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Raquel Rondon cita Sobral Pinto: “A advocacia não é profissão de covardes”

Motivada pela frase do “senhor Justiça”, que assombrou ditadores, a profissional de Direito segue o seu ofício: o de defender

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A advogada Raquel Rondon, 32 anos e oito de profissão, é a nossa entrevistada para falar do Dia dos Advogados, e com escusas ao tradicional machismo e parabenizando a evolução também Dia das Advogadas, que é celebrado em 11 de agosto.

Ela é formada pela UNIP (Universidade Paulista) de São José do Rio Preto, pós-graduada em Direito Civil e Empresarial pela Faculdade Damásio e tem especialização em Responsabilidade Civil pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Não esconde que fez o curso de Direito por meio de bolsa integral do PROUNI. A “confissão” já soa como um estímulo a que têm de perseguir o futuro profissional com o que tiver em mãos e o tamanho do sonho que tiver na cabeça, concretizá-los depende de esforços e “espelhos”.

A forma como a “tia Patrícia Barros” exercia a advocacia despertou a admiração da sobrinha. A admiração do trato da tia com o Direito virou profissão. E acompanhando a habilidade do Dr. José Luis Polezi de como ele exerce com conhecimento pleno os ditames do ofício passou a se espelhar no advogado, que foi o seu primeiro chefe. Bons profissionais precisam ter boas bases para edificar o seu próprio sucesso: a tia Patrícia e o Dr. Polezi podem se orgulhar muito da Dra. Raquel Rondon.

Ela continua vislumbrando projetos realizáveis, entre eles ter um grande escritório para atender problemas em todas as áreas, não só em Direito Cível. Enquanto o outro sonho não se concretiza, a advogada vai batalhando com o que tem em mãos, na cabeça e no idealismo, em seu modesto escritório em Brás Cubas, Mogi das Cruzes, onde é fortemente ajudada com as colaborações da assistente Jurídico, Amanda Santos e a estagiária de Direito, Camila Souza. O seu escritório traz a essência de sua profissão, foi por causa das causas que escolheu viver Direito.

GAZETA – Na sua visão, qual o papel dos profissionais do direito na manutenção da democracia?

Raquel Rondon – Exercer o Direito em nossa sociedade é absolutamente essencial, uma vez que o Estado Democrático de Direito se exerce através dos direitos fundamentais e sociais dos indivíduos enquanto nação, e havendo violação desses direitos é através dos advogados que eles serão cobrados com o intuito de promover o que é justo e assim efetivar, ainda que utópica, uma paz social e a ordem na sociedade, sendo assim evoluindo e progredindo, afinal, o advogado é essencial para a https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração da Justiça.

GAZETA – Na profissão também existe o sexismo, ou seja: dão preferência à contratação mais a advogados do que a advogadas?

Raquel Rondon – É penoso. Acredito tanto quanto em outras profissões, o patriarcado existente no Brasil é ostensivo e, portanto, só com políticas públicas de prevenção, repressão e  sobretudo de promoção que tenham como finalidade formar cidadãos que valorizem cada vez mais a ética e a moral, é que podemos caminhar vislumbrando uma melhora significativa nesse contexto. No mais, acredito que todas as profissões estão sujeitas a passar por esse problema, cabe a nós profissionais do direito, buscar sempre por uma solução ética e que tenha respaldo em lei para promover o que é justo. Creio que a educação dentro de casa, quando os pais ensinam que suas filhas nunca devem se calar e quando necessário falarem um pouco mais alto, fará um futuro melhor do que este presente que já estamos mudando.

GAZETA – Nesses oito anos de profissão, qual o caso você elenca como o mais impactante e que tenha exigido o máximo de você física e psicologicamente?

Raquel Rondon – O caso mais impactante que, inclusive, fomentou meu instinto por lutar pelos direitos dos meus semelhantes, na verdade, aconteceu enquanto eu era estagiária da Defensoria Pública do Estado de São Paulo em 2013, antes mesmo da aprovação na OAB. A Defensoria me oportunizou aprender como atender o público, ouvir e tomar para mim a dor daquele que precisa do Judiciário. Era sexta-feira e me lembro bem da dona Eva na minha frente. Chorando, me pediu ajuda para tirar o filho da cadeia. Pois, ele havia sido preso acusado de roubo no dia anterior, foi preso em casa. Porque alguns vizinhos disseram que ele usava as roupas da mesma cor de um suspeito do assalto a um mercadinho do bairro. O boletim de ocorrência lavrado por roubo, sem provas, ensejou a prisão do rapaz de 18 anos, logo que ele chegou em casa do serviço, sob a argumentação do flagrante. Emocionada, pedi ao Defensor Público ao qual era subordinada e ele me questionou: “Você acredita na inocência dele?”. Afirmei categoricamente que sim, afinal não havia prova alguma de que havia sido ele. No mesmo momento, o Defensor me orientou a redigir um pedido de liberdade provisória, que despacharia com a magistrada da vara criminal. Lutei com o maior afinco que podia, reuni todos os documentos necessários, tudo em nome da dor que eu pude sentir através daquela mãe. No mesmo dia, por volta das 22 horas, recebi um telefonema da dona Eva (até hoje não sei como ela conseguiu meu telefone), que aos gritos me dizia: “Doutora, muito obrigada! A senhora soltou meu filho, eu estou indo buscá-lo”. Nesse dia, eu chorei muito e descobri que tinha escolhido a profissão certa. Alguns dias depois, seu filho foi me conhecer e agradeceu por tudo que eu havia feito por sua mãe. Anos depois eu soube que ele havia sido inocentado.

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