Uniões consensuais superam casamento civil e religioso

Pela primeira vez, o famoso “morar junto” ultrapassa os casamentos formais no Brasil, segundo o IBGE
Censo 2022 mostra aumento das uniões consensuais no Brasil, segundo o IBGE.
Censo 2022 revela que 51,3% da população vivia em união conjugal | Foto: Marcello Casal Jr – Agência Brasil

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Pela primeira vez, a proporção de brasileiros que vivem em união consensual — quando os cônjuges não oficializam o casamento civil ou religioso — supera a de casamentos formais.

De acordo com o suplemento Nupcialidade e Família do Censo 2022, divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 38,9% das uniões conjugais são consensuais. O número equivale a 35,1 milhões de pessoas, em situações como união estável, por exemplo.

Em 2000, o índice era de 28,6%, e em 2010, de 36,4%. No sentido oposto, os casamentos civil e religioso representavam 49,4% das uniões em 2000, caindo para 37,9% em 2022. Em 1970, eles correspondiam a 64,5%. Já os matrimônios apenas religiosos recuaram de 4,4% para 2,6%, enquanto o casamento apenas civil subiu de 17,5% para 20,5%.

Voltando ainda mais no tempo, o Censo de 1960 mostrava que 60,5% das relações eram formalizadas com casamento civil e religioso, e apenas 6,4% eram consensuais.

Perfil das uniões consensuais

O levantamento mostra que as uniões consensuais predominam entre pessoas com até 39 anos.

No grupo de 20 a 29 anos, elas representam 24,8% das uniões, contra 5,8% de casamentos civis e religiosos.

Entre 30 e 39 anos, a diferença aumenta: 28,5% são consensuais e 17,8% formais.

Já na faixa de 50 a 59 anos, os casamentos civil e religioso sobem para 22,1%, e as consensuais ficam em 13%.

As uniões informais são mais comuns entre pessoas com menor renda — especialmente entre os que recebem até um salário mínimo.

Na análise por religião, 62,5% dos casais sem religião vivem em união consensual. Entre católicos, o índice é 40,9%, e entre evangélicos, 28,7%.

Segundo a pesquisadora do IBGE Luciane Barros Longo, o crescimento desse tipo de relação indica uma mudança comportamental e geracional no país.

“A união consensual ainda é um fenômeno mais jovem e está mais relacionada às pessoas de menor renda”, afirmou.

Desde 2017, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) garante igualdade jurídica entre união estável e casamento, inclusive em direitos sucessórios. A principal diferença é que, na união estável, o estado civil do indivíduo não é alterado — ou seja, ele continua solteiro, divorciado ou viúvo.

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Mais da metade dos brasileiros vive em união

O Censo 2022 aponta que 51,3% da população com 10 anos ou mais vivia em alguma forma de relação conjugal — 90,3 milhões de pessoas.

Em 2000, o índice era de 49,5%. Já o número de pessoas que nunca viveram em união caiu para 30,1%, enquanto as que já viveram e não vivem mais aumentaram para 18,6%.

O levantamento também identificou 34,2 mil pessoas entre 10 e 14 anos vivendo em algum tipo de união, sendo 77% do sexo feminino.

“O Censo reflete a realidade. Esses dados mostram a existência de uniões precoces, mas não permitem identificar se são entre adolescentes ou com adultos. É um ponto que requer estudos mais detalhados”, observou Luciane Barros Longo.

O pesquisador Marcio Mitsuo Minamiguchi acrescentou que a maioria dos casos se concentra próximo aos 14 anos de idade.

A idade média da primeira união no Brasil é de 25 anos — sendo 23,6 anos para mulheres e 26,3 anos para homens.

Com quem os brasileiros se relacionam

O estudo do IBGE também analisou a seletividade marital, isto é, a tendência de casais formarem uniões entre pessoas do mesmo grupo racial.

  • Entre as mulheres brancas, 69,2% têm parceiros também brancos.
  • Entre as pretas, 48% se unem a homens pardos.
  • Entre as pardas, 69,2% vivem com homens também pardos.

Já entre os homens:

  • 71,5% dos brancos têm parceiras brancas;
  • 39,3% dos pretos vivem com mulheres pretas;
  • e 70,2% dos pardos se relacionam com mulheres pardas.

*Por Agência Brasil

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