No final do mês de outubro, o prefeito de Mogi das Cruzes, Caio Cunha (PODE), anunciou uma “dança das cadeiras” em seu secretariado, em que o vereador mais longevo da Câmara mogiana, Pedro Komura (PSDB), deixaria seu cargo para assumir a secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação. Com a mudança, a cadeira de Komura no parlamento passou a ser ocupada por seu suplente, Gustavo Siqueira (PSDB), que tomou posse na última semana.
Gustavo é conhecido por ser neto de Ivan Siqueira, umas das figuras mais importantes da história da política mogiana tendo exercido o mandato de vereador por oito vezes consecutivas, recorde coincidentemente quebrado por Pedro Komura. O vereador recém empossado também tem larga experiência no serviço público, tendo ocupado cargos importantes, como o de Diretor de Limpeza Pública na atual gestão.
A GAZETA então realizou uma entrevista para saber quais são os planos dele para os próximos dois anos de mandato parlamentar. Confira:
GAZETA: Em primeiro lugar, quem é Gustavo Siqueira?
GUSTAVO SIQUEIRA: O Gustavo Siqueira começa sua trajetória lá atrás, acompanhando o ex-vereador Ivan Siqueira, meu avô, e aprendendo um pouco sobre as políticas públicas e também os afazeres tanto do legislativo quanto do executivo. Tive oportunidades de trabalhar em campanhas com o meu avô e, posteriormente a isso, eu tive a oportunidade de ver a política de perto e conhecer os políticos através do ex-prefeito Junji Abe, que foi quando ingressei na prefeitura municipal.
Fiz um bom trabalho como funcionário público naquela época, tive a oportunidade de trabalhar em três departamentos diferentes, só que dois departamentos específicos foram onde eu consegui entender a https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração pública. Um foi o PAC (Pronto Atendimento ao Cidadão), onde eu pude conhecer toda a parte burocrática da prefeitura, como os setores de IPTU, ISS, Trânsito, Semae, e, por um outro lado, quando eu assumi a Diretoria de Limpeza Pública na Secretaria que hoje é chamada de Infraestrutura, mas naquela época era de Serviços Urbanos, onde eu consegui enxergar o desenvolvimento, na prática, do que a prefeitura fazia na rua, como as máquinas, resíduo na rua, tapa-buraco.
Consegui me moldar nessa fase e, numa fase anterior, eu fiz a assessoria do Junji como Deputado Federal, então consegui entender um pouco também o que é o cenário federal, lá em Brasília. Então essa bagagem, para mim, eu costumo dizer que foi um aprendizado que muitas vezes uma faculdade de Políticas Públicas não dá. Ela é importante sim, para formar o jovem e colocar em pauta o que está acontecendo na política atualmente.
Muitos jovens hoje em dia, de 14, 15, 16 anos, que já vão votar na próxima eleição, não sabem o que é uma Câmara Municipal, uma Prefeitura, como é esse trabalho, tem muita confusão entre os cargos políticos, acham muito que o Senador é igual ao Deputado, que o Poder Judiciário está junto, então o que falta hoje e eu vejo que falta para esse jovem de hoje é realmente essa educação, não política nem eleitoral, mas cívica. Eu, graças a Deus, tive a oportunidade de ter essa educação cívica por ter vindo de uma família de políticos e eu segui isso.
Então o Gustavo é um homem de 39 anos, que passou e viu as dores do Executivo, e hoje está se apresentando como Vereador, no Legislativo. Então, com isso, eu consegui ter um parâmetro do que é a urgência não só de um vereador, mas da população, em um pedido para a Prefeitura Municipal e a execução, e a urgência também, na devolutiva desse processo ou desse projeto para a Câmara Municipal.
GAZETA: A sua chegada agora na Câmara representa também o retorno da família Siqueira para o Legislativo mogiano. Gostaria que o senhor falasse também sobre como é carregar o legado do seu avô, dizendo em como você se assemelha a ele e como se difere.
GUSTAVO SIQUEIRA: Na atual conjuntura, com a internet, o novo modelo e a nova mensagem, de comunicação, os pedidos, solicitações ou qualquer assunto que você vá discutir, a internet é um filtro muito rápido e a semelhança que eu enxergo entre eu e meu avô é realmente na parte estratégica de comunicação entre os vereadores e o que está acontecendo na cidade de Mogi das Cruzes, muitas vezes também em demonstrar o que o executivo está fazendo, então isso, com a internet, não pode ficar escondido.
Hoje a gente tem aí um pacote de R$ 200 milhões em asfalto que chegou e já foi até anunciado pelo prefeito Caio, já começaram inclusive as obras na Avenida Japão, tem que ser explorada. O último que teve a grandeza de fazer um projeto igual a esse foi ainda no governo Valdemar com o projeto Cura, então isso tem que ser explorado.
Duas grandes vitórias também, e a gente acredita que com a posse do novo governador, Tarcísio de Freitas, isso não vai parar, estão na Estrada da Volta Fria, que há muitos anos é pedido o asfalto, e na Estrada de Sabaúna, que vai levar para Sabaúna o que hoje tem em Luis Carlos, em Guararema, uma central de cultura, uma central de entretenimento, que Luis Carlos já tem, e, com o tempo, pode ser que isso tenha um fomento na parte de shows e eventos para Sabaúna. Estão sendo realizadas muitas coisas na cidade de Mogi que a gente tem que dar o mérito e que precisam seguir, isso não pode parar.
Existe situação e oposição, isso sempre vai existir, mas eu costumo dizer que a gente não pode ficar – e isso a gente viu nessas eleições que passaram – no centro, a gente tem que ter um lado. Pela análise que eu fiz, e acompanhei muitos analistas políticos, nessa eleição quem ficou no centro não teve êxito, a esquerda estava muito forte, a direita estava muito forte e o centro ficou uma bandeira vazia, sem projeto, sem rumo, sem uma estrada para seguir.
Entre eu e meu avô, o que se assemelha é o lado de organização e o lado estratégico para poder levar o que está acontecendo no Executivo, trazer para a Câmara e, aqui em conjunto, a gente tentar até aprimorar projetos da prefeitura municipal. O que difere é que o meu avô era um político muito aguerrido nas palavras, era um excelente orador, mas hoje a gente tem que conter as palavras, muitas vezes até engolir os nossos sentimentos porque a internet está aqui para julgar e muitas vezes esse julgamento não ocorre da maneira como deveria ocorrer.
Eu acredito que, se meu avô tivesse vivo e fosse esse político, com o vigor que ele agia no passado, ele seria muito prejudicado pelas palavras na questão de mídias sociais.
GAZETA: O senhor falou bastante sobre questões de infraestrutura, o órgão do qual o senhor fazia parte integrava a Secretaria de Infraestrutura Urbana. Então, nesses dois anos que faltam de mandato e eventuais quatro anos que possam seguir, pode-se dizer que sua atuação estará voltada para essa temática?
GUSTAVO SIQUEIRA: Exatamente. Eu entendo que a zeladoria dos bairros é muito importante, uma cidade pode até não ter dinheiro em caixa, mas se ela manter a zeladoria da cidade, a limpeza dos bairros, a coleta de lixo funcionando, o sistema de drenagem funcionando, com uma fiscalização apurada em cima do descarte irregular, um aterro sanitário ou um transbordo trabalhando, funcionando legal, as vias limpas, os pontos de ônibus bem cuidados, etc, ela consegue apresentar para a população uma tranquilidade para se viver.
Hoje eu estou focado realmente na zeladoria de bairros, e em entender do munícipe o que acontece e tentar reduzir o máximo possível aquela reclamação que vai ser corriqueira. O buraco sempre vai abrir, o mato sempre vai crescer, não tem jeito, mas o que eu quero é tentar diminuir o prazo no máximo.
Tem um projeto, que vai ser lançado agora em 2023, elaborado entre eu, ainda na secretaria de Infraestrutura, e o secretário Alessandro Silveira, com os funcionários da secretaria, que consiste em unificar o cata-tranqueira junto com o mutirão de zeladoria.
E por que essa unificação?! Justamente para chegar num bairro e poder apresentar vários serviços para a comunidade e, em cima desses serviços apresentados, a gente poder diminuir ao máximo o número de ouvidorias daquele bairro, de pedidos de vereadores, e ter uma previsão de retorno. Então tem aí um retorno de três vezes em cada bairro de Mogi das Cruzes no ano de 2023 não só com o mutirão de zeladoria, mas também com o cata-tranqueira. Eu acho que isso vai ser muito importante e vai ter um impacto de zeladoria nos bairros.
Em relação ao secretário Alessandro, foi muito bacana ter projetado isso com ele e vai ser muito bacana eu, como vereador, poder acompanhar se esse projeto realmente vai ser um sucesso.
GAZETA: Então o senhor acha que, estando na Câmara, vai poder potencializar essa atuação na infraestrutura e na zeladoria urbana?
GUSTAVO SIQUEIRA: Exatamente, potencializar o que já tem sido feito. A divulgação de um mutirão para um bairro, ou para um setor específico da cidade, não vai ser mais só aquilo “olha, vai ter lá a capinação daquele córrego”, vai ter a capinação do córrego, a pintura de solo, o tapa-buraco, desobstrução da boca-de-lobo, o cata-tranqueira, a manutenção das praças públicas. Então realmente vai estar mostrando que a máquina pública está chegando com força naquele bairro e ela vai estar tendo um retorno com data, o que não acontecia no passado, eles faziam o mutirão, mas não tinha uma previsão de retorno.
O dia que vocês tiverem a oportunidade de fazer uma entrevista com o secretário Alessandro e ele apresentar esse projeto do Mutirão 2023, ele vai mostrar que até os processos de vereadores e ouvidorias que chegam na secretaria de infraestrutura hoje, eles já tem uma previsão de data fixa que já pode ser dado o retorno para o vereador e enviar de volta essa ouvidoria para a prefeitura. Então você já baixa a demanda com o compromisso de que a gente vai atender aquele bairro.
GAZETA: Voltando para a política, como é para o senhor assumir essa vaga no lugar do decano da casa, o vereador Pedro Komura, que, por coincidência, quebrou o recorde de parlamentar com mais mandatos justamente do seu avô?
GUSTAVO SIQUEIRA: O Pedrinho… Eu chamo ele de Pedrinho porque eu, ainda quando criança, frequentava aqui a Câmara por conta do meu avô e ele já estava atuando como vereador. Eu tenho muito carinho por ele, pela família dele, meu avô também era muito amigo dele. É uma camisa bem pesada a que eu estou vestindo, talvez, se eu não tivesse essa preparação que eu tenho, possivelmente eu teria muito medo e muito receio.
Para mim é muito gratificante poder estar cumprindo esse papel, representando a passagem do meu avô, e também podendo ter o meu nome apresentado para os eleitores do Pedro Komura, porque muitos hoje vêm me procurar no gabinete, que era o do Pedro, justamente para resolver problemas ligados à https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração pública. Para mim está sendo gratificante e eu espero corresponder à altura, sempre respeitando muito o nome Pedro Komura, assim como os vereadores atuais e mais antigos têm e tinham pelo nome Ivan Siqueira.
GAZETA: O senhor já falou algumas coisas, mas agora de uma maneira mais direta: O que o seu eleitor pode esperar do vereador Gustavo Siqueira nesses próximos dois anos de mandato?
GUSTAVO SIQUEIRA: Eu espero ter eleitores novos, espero contribuir não só com a zeladoria de bairros, mas também fazer com que o novo eleitor entenda o que é uma política e como se faz política também, e eu vou atuar muito nos bairros para poder levar para o cidadão de Mogi o conforto dele poder sair da casa dele e enxergar seu bairro em funcionamento.
Eu deixei bem claro que, se eu for um vereador com a promessa de dar saco de cimento, telha e ajuda financeira, eu prefiro não estar aqui. Eu prefiro ser um vereador que vai dar condições do munícipe estar chegando no bairro dele e aquela placa de trânsito pendurada, que incomoda muita gente, não vai estar lá, ou um córrego cheio de mato, eu prefiro ir e atender essa demanda do que me perder durante esses dois anos, não conseguir chegar com fôlego na próxima eleição e colocar tudo a perder.
O que eu posso apresentar para a população de Mogi é realmente ser um vereador de bairro, que é justamente a meta e foi o que o próprio Pedro Komura idealizou na vida dele como vereador.