Nas últimas semanas, a GAZETA iniciou uma série de reportagens sobre a atuação da Plena Saúde no Alto Tietê, uma vez que a empresa, além de oferecer planos de saúde particulares e empresariais, mantém contratos com o poder público, na região e em outras diversas cidades do estado. Depois dos relatos negativos recolhidos em Arujá, a reportagem direcionou-se a Mogi das Cruzes e, na unidade mogiana do hospital Dr Previna, ouviu queixas ainda mais contundentes.
Uma das histórias é a da professora Cristiane Carvalho Leite, 43, que havia fraturado o pé e não conseguiu atendimento de ortopedia na unidade de Itaquaquecetuba, onde mora e seu marido é servidor público. Ela conta que, na ocasião, dia 19 de fevereiro, foi à unidade de Mogi porque o médico que a atendeu disse que, chegando entre 13h30 e 17h30, ela seria atendida. Chegando lá, uma surpresa: ele não estava na unidade.
“O médico mandou eu vir aqui hoje, mas ele não está. Aí eu estou na dúvida se o outro ortopedista, se me atender, vai conhecer o meu caso, não sei o que ele vai falar. Eu preciso passar com o médico que me atendeu, é um acompanhamento.”
Em seguida, a reportagem ouviu os relatos de um casal, que não se identificou, revoltado com o descaso com que foram tratados. O marido deu entrada na unidade para fazer um procedimento cirúrgico no fígado e teve de esperar quatro dias para fazê-lo – sendo que era necessário no dia seguinte, segundo ele. Depois de operado, foi praticamente enxotado.
“Primeiramente, eu fiz todo os exames e procedimentos no hospital público e precisava ser operado no dia seguinte. Como eu tenho o convênio, vim para cá. Aqui, tive de esperar quatro dias para fazer a cirurgia, mas fiz. Depois de 24h de operado, me falaram que eu não poderia ficar no quarto porque ia gerar conta. Se é do convênio, como vai gerar conta? Mas de qualquer jeito, eu saí, e fiquei aqui em baixo [na recepção] esperando minha esposa vir me buscar”, contou.
Vinda da Zona Norte da capital, a mulher o encontrou dormindo na cadeira. Revoltada, ela desabafou: “Eu nunca precisei desse convênio, essa foi a primeira vez e foi péssimo”. Um dos motivos para que o casal pouco utilize o serviço é a dificuldade de acessá-los onde mora.
Ele, conveniado via empresa onde trabalha, seguirá utilizando os serviços; ela, por sua vez, já anunciou o cancelamento. “Os médicos são bons, mas o atendimento é péssimo, coisa feia. Não quero mais, a gente paga para ter um atendimento horrível”, desabafou.
SILÊNCIO – Procurada, a Plena Saúde não se posicionou em relação a nenhum dos casos a tempo do fechamento desta edição.
TENTATIVA DE INTIMIDAÇÃO – Enquanto exercia seu ofício, a equipe da GAZETA foi cercada por funcionários da Plena Saúde que, com celulares em riste filmando, tentara coagir entrevistadores e entrevistados. Mesmo estando na rua, a equipe do hospital insistia ser necessária uma autorização para estar ali. A reportagem não se absteve e continuou fazendo valer o direito à liberdade de expressão e de imprensa. E assim continuará.