Uma das poucas unanimidades nas áreas políticas e sociais é a afirmação de que é impossível pensar e pôr em prática qualquer política pública sem que haja uma base sólida de dados que explique a sua implementação. O motivo é muito simples: questões ideológicas são debatíveis, mas números, mesmo que espancados, são soberanos.
No Brasil, contudo, a ciência e os órgãos de estatísticas passaram por décadas de sucateamento, antes mesmo de terem tido qualquer valorização que os dessem gordura a ser queimada. O resultado prático está na clara defasagem de serviços públicos vista do Oiapoque ao Chuí.
No fim de junho deste ano, o IBGE lançou os primeiros resultados do Censo 2022 – o primeiro depois de 12 anos – e, junto dele, uma série de notícias sobre problemas na coleta de dados, como dificuldades para contratar recenseadores e uma alta taxa de não respostas, o que fez com que pipocasse uma série de contestações, inclusive das prefeituras do Alto Tietê.
Apesar de todos os pesares, os números do Censo são confiáveis, sua metodologia tem sido desenvolvida há 150 anos, no entanto é preocupante que a base numérica que dita os rumos do Brasil seja feita de modo que possa levantar qualquer dúvida sobre ela.
Essa semana o Instituto voltou ao centro do noticiário nacional por conta da mudança em sua presidência. Na disputa entre grupos políticos, venceu o economista petista Márcio Pochmann. Que essa dança das cadeiras represente novos rumos para a ciência brasileira; caso contrário, os dados rolam e os peões só andam para trás.