Para efeitos grosseiros de comparação, o Alto Tietê pode ser encarado como um microcosmo do Brasil: um local de origem indígena, que teve sua predominância massacrada por bandeirantes e jesuítas, e, mesmo após séculos de abandono, continua tendo em sua população miscigenada e localização privilegiada os principais elementos para ser considerado de altíssimo potencial.
Na semana em que é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, o Censo 2022 divulgou os dados acerca dessa população, que hoje representa menos de 1% dos brasileiros. No Alto Tietê, apenas 0,11% dos moradores são indígenas.
O resultado não pode ser considerado inesperado, mas é sintomático do processo genocida enfrentado pelos povos originários há 500 anos.
Das 10 cidades que integram a região, seis têm nomes de origem indígena, mas não há registro em nenhuma delas de políticas efetivas de valorização da memória dos povos que nos batizaram, tampouco dos que restaram.
É verdade que essa é uma dívida histórica de toda a nação brasileira, mas cabe a nós, enquanto região, dar a demonstração de que é possível fazer mudanças, enquanto ainda o é. Falamos muito, neste mesmo espaço, da importância da valorização regional, mas fazer isso corroborando para o apagamento de nossos traços indígenas seria uma auto traição sem tamanho.
Essa camada de 0,11% da nossa população merece tanta valorização quanto os outros 99,89%. Isso não é favor, é dever. Não adianta chorar pelo leite derramado, mas o sangue não pode ser esquecido.