Na última semana, o Brasil se viu estarrecido – pela primeira vez, diga-se de passagem – com a situação de calamidade pública vivida pelos indígenas nas terras Yanomamis. As imagens de adultos e crianças em estados graves de desnutrição e doença são, no entanto, retratos de uma guerra travada há 500 anos, pela qual o Brasil, enquanto nação, tem uma dívida histórica a ser paga imediatamente, enquanto houver tempo.
Claro que isso não exime o governo de Jair Bolsonaro da culpa sobre o ponto que chegamos atualmente. Foram quatro anos em que o país foi comandado por um homem que expressa aberta e indiscriminadamente seu apoio a grileiros e garimpeiros ilegais, além da inveja que tem da “competência” da cavalaria norte-americana, que “dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país”.
Como todo invejoso, claro, Bolsonaro quis igualar o feito, acrescentando o crime de genocídio à lista de motivos pelos quais deveria estar preso.
É preciso, no entanto, diferenciar a culpa, individual, da responsabilidade, coletiva. Prender Bolsonaro e sua gangue não adiantará nada se no dia seguinte o descaso e a morte seguirem como regras.
A luta pela dignidade dos povos originários brasileiros é um imperativo para a manutenção de toda vida humana como conhecemos. Pelos direitos humanos, a manutenção da Amazônia de pé, por Galdino, Juruna, Raoni, Krenak, Ajuricaba e todo sangue vermelho derramado desde a invasão de 1500, Brasil, chegou a vez do país que não está no retrato.