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Ruas da Vida: Casal vive o amor a céu aberto, em Mogi

O casal Ismael de Souza, 35 anos, o Dentinho, e Maria de Assunção Amorim, 51, estão juntos há mais de sete anos e a vida a dois começou em São Sebastião, na praia de Juquehy, onde se conheceram. Passaram por Bertioga, também no Litoral, e vieram para Mogi das Cruzes, onde estão há dois anos “morando” em um terreno baldio no bairro Mogilar.

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A difícil arte de viver “invisível” aos olhos que não querem vê-los ocupando espaços da cidade

Por Aristides Barros / Fotos: Bruno Arib

O casal Ismael de Souza, 35 anos, o Dentinho, e Maria de Assunção Amorim, 51, estão juntos há mais de sete anos e a vida a dois começou em São Sebastião, na praia de Juquehy, onde se conheceram. Passaram por Bertioga, também no Litoral, e vieram para Mogi das Cruzes, onde estão há dois anos “morando” em um terreno baldio no bairro Mogilar.

Dentinho e Maria “edificaram” uma moradia rústica de plástico e madeira no local e vivem como “Deus quer” e os homens sistemáticos não gostam. A situação de rua do casal, com raras exceções, não incomoda a vizinhança, dividida em classe média e “remediada”.

Dentinho ajuda alguns vizinhos em pequenas empreitadas: capinação, pintura, troca de lâmpadas e outros afazeres que encontram a receptividade dele sempre dispostos a ajudar quem lhe pede auxílio.

Uma mão lava a outra e com múltiplas mãos a comunidade no entorno do casal convive pacificamente com Ismael e Maria, que são retribuídos pela ajuda com doações de alimentos, roupas e visitas para um “bate-papo”.

Fora as doações recebidas de bom grado, Dentinho e Maria coletam produtos recicláveis descartados nas lixeiras e ruas da cidade. Embora seja dito que o “lixo” brasileiro é muito rico, ele não traz riqueza, mas colabora para o casal conseguir aumentar a renda familiar, reforçada pelo auxílio emergencial de R$ 150,00, que ambos recebem.

Dentinho é natural de Suzano e Maria é cearense. Os dois deixaram e foram deixados por suas famílias por problemas diversos. Ela, que pouca fala, apenas afirma: “A minha família hoje é ele”, diz a mulher. “E a minha família é ela”, completa o homem.

Ambos querem deixar a vida das ruas para uma condição digna.

“A gente não tem medo do trabalho, quem tiver uma chácara ou um sítio e precisar de caseiro pode contar comigo e com ela. Não estamos aqui por gostar de viver assim, mas é o que temos no momento. A gente pensa em melhorar nossa vida e a primeira oportunidade que aparecer não vamos deixar escapar”, conclui Dentinho.

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