A Páscoa vai muito além dos ovos de chocolate. É um símbolo universal de renascimento, superação e esperança. E para quem empreende no Brasil, talvez não exista metáfora mais poderosa do que essa: a jornada empreendedora é uma Páscoa contínua — onde morremos para o medo, atravessamos o silêncio da dúvida e renascemos com a força da reinvenção.
Toda empresa, todo projeto, todo sonho passam por sua Sexta-feira da Paixão: aquele momento em que tudo parece desmoronar. A crise bate à porta, o caixa seca, os clientes somem, os sócios discordam, e o fardo parece grande demais. É o dia da dor. Do fim anunciado. Neste dia, até alguns amigos somem — e outros, mesmo podendo ajudar, simplesmente cruzam os braços.
A dor e a falta de esperança ao longo da crucificação são indescritíveis. Somente quem está carregando a cruz, sob os açoites de seus próprios “Pôncios Pilatos”, sabe o quão doloroso é caminhar pela cidade apanhando. Neste momento, lembramos de Judas, que nos deu o beijo da morte. Mas carregar essa lembrança só torna a cruz mais pesada.
Depois vem o Sábado do Silêncio — a fase da espera. Nada acontece. As respostas não chegam. É o tempo da introspecção, de repensar estratégias, de rever escolhas. O empreendedor, assim como no texto bíblico, precisa ter fé de que o silêncio não é abandono — é preparação.
E então, para quem persiste, chega o Domingo da Ressurreição. Um novo cliente aparece. Uma ideia diferente surge. Uma parceria se forma. A luz volta aos olhos. O que parecia morto, revive. Não porque o milagre caiu do céu, mas porque o empreendedor não desistiu de cavar — mesmo no escuro.
Empreender é isso: cair e levantar. Errar e aprender. Morrer para o velho e renascer para o novo. A Páscoa nos lembra que nenhuma dor é definitiva, que toda escuridão tem fim, e que há sempre uma nova chance — desde que você esteja disposto a continuar. E sim, é difícil continuar: sangrando, com sede, ferido, esquecido e com pregos nas mãos.
Cristo se sacrificou por nós. E nós, estamos fazendo esse mesmo sacrifício por nós?
Neste momento de reflexão e renovação, que a coragem de empreender renasça em cada um de nós. Porque, no fim das contas, empreender é ressuscitar todos os dias.
A diferença entre um empreendedor e Cristo? É que Ele se ofereceu em sacrifício por todos nós. E nós precisamos, todos os dias, nos oferecer em sacrifício por nossos próprios objetivos.