoria a Brasília para alertar os deputados para a grave situação que se avizinha com a possível aprovação da emenda”, disse a sindicalista Telma Cardia, que é presidente do Sindicato dos Frentistas de Guarulhos, que tem bases espalhadas nas demais cidades do Alto Tietê.
De acordo com ela, a somatória de que a medida pode afetar 500 mil trabalhadores foi conseguida mediante números apresentados em pesquisas conseguidas em vários órgãos de coletas de dados e junto ao próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
“A demissão de frentistas e a possível extinção da profissão não vai resolver o problema dos aumentos constantes nos preços dos combustíveis e é uma imbecilidade pensar isso”, disse a sindicalista, exemplificando: “Acabou a profissão de cobrador e não reduziram o preço das passagens de ônibus. Arrumam soluções simplistas que só agravam mais os problemas. Se aprovarem a emenda tendem a aumentar o desemprego no Brasil, que já é altíssimo”, reforçou.
Telma disse que as conversas das lideranças sindicais, em Brasília, para derrubar a proposta estão sendo feitas com todos os partidos, tanto de oposição e até de partidos aliados do governo. “Estamos fazendo um esforço enorme, sem ideologias partidárias, porque o trabalhador que põe a comida na mesa da família não quer saber que partido ou político vai fazer isso se ele perder o emprego”, resumiu.
O frentista Benedito Barbosa Santos Neto, 38 anos, frentista há 24 anos, fala sobre o possível fim da profissão. “Fica difícil, a gente é pai de família e também pensa no colegas, vai aumentar muito o desemprego. Dá para fazer outro trabalho, mas é ruim ter de deixar a profissão”, concluiu.
Repúdio
Em Santa Isabel, o vereador Antônio Marcus da Silva (Patriota), o Marquinhos Pelican, apresentou moção de repúdio à emenda do deputado federal, entendendo que na aprovação da proposta vai se alastrar o desemprego no país. A moção de repúdio foi aprovada por unanimidade na Câmara Municipal de Santa Isabel.