Cambuci é nome de bairro da capital paulista, de pimenta e foi até de dupla sertaneja (Cambuci e Cambuizinho). Mas hoje trataremos do Cambuci fruta nativa da Mata Atlântica que quase desapareceu, esverdeada, em forma de disco voador e que ocorre nos estados de Minas Gerais e São Paulo, em áreas muito desmatadas e ameaçadas.
O Cambuci possui forte teor de vitamina C, mineirais e fibras e tem sido utilizado na indústria de alimentos e em menor escala na de cosméticos. Uma árvore de Cambuci pode produzir até 200 Kg de frutos por ano!
Pesquisas científicas são realizadas para aumentar o uso do cambuci, seu melhoramento genético e a sua inserção cada vez maior no mercado consumidor no Brasil e no exterior para alimentos, cosméticos e até indústria farmacêutica. Os principais produtos alimentícios do Cambuci são o suco, geléia, mousse, cachaça, licor e bolos.
Projetos Ecológicos e sociais tem sido realizados, como, por exemplo, o que o Instituto Auá criou em 2014 para incentivar o arranjo produtivo do Cambuci com produtores: o salto foi de 7 toneladas para 80 toneladas em 4 anos e de 10 produtores para 100! De acordo com a Associação Holística de Produção Comunitária Ecológica, no ano de 2014 a produção do Cambuci atingiu uma safra de 400 toneladas. Atualmente, mais de 150 produtores trabalham com Cambuci em municípios vizinhos da capital paulista, como Mogi das Cruzes, Rio Grande da Serra e Salesópolis. Há 15 anos foi criada a rota do Cambuci que inclui Mogi das Cruzes: festivais gastronômicos turísticos e culturais de resgate e sustentabilidade desse fruto nativo.
Que tal a produção do Cambuci em outros municípios do Alto Tietê, como Arujá e Santa Isabel, para geração de fonte de renda sustentável para produtores rurais e famílias socialmente vulneráveis? Precisamos adentrar a área da Economia Verde e isso é para ontem. O Cambuci é uma das muitas possibilidades.
Cleuton Lima Miranda. Professor, biólogo e pós-doutor em Biodiversidade e Conservação
