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“Nosso governo é de mudança, não de ruptura”, diz Felício Ramuth

À GAZETA, vice-governador falou, com exclusividade, sobre o início do mandato, privatização da Sabesp e atenção ao Alto Tietê

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Na segunda-feira (24), a equipe da GAZETA foi ao Palácio dos Bandeirantes para conversar com o vice-governador, Felício Ramuth (PSD), para falar sobre os primeiros quatro meses da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), privatização da Sabesp, projetos para a região do Alto Tietê e suas pretensões políticas.

Confira a entrevista exclusiva:

 

GAZETA: Vice-governador, estamos chegando no dia 1 de maio, que é exatamente quando completam 4 meses da posse. A gente fez uma entrevista no ano passado com o senhor, quando o senhor ainda era pré-candidato a governador de São Paulo e agora o senhor está aqui ocupando o cargo de vice. Eu queria falar um pouco sobre o que aconteceu de lá até aqui e como tem sido. O senhor pode fazer um balanço desses 4 primeiros meses?

FELÍCIO: Primeiro essa união com o Tarcísio. Quando eu tive essa oportunidade de unir os projetos, foi uma união programática e pragmática, onde a gente pôde juntar programas de governo e assim fizemos. A pessoa que estava desenhando o meu plano de governo, o Marcelo Branco, que aliás hoje é secretário, se uniu ao [Guilherme, secretário estadual de Projetos Estratégicos] Afif, que era do plano de governo do Tarcísio, e aí nós pudemos, ao longo da campanha, divulgar esse plano conjunto.

Demos o apoio à candidatura do então candidato Tarcísio e depois de eleitos temos essa oportunidade agora de estar apoiando o governador naquilo que ele julgue necessário. Para isso ele designou duas missões importantes: a presidência do Conselho de Desestatizações, que fala sobre privatizações, concessões e PPPs (Parcerias Público-Privadas), e a questão da região central da cidade conhecida como Cracolândia, ou o que a gente chama de Cenas Abertas de Uso. Então são duas missões importantes que envolvem várias secretarias e por isso que o governador me pediu esse apoio para que a gente pudesse implementar essas ações.

Os primeiros quatro meses têm sido de uma primeira transição que o governo passou, nunca havia uma transição porque faz 30 anos que é praticamente o mesmo grupo político no governo do estado. Então, ao mesmo tempo da transição, nós analisamos e avaliamos aquilo que é bom para o estado, porque o nosso governo é um governo de mudança, não de ruptura. Aliás, na campanha a gente já dizia “São Paulo pode mais”, a gente nunca usou “Construindo São Paulo”, “Reconstruindo São Paulo”, até porque é um estado pujante, a 21ª economia do mundo se fosse um país, e o que nós queremos é melhorar a prestação de serviços para aqueles velhos problemas, novas soluções, usar de criatividade, de gestão moderna, de boa política para mudar a vida das pessoas.

 

GAZETA: E falando da transição, o senhor mesmo disse que a primeira em praticamente 30 anos de governo. Como foi essa transição? A “casa” estava arrumada?

FELÍCIO: Então, a nossa característica é de não reclamar, mas nós identificamos uma série de problemas. O nosso foco não foi ficar divulgando, ficar expondo os problemas que encontramos, mas na verdade a identificação dos problemas foi importante para a gente planejar as mudanças justamente naquilo que precisava ser alterado.

Posso citar algumas coisas: grandes filas na saúde, problemas inclusive oncológicos, foi a primeira medida que o nosso secretário de Saúde tomou para os tratamentos oncológicos dentro do prazo de até 90 dias que se iniciam os tratamentos. Na segurança pública, todos os indicadores piorando, além das questões de https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração, como parte dessas foram divulgadas da Fundação Butantan, onde se encontrou problemas de gestão.

Então, nós analisamos os problemas com o viés de apresentar soluções e ver o que a gente poderia melhorar e não com o objetivo de ficar se queixando, lamentando ou usando isso de algum tipo de desculpa para não realizar o nosso trabalho. Essa é a característica do governador Tarcísio, é assim que o nosso time trabalha.

Vale lembrar também que pela primeira vez em 30 anos, é o primeiro grupo de secretários escolhidos sem que ao longo da campanha o governo fosse loteado. Não houve qualquer tipo de apoio em troca de espaço do governo. É claro que é natural que quem faz campanha junto, governe junto, mas sem espaços pré-definidos. Isso permitiu que o Tarcísio compusesse um grande time técnico e com habilidade política.

 

GAZETA: O senhor falou agora desse time técnico, e o próprio governador Tarcísio sempre usou essa característica até como uma plataforma de campanha. Você acha que essa questão de ser mais técnico tem ajudado na hora de “apagar incêndios”, como por exemplo no que aconteceu no litoral?

FELÍCIO: Acho que não. Eu falei governo técnico com habilidade política. No litoral o que nós vimos foi justamente o contrário. Foi, primeiro, um homem certo no lugar certo, que era o nosso governador acostumado com situações críticas. Então, ele é um homem que já esteve no Haiti, já morou na Amazônia, engenheiro e militar. Era a pessoa certa no lugar certo naquela tragédia que aconteceu, conseguiu coordenar as forças de segurança, mas ele teve sensibilidade política. É isso que fez toda a diferença, de mudar o gabinete para lá, de conversar “olho no olho” com as pessoas, de expor e entender.

Eu vi que viralizou inclusive uma conversa que ele teve com as pousadas. Tudo aquilo é um exercício político. Existem soluções técnicas, mas para mim é aquele exercício da boa política, que é o que nós defendemos. O que fez a diferença, na minha opinião, foi essa sensibilidade política e é o que vai fazer a diferença para o governador, qualidade técnica com sensibilidade política.

Não tem como você ser governador ou secretário de um Estado como São Paulo se não houver sensibilidade política. Agora, o que precisa ter também é qualidade técnica.

 

GAZETA: O senhor mesmo disse que um dos temas que está mais envolvido é justamente o do centro de São Paulo, principalmente a Cracolândia, que tem sido bastante debatido nos últimos tempos pela população, com saques a lojas, assaltos, pessoas sendo agredidas. Por que isso está acontecendo agora e o que pode ser feito?

FELÍCIO: É muito interessante a sua colocação, porque hoje em dia as redes sociais, as imagens, podem levar a uma imagem que não corresponde com a realidade. Para evitar que isso acontecesse agora, semanalmente, nós divulgamos todos os crimes que aconteceram na região central, próximo das Cenas Abertas de Uso.

Por exemplo, nesta última semana, que eu estou conversando com você, houve uma queda de 19% das ocorrências criminais na região central da cidade. É claro que quando a gente vê uma imagem de alguém, por exemplo, tendo a sua roupa arrancada enquanto é roubado, ou uma loja sendo saqueada, uma droga, isso nos leva a crer pela divulgação de que a situação no centro da cidade está piorando. Não é verdade.

Tanto que a gente vê algumas reações por parte dos criminosos. Aliás, ontem [domingo (23)] houve um roubo a uma loja de computadores, nós encontramos quatro bandidos e recuperamos aquilo que havia sido roubado, que estava dentro de bueiros em ruas das Cenas Abertas de Uso. Naquelas ruas protegidas pelos usuários. E ali não eram usuários, eram usuários e criminosos. E é isso que nós vamos ter que separar.

Então, primeiro ponto, os dados estão transparentes e abertos para a imprensa e qualquer um acessar, você consegue entrar no site do Estado e ver quantos furtos de celular tiveram na região central, comparar com a semana anterior, sem problema algum.

Não significa que os números são bons, eles precisam melhorar muito, mas significa que nós queremos a transparência para evitar situações como a que aconteceu daqueles saques, por exemplo, porque aquilo é uma reação do crime organizado às nossas ações corretas. Nunca se prendeu tanto, foi 35% a mais de presos na região central da cidade ao longo dos primeiros três meses do governo. Isso mostra que nós estamos no caminho certo.

Agora, reações virão. Talvez venham outras reações do crime organizado, mas não vamos esmorecer.

Então, vamos lá, resumindo: criamos o “Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas”, um prédio que a gente recebe os usuários e encaminha para tratamento, respeitando a singularidade de cada um, os CAPS, as comunidades terapêuticas, os grupos de mutua-ajuda, internação para desintoxicação. Tudo isso preparado para acolher esses moradores.

E, paralelo a isso, ações de segurança. O aumento da atividade delegada, implantação de 500 câmeras na região central. Nosso compromisso é, até o final de julho, implantar 500 câmeras com inteligência na região central da cidade. Ampliação do efetivo, operação na região central da PM. Isso tem feito já algum efeito.

Vou dar mais um exemplo para você: neste final de semana, nós tivemos um grande festival de música eletrônica lá, chamado Ultra. Mais de 30 mil pessoas, ao longo de dois, três dias, na região central. Nenhuma ocorrência.

Se tivesse uma ocorrência, um problema, às vezes, não diretamente relacionado à questão do evento, mas até pelo volume de pessoas, óbvio que era ela que ia aparecer. E não aquilo que não aconteceu, que foi qualquer tipo de problema com esse grande festival.

E é isso que nós temos que estimular. Nós temos que estimular a população de bem a usar o centro, mas também nós vamos fazer a nossa parte. Então vão vir as câmeras com inteligência e reconhecimento facial, o aumento do efetivo, o acolhimento para quem precisa, para os vulneráveis e vamos ser duros com o crime. Com o crime, nós só temos uma receita, ser duros.

Também tem uma outra questão. É comum as pessoas me abordarem, até porque eu tenho conversado com muita gente, para falar “Felício, mas todo mundo sabe que fica ali, os receptadores ficam ali, todo mundo já sabe quem são os receptadores”, e aí vem mais um fator. A polícia prende e o crime de receptação é um crime de baixo potencial ofensivo, ou seja, na audiência de custódia, 70% dos crimes de receptação são soltos. De acordo com a lei, tudo certo. Mas é óbvio que eles voltam para onde?! Para o mesmo lugar. Um dia depois que a polícia prende, lá estão os receptadores no mesmo lugar. Às vezes, receptadores que, cinco, seis, dez vezes, já foram pegos e levados à justiça.

Qual foi a nossa proposta, que está em estudo pelo Tribunal de Justiça em fase final de análise? A colocação de tornozeleira eletrônica naqueles criminosos, ainda que com crimes considerados leves, que possam sair de lá com uma tornozeleira eletrônica, inclusive evitando de voltar ao local, à região onde ele foi pego do crime.

Então também existe isso que está sendo trabalhado junto com o Tribunal de Justiça. São várias ações que acontecem concomitantemente para devolver o centro para o cidadão de bem, para o lojista, para quem quer fazer turismo e para os próprios moradores.

 

GAZETA: Outro ponto importante que tem sido muito caro ao senhor é a questão das desestatizações, e a bola da vez é a Sabesp, que é um assunto muito caro também para a região do Alto Rio Tietê. Em que passo está esse processo?

FELÍCIO: Vamos falar de alguns projetos que nós lançamos já de forma muito rápida. Nós temos 15 projetos de concessões e PPPs, e dois de privatizações. Então vou citar o do Rodoanel, muito importante, já foi feito o leilão e, em três anos, essa obra de 30 anos, que a população espera e também envolve ali a região, vai ficar pronta. Vai ter acesso àquelas estradas do Sul com muito mais rapidez, para quem vem ali do Alto Tietê também.

A segunda questão importante nas concessões é o trem Intercidades, ligando São Paulo a Campinas. Já publicamos o edital da PPP do trem Intercidades, que fará toda a diferença, que volta o transporte ferroviário de passageiros para o estado de São Paulo, que também é um grande benefício.

Estamos agora trabalhando nas PPPs da manutenção das unidades escolares. As escolas estaduais ficam em um estado ruim de manutenção e, às vezes, o diretor tem que ficar pensando em arrumar o telhado, arrumar o muro, vão deixar de fazer isso, porque vai ter uma PPP para fazer isso.

E depois, no caso, que são algumas que eu citei, também das travessias de balsa, nós temos a balsa de Bertioga, do Guarujá, do Litoral Norte, são oito travessias de balsa que serão concedidas também para a gente ter o melhor serviço. O Estado investe R$ 240 milhões por ano na travessia de balsa e tem problemas, ou seja, a gente pode fazer muito melhor nas travessias de balsa.

Por fim, no caso das privatizações, nós temos a EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), essa sim é a primeira que será privatizada, a EMAE e a Sabesp.

Mas a Sabesp, para ser privatizada, tem que cumprir dois requisitos. O primeiro é baixar a tarifa, o segundo é antecipar a universalização. O que é isso? É poder fazer com que, mais rapidamente, os municípios servidos pela Sabesp tenham a garantia do fornecimento de água e 100% de tratamento de esgoto.

A Sabesp tem muitas cidades que ela avançou muito e outras cidades que ela ficou muito aquém. Posso citar Guarulhos, por exemplo, uma cidade, ainda que o sistema não era da Sabesp, ela fornecia a água e vendia, teoricamente, a água para Guarulhos. Então ali a gente viu pouca evolução.

Ou no litoral, onde a gente tem pouca evolução do sistema de tratamento de esgoto. Ou em cidades de várias regiões do estado que têm insegurança jurídica. Então também com a Sabesp a gente pode garantir, não só a venda com mais eficiência da prestação de serviço, baixando a tarifa e garantir a despoluição do Tietê e Pinheiros.

Então, por que existe tanta resistência à ideia de desestatização da Sabesp? É natural, porque também passou a ser uma questão ideológica. Você percebe que hoje o governo federal é contra as desestatizações, sejam concessões, privatizações, eles não acham que este é o caminho. Então existe aí um esforço que é natural de sindicatos, dos grupos de oposição, contra uma ação como essa.

Nós defendemos, acho que isso vai ser um contraponto com o governo federal. Nós vamos mostrar que o estado vai ficar mais eficiente, vai prestar melhores serviços com as concessões e privatizações que fizermos, e infelizmente o governo federal, na minha opinião, pouco vai avançar em serviços como o do Correio, que precisavam ser mais eficientes e ao contrário.

Com os anos pode acabar sendo sucateado e acabar tendo um serviço ainda pior, o que vai perdendo o valor de mercado para esse serviço. Então é natural, a gente sabe que existem forças que são contra e a democracia é assim mesmo.

Nós temos que fazer e cumprir as etapas legais, fazer um trabalho de convencimento da sociedade, o que não pode ter é notícias falsas. “Ah não, vai privatizar a Sabesp, a tarifa vai aumentar”, isso não existe, a gente nem cogita essa hipótese. Nós só o faremos se a tarifa puder ser reduzida e não aumentada.

 

GAZETA: Tem alguma ideia de quando vai terminar esse processo?

FELÍCIO: Sim, o estudo demora um ano, portanto, ao longo deste ano, início do ano que vem.

O estudo da Sabesp foi contratado no IFC, que é uma instituição do Banco Mundial, e, após o estudo pronto, vamos fazer a análise e aí sim dar os próximos passos. Vale lembrar que ainda existem as cidades envolvidas, já que as cidades têm contratos com a Sabesp, tudo isso tem que ser conversado e negociado. Um grande exercício de diálogo acima de tudo.

 

GAZETA: Nós falamos sobre algumas ações, como a concessão do Rodoanel e a privatização da Sabesp, que impactam diretamente a população do Alto Tietê. Quais outras ações o governo tem pensado para a região?

FELÍCIO: São várias ações, mas eu gostaria de destacar a questão do transporte metropolitano. Eu acho que ela vai ter um grande avanço, porque nós temos já estudos em andamento.

Por exemplo, da linha 13, com a expansão da linha até o bairro de Bom Sucesso, em Guarulhos, foi iniciada a elaboração do anteprojeto, a previsão é que ele fique pronto no segundo semestre; a linha 14-Ônix, também com essa extensão; tem já os estudos da linha 11, que são obras de acessibilidade que já estão em fase de elaboração de projetos, lá nas estações de Mogi, Estudantes, Jundiapeba e Bras Cubas.

Também a gente tem a expansão da linha 2-Verde, também expansão da linha até Guarulhos.

Na linha Safira, obras de acessibilidade também, de R$ 34 milhões, lá em Itaquaquecetuba, para adequação de acessibilidade, o término da obra agora em junho de 2023, e depois 12 meses de operação assistida nas obras de revitalização, requalificação da acessibilidade plena da estação Engenheiro Manoel Feio, na linha 12.

Também as obras civis para adequação da estação Aracaré, em Itaquaquecetuba, R$ 49 milhões, o início agora em abril de 2023, com término em 2025, e mais 12 meses para adequação. Então, já tem a Ordem de Serviço, a Trail, a empresa vencedora.

Então, eu destacaria a questão do transporte metropolitano, mas claro, você falou sobre a questão também de saneamento, eu acho que obras de infraestrutura, a gente tem um acesso importante também, que está sendo estudado ali naquele distrito industrial do Taboão, em Mogi, com acesso a Carvalho Pinto, trabalho sendo realizado pela Artesp e a Ecopistas. O prazo do estudo é 12 meses, deve terminar em setembro de 2023, com um novo acesso que está previsto em aproximadamente R$ 80 milhões. Além dos 11 quilômetros da terceira faixa, ali da Ayrton Senna, que a gente vê a obra acontecendo também, então eu vejo aqui muitas ações.

Claro que também tem ali grandes problemas em relação à saúde, e que na reestruturação da saúde, com a possibilidade de um novo hospital assumir serviços regionais, então isso está sendo feito e estudado na regionalização dos serviços de saúde.

E, por fim, segurança pública, que é uma missão de todo o Estado e não será diferente lá. Pela primeira vez nós temos, depois de 30 anos onde sempre tivemos juiz ou promotor com o secretário de Segurança Pública, hoje nós temos um policial militar da rota, o [Guilherme] Derrite, e um policial civil como secretário executivo, que é o [Osvaldo] Nico, os dois homens de campo, o que já tem feito diferença na segurança pública do Estado.

 

GAZETA: Na nossa última entrevista, quando o senhor ainda se apresentava como pré-candidato ao governo, falamos sobre sua proposta de levar a tecnologia para a gestão estadual. O governador Tarcísio abraçou a ideia?

FELÍCIO: Começamos com as 500 câmeras com inteligência na região central e também as casas de São Sebastião. Hoje nós temos 517 casas de São Sebastião sendo construídas com uma nova metodologia, pela primeira vez o CDHU vai investir numa nova metodologia, que já está testada e aprovada por mais de 4, 5 anos, lá na região de Curitiba onde nós fomos visitar. Além disso, o novo sistema de monitoramento feito por satélite para identificar construções em áreas de risco e o sistema de alarmes novos que a Defesa Civil está implantando nas regiões de risco.

Aqui eu estou citando exemplos simples, mas a gente tem também a própria questão da “Muralha Paulista”, que é a implantação de câmeras também nas entradas e saídas dos municípios, começa na região do Vale do Paraíba, onde a agência metropolitana já tem contratado.

Todos os secretários têm essa missão de trazer inovação. Rapidamente a gente conseguiu também implementar o app nas escolas, junto com o app do 190.

Temos a desburocratização de várias questões junto à secretaria de Administração, como o GOVBR, que não tinha um convênio com o governo do estado. Antes, para você transferir um veículo, você precisava reconhecer firma no cartório, e hoje, em São Paulo, não precisa mais.

Tem também as multas estaduais com 40% de desconto, que foi adesão ao sistema que chama SNE (Sistema de Notificações Eletrônicas), onde qualquer pessoa com aplicativo, se tomar uma multa, pode pagar ela com 40% de desconto. Lembrando que o que tinha era 20%.  Tem também o convênio com o Cortex, que é o uso do banco de dados dos procurados em todo o Brasil, que o estado de São Paulo não tinha.

Esses três que eu citei, coincidentemente, são convênios que São José dos Campos tinha, como cidade, mas o estado não tinha e agora tem.

Estamos implantando agora um novo sistema de documentos eletrônicos, o SEI (Sistema Eletrônico de Informações), que as equipes estão em treinamento. É o novo sistema “sem papel”, que é mais avançado do que São Paulo tinha. Tudo isso em três meses, tempo recorde.

Lembrando que o Caio [Paes de Andrade], o secretário de Gestão e Governo Digital, foi o homem que implantou o GOVBR quando estava no governo federal, depois virou presidente da Petrobras e agora está aqui. Então muita inovação, desde que seja para melhorar a vida das pessoas, para facilitar o dia a dia. Vem muito mais pela frente.

 

GAZETA: Entrando no assunto de política. A gente falou sobre esses 30 anos em que o estado foi governado pelo PSDB e agora estamos vendo uma mudança até na lógica partidária. O senhor mesmo é um ex-tucano que mudou de partido, num movimento que a gente viu se repetindo em diversos casos nos últimos anos. Como o senhor vê essa queda do PSDB e o senhor acha que o grupo político de vocês chegou para ocupar esse lugar?

FELÍCIO: Primeiro, no finalzinho do primeiro mandato eu já falava sobre uma situação do PSDB. Eu venho lá de São José dos Campos, terra que fabrica avião e aí eu faço uma analogia com a queda do avião: um avião não cai por um único motivo, é uma sequência de erros. E o PSDB cometeu uma sequência de erros que eu vim alertando.

Falta de renovação, os candidatos eram sempre os mesmos, principalmente no governo de estado de São Paulo. Uma hora era [Geraldo, ex-governador e hoje vice-Presidente da República] Alckmin, outra hora era o [José, ex-governador] Serra, Alckmin, Serra, sempre os mesmos.

O partido não soube lidar com situações difíceis, como a questão do Aécio Neves, depois veio a questão da pandemia, da própria figura do Dória. Depois a vinda do Rodrigo Garcia, mais para rechaçar que o PSDB tivesse um candidato seu, natural. Depois as prévias, que foram um fracasso total, um fiasco do ponto de vista de organização e até de denúncias de corrupção.

Portanto, foi uma série de erros, o PSDB infelizmente colheu o que plantou. Então, é natural que isso acabasse acontecendo. A gente identificou isso com antecedência, eu vim alertando e fiz a minha migração antes mesmo desse péssimo resultado do PSDB nas urnas.

E aí vem novas forças se consolidando, o próprio PSD é uma força importante que vinha sendo construído com tranquilidade e com calma, que vai respeitar a sua história, mas claro que vai agregar novos talentos a esse grupo. O Republicanos, do governador Tarcísio de Freitas, o próprio PL, do presidente Jair Bolsonaro.

Então a gente percebe no estado de São Paulo uma migração já, não só de prefeitos reeleitos ou eleitos, que poderiam concorrer um segundo mandato, mas também de candidatos futuros buscando esse grupo que hoje dá sustentação ao governo, entre outros partidos. Tem o PSC também, mas a gente percebe esse crescimento mais forte, principalmente por parte do PSD, Republicanos e PL.

 

GAZETA: E qual o papel que o senhor desempenha, partidariamente falando, nesse crescimento do PSD?

FELÍCIO: Eu acho que o PSD começou dando o meu exemplo, quando eu saí ainda na campanha. Quando eu fui candidato, o PSD mostrou que valoriza novas pessoas, novos talentos, e eu fui muito bem recebido por todos do PSD, então isso já serve também de exemplo para aqueles que venham se filiar.

Começa o trabalho ali, que não é nem meu, mas é fruto daquilo que eu vivi e que eu posso transmitir para aqueles que têm pretensões de trocar de partido, para uma nova opção, para que a gente possa, de fato, continuar essa construção em relação ao estado. Então, o meu papel começou ali, como pré-candidato, depois como candidato a vice-governador, agora como vice-governador.

A nossa postura, a postura do PSD e de todos que estão aqui, posso dizer até pelos outros partidos da base, esses principalmente que eu citei, é uma postura muito diferente daquela que o PSDB adotava, do “é dando que se recebe”, faca no pescoço. O próprio PSDB perdeu, nas prévias, muitos prefeitos que foram quase que obrigados a migrar de partido para poder ter um benefício por parte do governo.

Nós vamos tratar republicanamente a todos, mas vamos praticar a boa política, a política do convencimento para atrair pessoas para o PSD e tornar o partido, sim, o maior do Estado de São Paulo.

 

GAZETA: Algumas semanas atrás, começaram a surgir notícias de que o acordo feito entre o PSD e o Republicanos no ano passado previa que a candidatura do governo à prefeitura de São Paulo em 2024 seria do partido do senhor, inclusive com o seu nome na urna. Essa informação procede?

FELÍCIO: Não, não existe nada em relação a isso, não houve qualquer tipo de acordo nesse sentido. Eu tenho uma missão a cumprir ao lado do Tarcísio por oito anos, se Deus quiser. Ele é jovem, tem 47 anos, eu vou estar aqui para ajudá-lo e apoiá-lo naquilo que for necessário. Não existe um plano nesse sentido.

A gente tem acompanhado e apoiado o trabalho do prefeito Ricardo Nunes e ao longo dos próximos meses é que vai se mostrar o caminho de viabilidade do próprio Ricardo Nunes e de outros candidatos, para que aí o Tarcísio, com o Republicanos, defina seu apoio e o PSD também defina o seu.

 

GAZETA: Então o senhor está dizendo que nunca foi ventilada essa ideia, nunca foi nem conversado sobre esse assunto?

FELÍCIO: Não, nunca foi ventilado e nunca foi conversado.

 

GAZETA: Para finalizar, gostaria que o senhor fizesse um balanço do trabalho do prefeito Ricardo Nunes, que tem uma baixa aprovação. O senhor acha que ele tem chances de ser reeleito?

FELÍCIO: Olha, eu acho que o Ricardo Nunes tem feito um grande esforço de mudanças em São Paulo. Ele hoje talvez seja mais conhecido pelas pessoas mais simples, mas ao longo dos próximos meses ele tem bons projetos e que podem, sim, fazer com que ele tenha total viabilidade ao longo dos próximos meses e, na campanha, poder levar para aquelas pessoas que ainda não o conhecem como ele age, como ele faz.

Ele tem aspectos parecidos conosco, ele não é muito de mídia, de ficar se expondo muito, mas tem trabalhado muito. Tenho acompanhado o trabalho na região central da cidade e o trabalho do Estado e Prefeitura nunca teve tão alinhado, porque também ele mesmo vê a importância de a gente poder mudar o centro da cidade, transformar o centro da cidade, devolver para as pessoas de bem.

Isso também, politicamente, vai ser positivo. É muito positivo do ponto de vista das pessoas e, claro, é natural que aquilo que faz bem para as pessoas reflita, eventualmente, no futuro, a uma eventual candidatura à reeleição do prefeito Ricardo Nunes.

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