Na volta à prefeitura, Inho vê a economia da cidade destruída e as obras que deixou em 2016 sem conclusão
Por Aristides Barros / Foto: Bruno Arib
O prefeito de Biritiba Mirim, Carlos Alberto Taino Junior (PL), o Inho, saboreia um regresso amargo no retorno ao comando do Executivo biritibano, que deixou em 2016. Além do enfrentamento da pandemia do coronavírus ele retoma obras iniciadas em seu mandato anterior (2009/2016), não continuadas pelos gestores que o sucederam e que, ao fim de quatro anos, “devolveram” a prefeitura em situação financeira caótica.
Na entrevista que segue, o prefeito tranquiliza a população biritibana ao falar sobre a recuperação das finanças e ações na área da saúde do município, que completa aniversário de fundação e emancipação política sem realizar eventos comemorativos. O tempo não é para festas.
Gazeta Regional (GR): A cidade aniversaria com programações culturais?
Inho: Devido à pandemia, não teremos nenhuma festividade. Estamos seguindo o Plano São Paulo e não podemos realizar eventos para evitar aglomerações. Estamos tomando esses cuidados, pois o número de contaminação ainda está elevado. Apesar da redução de casos graves e menor número de pessoas intubadas, não podemos baixar a guarda. Estamos vacinando as pessoas. Mas, no aniversário da cidade, 5 de maio, teremos [a entrevista foi concedida antes do aniversário] novidades boas e anúncios de algumas obras, como pavimentações nos bairros do Nirvana, Rio Acima, na estrada do Casarão. Algumas que estão em andamento, outras que já entregamos, sendo obras feitas com recursos que eu deixei da minha gestão anterior. No bairro do Jardim Eucaliptos acabamos de entregar a pavimentação. E estamos preparando convênios com o Estado e a União para obtenção de recursos e realização de mais obras.
GR: A verba que não será utilizada na realização de eventos festivos será aplicada em outros setores?
Inho: Estamos economizando em todos os setores. Biritiba Mirim passa por uma crise financeira muito grande. Herdamos mais de 40% do orçamento em dívida. Uma coisa que eu nunca vi na história da cidade, o tamanho e volume da dívida que temos agora. Nem que não tivesse pandemia, esse ano não teria condição de se fazer eventos como fazíamos no passado, com grandes shows que começavam no dia 1º de maio e iam até o dia 5 de maio, no aniversário da cidade. Isso hoje é impossível, fora da realidade. Estamos optando por organizar a prefeitura, a parte https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistrativa, a jurídica e a financeira. Ainda estamos descobrindo o que aconteceu com a cidade, os porquês do tamanho do buraco que Biritiba se meteu durante esses quatros anos que se passaram.
GR: Como o senhor encontrou as finanças?
Inho: Deixaram um passivo muito grande. No setor jurídica, muitos processos correram à revelia. Houve um dano ao erário muito grande, e causou um prejuízo enorme para a cidade. Estamos nos desdobrando para ver o tamanho do rombo. Baixamos um decreto que não estamos mantendo nenhum contrato antigo. E revendo o que está acontecendo, o que é devido e o que não é devido, e como vamos fazer para pagar.
GR: O senhor pretende pedir auditoria nas contas da prefeitura?
Inho: Estamos revendo todos contratos. O próprio Ministério Público pediu uma sindicância para ver o porquê o município deixou tudo correr à revelia. Têm precatórios que nem o setor financeiro sabia que estavam parados na Procuradoria. Até o meio do ano teremos um ‘Raio-X’ sobre o que aconteceu.
GR: Existem contratos emergenciais que ainda estão em vigência?
Inho: Temos no serviço da saúde e na limpeza pública, mas não vamos mantê-los, não faremos mais cartas convites e nem contratos emergenciais. Temos de ter contratos definitivos nos dois segmentos.
GR: Na vez anterior, em 2016, quando o senhor pediu apuração nas contas da prefeitura, houve prisões. Agora, após o resultado de uma nova apuração, o senhor acredita que possa render outras prisões para os responsáveis?
Inho: Tem a questão do TCE, as ações propostas no Ministério Público, e quando começar a chegar a gente vai desenhando um cenário. Até agora eu não tenho notícia de que isso possa ocorrer.
GR: Qual o cenário deixado quando o senhor foi prefeito pela primeira vez e qual o cenário agora, quando voltou ao cargo?
Inho: Assumi em 2009 com uma dívida de 29% do orçamento municipal. Quando sai, em 2016, entreguei a prefeitura com uma dívida de 16,80%. Mas, em contrapartida, todos os prédios públicos funcionavam, todas as ruas estavam em condições de uso, e a frota renovada. A https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração pública caminhava a todo vapor, entreguei a prefeitura dessa forma. Fizemos o Pronto-Atendimento, o Centro de Referência da Mulher, Centro de Referência da Criança, reformas e ampliações de postos de saúde e do Centro de Especialidades médicas. Sem contas as escolas, que estavam bem estruturadas.
GR: E os recursos deixados naquela época?
Inho: Deixei mais de R$ 8 milhões em recursos no caixa da prefeitura. Obras prontas a serem entregues, convênios e contratos assinados. Eles não deram continuidade e estou, agora, retomando o que deixei em 2016, tendo a honra de resgatar o que estava perdido para poder colocar no papel novamente, e vou ter a honra de inaugurar o que eu deixei, isso é olhar pra frente. Mas a outra gestão deixou algumas coisas que já estou terminando. Diferente deles, se tiver recursos eu faço. O que a população pode esperar de mim é muito trabalho. Em dezembro, na transição de governo, nos dez últimos dias eu consegui mais recursos do que eles conseguiram em quatro anos. A população me retornou ao cargo por acreditar no trabalho e saber que Biritiba Mirim precisa ser reconstruída. Por exemplo, eu voltei ao Vale Verde, fui ver as ruas e fazer melhorias. Lá os moradores me disseram que eu tinha sido o último prefeito a ir no bairro, no segundo mandato.
GR: Apesar desses problemas, está movimentando bem a máquina https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistrativa?
Inho: Financeiramente temos que nos desdobrar e agir com controle. Dependemos única e exclusivamente dos repasses da União e do Estado e, nesse momento de crise, o negócio é enxugar a prefeitura. Tenho dez Secretarias a menos, deixei de nomear secretários e diretores, cortei horas extras. Com isso economizamos R$ 300 mil por mês. Não é uma economia para gastar, mas para honrar o pagamento dos funcionários públicos.
GR: O senhor está conseguindo executar obras novas na cidade?
Inho: Como falado antes, estou resgatando o que deixei em 2016, a pavimentação do Nirvana, o Parque Linear na entrada da cidade, e algumas obras de reforma e ampliação no Parque do Nirvana, que é uma região nobre. Também vamos retomar a obra da creche dos Eucaliptos, abandonada pela gestão passada. Estamos acertando a assinatura do convênio com o Estado para concluir a creche, que vai ter uma contrapartida da prefeitura.
GR: O Governo do Estado está ajudando a cidade nesse tempo de pandemia?
Inho: O Estado nos repassou R$ 258 mil, e com o recurso aumentamos mais seis leitos dentro do PA. Tirei toda a parte https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistrativa do prédio para conseguir ampliar os leitos, e foi muito válido para não gastar esses recursos extraordinários que foram utilizados em hospital de campanha.
GR: Por falar em saúde, apesar do tempo, ainda há comentários sobre o fechamento do hospital municipal, que ocorreu na sua gestão.
Inho: Todo o histórico do hospital não fechava a conta. Tinha média e alta complexidade, mas não fazia nada. O prédio era grande, mas só metade era usada, a outra estava em construção. Portanto, o fechamento foi a melhor alternativa. A ambulância que tínhamos colocava as vidas do motorista e paciente em risco. Fiz o Pronto-Atendimento, que recebeu todos equipamentos novos e a prefeitura conseguiu ambulâncias furgões que substituíram uma Ipanema e uma S10, as duas sem as mínimas condições de uso. Reformamos todas as unidades de saúde. Construí a unidade de saúde do Jardim dos Eucaliptos. Fizemos o convênio com o SAMU e conseguimos mantê-lo na cidade. Enfim, houve um grande avanço na saúde pública de Biritiba, e trouxemos programas como os agentes de saúde, entre outros. Porém, tudo o que conquistamos foi abandonado pela gestão que me sucedeu, perderam os convênios com o Estado e com a União, acabaram com tudo. Não teve nada mais no PA, tudo o que eles usaram nos quatro anos foi o que eu havia deixado.
GR: Também lhe acusaram de inaugurar a UBS do Castellano furtando energia elétrica.
Inho: Eu não inaugurei, fiz apenas a entrega do prédio. A https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração entrou com a ligação provisória, faltava apenas fazer a fossa asséptica, que depende de licença da Cetesb. Todos os equipamentos que eu deixei lá foram levados para outras unidades. Ainda estamos descobrindo onde está e para onde foi o patrimônio da cidade. Vamos dar continuidade e entregar funcionando a UBS do Castellano.
GR: Uma maternidade está nos projetos da sua https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração municipal?
Inho: Isso é uma discussão antiga, mas é para cidades acima de 50 mil habitantes.
GR: O sistema viário também necessita de melhorias para o escoamento da produção agrícola. A prefeitura está fazendo esse trabalho?
Inho: A boa notícia é que o Estado, por meio do DER, vai licitar obras em várias vicinais e a Estrada do Rio Acima e a Estrada do Sertãozinho já estão nesse pacote. Conseguimos isso com o apoio do deputado estadual André do Prado (PL). A Estrada do Sertãozinho escoa a produção para o Litoral e a Estrada do Rio Acima para São Paulo. Fizemos uma boa manutenção e eles entenderam a importância das obras.
GR: Prefeito, como está o relacionamento do senhor com a sua vice, a Câmara, o Estado e a União?
Inho: A Adriana Rufo é excelente, está sendo uma grande parceira, estamos alinhando bem os trabalhos. Na Câmara a relação é boa no geral, têm uns que pensam diferente, mas faz parte da democracia. E os vereadores também estão buscando recursos. O Estado nos ajuda por meio da atuação do deputado André do Prado, que atende a cidade, a mim e aos vereadores. No plano federal, temos o deputado Marcio Alvino (PL), que já nos encaminhou R$ 500 mil para reforma da Escola Sandra Regina e mais uma verba para a construção de uma escola no Jardim Takebe, ao lado da Creche Otávio. A região do Jardim Yoneda também vai ser contemplada com uma creche. Os deputados André do Prado e Marcio Alvino apoiam irrestritamente Biritiba Mirim, já encaminharam mais de R$ 10 milhões para a cidade, ajudaram na aquisição de uma ambulância para transporte de pacientes, um coletor de lixo e verbas para o custeio da saúde.
GR: E o relacionamento com o Valdemar Costa Neto, que é seu padrinho de casamento?
Inho: Muito bom, ele é a mais alta figura do PL, partido que é a principal base do governo federal e tem a terceira maior bancada da Câmara dos Deputados. Ele articulou a nomeação de Flávia Arruda para o cargo de Ministra da Secretaria de Governo da Presidência da República. O bom trânsito do Valdemar em Brasília é ótimo para Biritiba e toda a região.
GR: Como está a situação com a Sabesp?
Inho: Não temos contrato com a Sabesp e se não regularizar vamos procurar outra empresa para cuidar do saneamento.
GR: A criação do polo industrial ainda está nos planos da sua https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração?
Inho: O foco principal são as ações para evitar o avanço da Covid-19, organizar o Jurídico, o Financeiro e o Administrativo da cidade. O polo industrial necessita da conclusão do Plano Diretor da cidade, porque ele vai ser às margens da rodovia e precisamos disciplinar o uso e utilização do solo, que é pelo Plano. Mas o polo industrial é muito importante para a cidade.
GR: O aniversário vai passar em branco, mas qual seria a mensagem para Biritiba?
Inho: Mesmo com tudo que o município está passando, prédio públicos abandonados, sem frota municipal, o abandono da cidade e do patrimônio, vamos trabalhar para recuperar tudo. Não vamos perder a fé e não devemos jamais desanimar. Não é o momento de festa, de reuniões, de aglomerações. A pandemia ainda está aí, todos têm de ter consciência.
Inho se diz satisfeito com o trabalho da vice-prefeita, Adriana Rufo A parceria com os deputados Marcio Alvino (esq.) e André do Prado é fundamental para o governo de Inho
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