A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022 teve alguns elementos que a tornou uma das mais atípicas da história do Brasil e do próprio Lula. O caráter plebiscitário entre “antibolsonaristas” e “antipetistas”, que dizimou eleitoralmente qualquer esboço de “terceira via”, e a ideia de “frente ampla” fez com que a maioria – não esmagadora – dos brasileiros vissem em Luiz Inácio a única opção para frear a destruição causada por Jair Bolsonaro nos últimos quatro anos.
Assim que promulgado o resultado do pleito, analistas políticos de todas as ordens (incluindo este mesmo espaço) alertaram para os perigos da enganadora sensação de esperança presente no campo progressista.
À época já era possível notar que o perfil conservador do parlamento recém eleito, assim como a amplitude da frente lulista, dificultariam a articulação política do governo, que teria de tomar cuidado para não cometer os mesmos erros do passado.
Seis meses depois da posse, as previsões se mostraram corretas, basta notar a dificuldade governista para aprovar – e impedir derrotas – pautas econômicas, ambientais e até de organização ministerial. O resultado é sentido inclusive na baixa aprovação do presidente que já chegou a ter 87% de “bom” e “ótimo”.
Ainda faltam três anos e meio para o fim do mandato, mas mudanças de curso se fazem latentes agora, para que o prometido possa de fato ser cumprido. Luiz Inácio não falou e nem avisou, mas foi avisado: ou recalcula a rota, ou o governo fica inviável. Assim como o Brasil.