No início da tarde deste domingo (23), o ex-Deputado Federal Roberto Jefferson (PTB) se envolveu em um confronto com agentes da Polícia Federal que cumpriam mandado de prisão expedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A reação do petebista, que utilizou um fuzil e até granadas, deixou dois agentes feridos e teve uma repercussão mista no meio bolsonarista.
Nos últimos anos, Jefferson se tornou um dos principais aliados do Presidente Jair Bolsonaro (PL), encampando principalmente a luta do governo contra Ministros do STF, sendo Alexandre de Moraes seu maior alvo. Os ataques do ex-deputado foram escalando até que sua prisão foi decretada com a acusação de atentar contra o Estado Democrático de Direito.
A sentença, que estava sendo cumprida por prisão domiciliar, transformou Roberto Jefferson em um dos maiores mártires do campo bolsonarista, status este que agora está se voltando contra o próprio Bolsonaro.
Isso tem acontecido porque, após a repercussão do caso, Bolsonaro enviou o Ministro da Justiça, Anderson Torres, a Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro – onde mora Roberto Jefferson – para que fosse negociada a rendição do petebista, que ocorreu por volta das 19h. Logo em seguida, Bolsonaro veio a suas redes sociais onde publicou um vídeo chamando o ex-deputado de criminoso.
“O tratamento dispensado a quem atira em policial é o de bandido”, diz o Presidente na publicação.
– Prisão do criminoso Roberto Jefferson. pic.twitter.com/kWYq4GqRNp
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) October 23, 2022
O posicionamento vem tendo implicações dentro da própria campanha pela reeleição de Bolsonaro. De acordo com o que apurou o jornalista da GloboNews, Gerson Camarotti, os partidos do chamado Centrão que apoiam a reeleição do presidente acreditam que o episódio causou um “forte prejuízo” à campanha por afastar os votos indecisos, diagnóstico esse que pode ter sido o responsável pelo posicionamento de Bolsonaro.
No entanto, esse afastamento que Bolsonaro tenta promover da figura de Jefferson tem tido uma repercussão negativa entre aqueles apoiadores mais assíduos. A repórter do Canal Meio e apresentadora do podcast No Pé do Ouvido, Giullia Chechia Mazza, divulgou em suas redes sociais prints de grupos bolsonaristas no Telegram onde apoiadores expressam uma rara discordância com o presidente, o chamando inclusive de “arregão”.