Antigamente, a maneira de exterminar um povo e sua cultura era brutal: abusar das mulheres e matar todos os homens da cidade. Um método cruel e bárbaro, marcado por sangue e sofrimento. Hoje, embora os métodos de dominação pareçam menos violentos, são igualmente devastadores — e perigosamente sutis.
A grande questão é que a dominação contemporânea vem disfarçada de uma falsa sensação de liberdade. A vítima, ao final do processo, nem percebe que está sendo subjugada. A manipulação não é física, mas simbólica, atacando diretamente a identidade e a história de um povo.
Grupos de poder que não desejam cidadãos conscientes e orgulhosos de suas raízes adotam uma estratégia parecida com a do passado: promover o apagamento histórico. Isso começa pela desvalorização de figuras que desafiaram o sistema e conquistaram espaço contra todas as adversidades.
Nomes como Henrique Dias, herói negro que lutou pela coroa portuguesa no Brasil Colônia; Justiniano Clímaco da Silva, um dos primeiros negros a exercer funções jurídicas no país; e Madame C.J. Walker, a primeira mulher negra milionária dos Estados Unidos, são exemplos de resistência e superação em tempos em que as barreiras eram muito mais concretas e cruéis.
Hoje, no entanto, parece haver um movimento calculado para desconsiderar essas histórias de sucesso, promovendo uma narrativa que coloca os negros sempre como vítimas e nunca como protagonistas. É como se houvesse um interesse velado em manter a coletividade aprisionada em uma mentalidade de fragilidade e impotência.
Outro método sutil de dominação é a reeducação ideológica, que promete igualdade racial e o fim do racismo, mas muitas vezes cria indivíduos vazios de conhecimento crítico e opinião própria. Essa “reeducação” sufoca o pensamento independente, mascarando como inclusão o controle sobre ideias e identidades.
O mais perigoso é que essa manipulação não vem de inimigos declarados, mas de grupos que alegam lutar pela justiça e igualdade, enquanto, na prática, perpetuam a dependência e o vitimismo. A tão falada igualdade, nesses grupos, revela-se uma falácia assim que um membro se destaca ou pensa de forma diferente — ele é silenciado, marginalizado e expulso.
Em vez de incentivar o crescimento e a autonomia, mantêm os indivíduos presos a uma mentalidade de escassez e necessidade constante, alimentando seu próprio espaço político e, inevitavelmente, garantindo mais recursos e influência.