Em 1973 o Brasil se chocou com o caso de Araceli Crespo, 8 anos, que foi sequestrada, estuprada, torturada e assassinada em Vitória, no Espírito Santo. O caso ficou tão conhecido que o dia de seu desaparecimento, 18 de maio, ficou canonizado como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
50 anos depois, no entanto, casos como o de Araceli não arrefeceram. Muito pelo contrário, como mostram os números.
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública, só no estado de São Paulo, o número de casos registrados de estupro de vulnerável costuma ser, em média, mais de três vezes maior que os contra adultos, que já são altos. Espanta ainda mais pensar na estimativa que apenas 10% dos casos são registrados.
O enfrentamento a essa questão é complexo, principalmente quando entendemos que a maior parte dos casos não são como o de Araceli, que foi vitimada por estranhos, e sim cometidos por pessoas conhecidas da vítima. 76% dos casos ocorrem dentro de casa.
Maior atenção da família às relações das crianças e adolescentes é necessário, porém os números estratosféricos mostram a necessidade de políticas públicas acerca do tema. É preciso deixar de lado o preconceito com a famigerada educação sexual.
É compreensível que pais e mães conservadores tenham receio do termo, mas há de se ter a compreensão que o único modo de proteger nossos filhos e prevenir agressões é os ensinando os limites que não podem ser cruzados. Não é o reacionarismo barato que salvará vidas, são as escolas.