Pouco mais de seis meses à frente da Secretaria Estadual de Turismo e Lazer de São Paulo, o ex-deputado federal Roberto de Lucena recebeu a equipe da GAZETA para uma entrevista exclusiva. Na ocasião, o titular da Pasta de Turismo elogiou a visão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em relação ao setor e antecipou que o Alto Tietê poderá ganhar mais uma Estância Turística no próximo ranqueamento que define a divisão entre Estâncias e MITs (Municípios de Interesse Turístico). Confira:
GAZETA: O que já avançou no Turismo?
Roberto de Lucena: Bom, o que é o turismo de São Paulo hoje? Nós estamos falando de uma atividade que é uma indústria, a indústria do Turismo, que ativa 52 setores da economia diretamente, indiretamente ativa mais de 500 setores da economia, e representa 8% do PIB do Estado.
Estamos falando de uma movimentação financeira de aproximadamente R$ 240 bilhões, e neste ano de 2023 deve crescer quase 8%. O turismo gera, em São Paulo, 2,3 milhões de empregos diretos e indiretos, e nós devemos fechar o ano com 80 mil novos postos de trabalho criados pelo turismo.
O turismo é a bola da vez, é o novo petróleo, e o governador Tarcísio de Freitas, entendendo isso, nos deu liberdade para desenvolvermos o plano de ação alinhado com o plano de governo que ele submeteu à sociedade quando discutiu turismo no processo eleitoral e determinou que nós, sobretudo, estivéssemos trabalhando na interiorização do turismo, na descentralização do turismo.
GAZETA: Como o trabalho vem ocorrendo?
Lucena: Nesse período de seis meses nós trabalhamos o desenvolvimento de alguns programas que são estruturantes para o turismo.
Primeiro, um programa de crédito que o governador Tarcísio de Freitas deverá anunciar nas próximas semanas, e será o maior programa de crédito turístico do Brasil. Sem dúvida nenhuma, será um eixo de indução para o turismo de São Paulo, porque são quase R$ 4 bilhões em crédito, tanto para os municípios quanto para a iniciativa privada.
O financiamento possui uma cesta com diversos produtos. Dentro dessa cesta existem produtos sob medida para cada uma das necessidades. Então, não apenas para infraestrutura turística, mas para atividades de promoção, contratação de planos, enfim, tudo poderá ser feito por meio do nosso programa de crédito.
Nós também estamos trabalhando outro eixo, que é a formação. Uma demanda histórica e uma crise crônica que nós temos no turismo, que é a falta de profissionais qualificados, capacitados. Com isso, nós estaremos entregando um projeto ao governador para que, validado, São Paulo possa ter um programa de formação para o turismo, de graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado, cursos técnicos, enfim, qualificação e capacitação.
E nesses primeiros seis meses tivemos um recorde de repasse de recursos do DADETur, pelo qual o Governo do Estado repassa recursos para municípios turísticos, para o apoio da atividade turística, sendo que grande parte desses recursos é utilizada para a infraestrutura turística. Nós repassamos mais de R$ 150 milhões, inauguramos 42 obras e temos, agora, para o segundo semestre, a perspectiva de entregarmos, pelo menos, mais umas 100 obras.
GAZETA: Como a Pasta de Turismo enxerga o Alto Tietê?
Lucena: No Alto Tietê, todos concordamos com o fato de que precisamos ter um plano regional de desenvolvimento do turismo. Cada município tem o seu plano, mas nós temos que pensar regionalmente, porque as soluções para os complexos, para os desafios que nós temos nesse momento, são soluções regionais. E no turismo também faz sentido quando se pensa em investimentos regionais, quando se pensa em atividades regionais, em atração, indução de investimentos, inclusive da iniciativa privada. Então, é uma região virtuosa, com três MITs e uma Estância, mas temos muita chance de, no próximo ranqueamento, ganharmos pelo menos mais uma Estância Turística.
GAZETA: Qual seria essa próxima Estância no Alto Tietê?
Lucena: (Silêncio …) Será um dos municípios do Alto Tietê (risos). Então, nós temos muita chance de termos mais uma Estância. E Poá está lutando também para tentar se reabilitar e recuperar o título de Estância. Nós estamos nos colocando à disposição para darmos todo o apoio ao município, para que o município se qualifique.
GAZETA: Para que tudo isso ocorra, é preciso fazer um novo ranqueamento de Estâncias e MITs …
Lucena: Nós pretendemos antecipar o ranqueamento de abril do próximo ano para novembro ou dezembro desse ano. Então, que o município se qualifique e se prepare para enfrentar o ranqueamento. Estamos enviando para o gabinete do governador uma proposta, uma sugestão. Naturalmente, ele vai avaliar e, se validar, vamos discuti-la com a Assembleia Legislativa.
GAZETA: Com relação ao plano regional, o Condemat vai se mobilizar?
Lucena: Não será o Condemat, nós estamos viabilizando para que a Secretaria de Turismo contrate o plano. Então, assim que tivermos o orçamento totalmente liberado, nós devemos fazer a contratação.
O Alto Tietê é uma das nossas prioridades. Mas precisamos que o Alto Tietê se converse, se fale, e que os nossos atrativos, que os nossos ativos turísticos, eles sejam trabalhados de maneira regional.
Por exemplo, nós temos uma reserva de Mata Atlântica importante, isso é um ativo. Nós temos represa, isso é um ativo. Nós temos ambientes naturais para o desenvolvimento de trilhas, o desenvolvimento de turismo de aventura, turismo ecológico, observação de aves.
Eu vejo que a região está muito bem, mas nós precisamos organizar essas ofertas, e isso a gente faz pensando regionalmente.
GAZETA: O senhor está mais à vontade nessa segunda passagem pelo Turismo?
Lucena: Em 2015, 2016, ou seja, na minha primeira passagem pela Secretaria de Turismo, o meu foco era a implantação dos MITs, porque eu entendia que esse Município de Interesse Turístico iria promover uma oxigenação no estado, iria induzir os municípios a se qualificarem para o turismo, o que se confirmou.
Nesta segunda passagem, uma vantagem que eu tenho, que me deixa muito confortável, é o fato de que o governador Tarcísio de Freitas tem compromisso com o turismo, ele tem compromisso com a geração de emprego, compromisso com a geração de renda, compromisso com o bem-estar, por isso ele entende o turismo na condição de indústria, de geradora de emprego, de renda, e ele dá todo o apoio às condições necessárias para que a gente possa desenvolver o trabalho.
E ao seu lado, nós temos uma primeira-dama que vem do turismo: Cristiane de Freitas, que trabalhou na Embratur e entende o turismo, e como ela entende o turismo na pauta econômica, ela entende o turismo como turismo. Nós temos uma grande aliada.
Então, eu estou muito otimista, e tudo aquilo que está sendo engendrado, elaborado, vai propiciar um 2024 muito virtuoso para o turismo no estado de São Paulo.