Como de costume, o início do ano está sendo marcado pelas fortes chuvas de verão, que vêm causando transtornos em diversas áreas do país. Na região do Alto Tietê, no entanto, o problema maior está no fato desses transtornos serem desastrosos e esperados ao mesmo tempo.
Alagamentos em diversas cidades, como Ferraz e Mogi – nesta com efeitos inclusive para a agricultura, transformando o “cinturão verde” de São Paulo em um lamaçal –, deslizamentos em Itaquá e carros levados pela enxurrada em Arujá, quando acontecem, causam diversos tipos de emoção, mas nenhuma delas é surpresa, o que já diz muito.
A situação atual é fruto de um processo histórico. Primeiro em relação à falta de políticas habitacionais para impedir o crescimento desordenado nas cidades, e segundo é possível até exemplificar com caso recente.
Nesta semana descobriu-se que o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) está deixando quatro das seis comportas da Barragem da Penha fechadas para evitar que haja inundações na Marginal Tietê, o que impede o escoamento da água mesmo em dias sem chuva na região metropolitana, principalmente aqui.
A natureza, apesar de algoz, não pode ser chamada de responsável, ela é apenas um meio para expor a ação humana. As pessoas que, por algum motivo, estabelecem morada em áreas de risco têm sua parcela de culpa, porém basta olhar para o volume para perceber que se trata de uma questão sistemática. Resta saber se deixaremos o governo estadual continuar a favorecer a capital às custas do nosso povo.