Em entrevista, o prefeito de Salesópolis, Vanderlon Gomes, falou sobre turismo e royalties
Por Lailson Nascimento / Foto: Bruno Arib
Na semana em que Salesópolis comemora 183 anos de fundação e 164 anos de emancipação, o prefeito Vanderlon Gomes (PL) falou sobre dois dos principais temas para o futuro do município: o turismo, que garantirá a retomada econômica da população, e os royalties pela produção de água, que poderão aumentar o orçamento público municipal.
Confira os principais trechos da entrevista:
Gazeta Regional (GR): Prefeito, nesse aniversário de 183 anos de fundação de Salesópolis, a cidade tem o que comemorar?
Vanderlon Gomes: Salesópolis tem muito a comemorar. Nós estamos vendo que o desenvolvimento está chegando ao nosso município, apesar da pandemia. Entre outros destaques, temos articulações que melhoraram o fluxo turístico do município, pois conseguimos reativar vários atrativos. Também estamos com um processo junto ao DAEE para aproveitar alguns pontos que hoje são cedidos para a prefeitura, mas em caráter precário. Considerando que o turismo é a saída para a retomada da economia, acreditamos que assim vamos combater o desemprego e melhorar a vida do nosso povo. Durante todo esse período em que estamos à frente da gestão, o nosso foco principal é o planejamento. Com as obras estruturantes que estão em andamento, queremos que a qualidade de vida melhore cada vez mais.
GR: Por falar em obras estruturantes, quantos quilômetros de asfalto o senhor já conseguiu entregar na cidade?
Vanderlon: Entre recapeamento e pavimentação, aproximadamente sete quilômetros de asfalto. Destaco a Vila Ademar, no bairro do Bragança, a Rua Sebastião Soares Leite, no Fartura, o Morro do Cruzeiro, o Morro da Barra e diversas ruas da área central e do Distrito dos Remédios, além de outros bairros. São diversas obras estruturantes.
GR: Voltando ao turismo, de que modo o senhor comprova o aumento do fluxo turístico na cidade?
Vanderlon: Segundo os dados oficiais, entre 2018 e 2019 houve um crescimento de 25% a 30% no fluxo turístico do município. Então, tivemos um número muito elevado, e isso é apontado por meio dos pontos turísticos da cidade, seja a Nascente do Rio Tietê, a Usina Hidrelétrica, e outros pontos que apontam esse número crescente. Nesse momento de pandemia, naturalmente tivemos uma queda em virtude de alguns empreendimentos do município estarem fechados. Mas, nós percebemos que a evolução do turismo está ocorrendo.
GR: E o que falta para a Estância Turística ‘deslanchar’?
Vanderlon: O que falta é o Governo do Estado cumprir com os seus compromissos legais firmados com o município. Nós tivemos, em todos os anos da minha gestão, o corte de recursos. Inclusive, em 2020, não houve nenhum tipo de repasse por parte do Estado para obras de infraestrutura turística. Hoje, com a nova diretoria da Aprecesp [Associação das Prefeituras das Cidades Estância do Estado de São Paulo], já há tratativas para que esses recursos possam vir de modo integral, inclusive com modalidade alterada, isto é, fundo a fundo. Assim, as obras terão mais velocidade. O recurso estando em poder das finanças municipais, naturalmente a velocidade da execução do serviço é maior.
GR: Mudando de assunto, a cidade continua em busca dos royalties como compensação pela produção de água para a Grande São Paulo?
Vanderlon: Sim, tanto que hoje (23) mesmo tivemos uma reunião com a FIPE, que elaborou estudos para o Condemat (Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê) e fez uma apresentação ao consórcio e à Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Nos foram apresentados os possíveis mecanismos para esse pagamento ambiental que tanto sonhamos. Ficou definido que o Condemat fará um cronograma de ações para que possamos entregar o projeto ao Governo do Estado.
GR: A expectativa é boa?
Vanderlon: Eu nunca fiquei tão esperançoso que irá dar certo como estamos agora. Agora temos um estudo técnico. Sem recursos, os gestores públicos não vão conseguir resolver o problema com esgoto jogado no rio, o problema do lixo, a falta de fiscalização de loteamentos irregulares, pesca predatória. Estamos com a esperança de que teremos boas notícias em breve. O problema está na questão financeira. Quando isso se resolver, muitas coisas vão melhorar na cidade.
GR: Há uma afirmativa no sentido de que Salesópolis seria ‘condenada’ pela questão ambiental. Como o senhor avalia isso?
Vanderlon: Tanto é verdade essa afirmação da população que o estudo da FIPE mostrou que Salesópolis, de 1960 até 2017, perdeu R$ 360 milhões devido à área protegida. Ou seja, um valor considerável para uma cidade pequena. Eu defendo que nós temos que proteger o meio ambiente, ter nossas reservas, os nossos mananciais. Só que, para isso, nós precisamos da compensação, porque para manter toda essa água, o ar, a mata, existe um custo. Ninguém faz nada de graça. Portanto, a gente entende que uma das questões da cidade não ter evoluído economicamente foi em virtude da Lei dos Mananciais.
GR: E quanto a cidade deveria receber de royalties, no seu entendimento?
Vanderlon: Se a gente comparar Salesópolis com cidades que recebem royalties de petróleo, o município merece receber de R$ 45 milhões a R$ 50 milhões por ano em compensação. Isso dobraria a arrecadação. A água é o bem maior para a vida, portanto, nós merecemos um olhar mais atento.