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Com 100 anos, Suzano usa monocultura para ‘vender’ imagem de ambientalista

Pesquisa aponta que empresa mente sobre redução de carbono na atmosfera
Empresa leva o nome do Alto Tietê para o mundo, mas prática empresarial é questionada / Foto: Bruno Arib (Arquivo Gazeta)

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No mês de janeiro deste ano, a empresa Suzano Papel e Celulose, maior fabricante de celulose do mundo e referência global na fabricação de bioprodutos a partir do cultivo de eucalipto, completou 100 anos de história. Para a sua cadeia produtiva, o capital natural é essencial, com isso, neste século de operação, o meio ambiente pode ter sido impactado com consequências graves, desde a extração da matéria prima, o processo de produção e até a comercialização dos produtos.

Uma dessas consequências está relacionada com a emissão de carbono, o principal gás que compõe o efeito estufa. Isto é, a formação de uma “barreira” que impede o calor de sair de volta ao espaço, ocasionando o aumento da temperatura média da Terra e trazendo diversos problemas ao planeta, como: aumento do nível do mar, extinção de espécies, danos a ecossistemas, problemas de saúde relacionados ao aumento do calor e muito mais. 

De acordo com Rodrigo Malafaia, membro da COJUCLI (Coalizão de Juventudes pelo Clima de São Paulo), as indústrias são as mais responsáveis por isso, principalmente aquelas que envolvem o desmatamento, já que o solo absorve muito carbono por meio das árvores e, ao retirá-las, este processo de absorção e estocagem se encerra e o solo começa a liberar o carbono na atmosfera, mas também são as principais possibilitadoras de mudanças, pois estas podem desenvolver e aderir planos e projetos para controlar e contribuir à sustentabilidade, como a emissão de créditos de carbono. 

O principal objetivo do mercado de crédito de carbono é reduzir as emissões de gases de efeito estufa que contribuem para as mudanças climáticas. Para isso, há diversas maneiras de alcançar esse objetivo, como: incentivos econômicos para que empresas reduzam as suas emissões, compensação de emissões comprando crédito de carbono gerados por projetos que capturam ou reduzem carbono como o reflorestamento, estimular investimentos sustentáveis e alcançar metas de emissões. 

Conforme citado anteriormente, o reflorestamento desempenha um importante papel neste mercado para diminuir as mudanças climáticas, principalmente pelo sequestro de carbono, isto é, o plantio de árvores em áreas previamente desmatadas ou degradas para que as florestas atuem absorvendo o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e armazenando-o no solo. 

Dessa forma, segundo o relatório de sustentabilidade da Suzano Papel e Celulose, uma das metodologias que a empresa utiliza para emitir esses créditos é pelo sequestro de carbono, por meio do manejo florestal sustentável do cultivo de eucalipto em áreas de expansão, ou seja, áreas onde antes da atuação da Suzano existia pasto ou área degradada. Entretanto, segundo uma pesquisa feita pela ONG inglesa Social Carbon Foudation, em parceria com a Fundação Eco+, a forma que a Suzano faz esse reflorestamento pode não ser o mais efetivo. 

Ainda segundo a ONG, a Suzano planta apenas uma espécie não nativa, ou seja, uma monocultura, e utiliza-o para fins comerciais, já que o eucalipto é a matéria prima de grande parte dos seus produtos.  Com isso, o estudo aponta que a pouca variedade de espécies nativas pode não garantir a recuperação de ecossistemas e, consequentemente, ser menos eficaz para combater as mudanças climáticas, assim como, a retirada do eucalipto que será destinado à produção libera o gás estocado no solo para a atmosfera. 

Por fim, tanto Rodrigo quanto a pesquisa concluem dizendo que a melhor solução para um combate efetivo às mudanças climáticas por meio da absorção do carbono no solo é com uma plantação nativa diversificada que iria armazenar muito mais esse gás prejudicial, ao contrário da monocultura. 

Ou seja, apesar dos números expressivos divulgados anualmente em seu relatório de sustentabilidade, a Suzano pode não estar contribuindo tanto ao meio ambiente como diz e estar utilizando essas plantações tanto como uma forma de convencer a sociedade de que as suas ações são em prol de um futuro sustentável, quanto como matéria prima para a sua produção.

O QUE DIZ A EMPRESA

A Suzano encaminhou nota sobre o assunto. Confira:

“A empresa destaca que o seu manejo florestal é realizado de forma responsável, conciliando o
cultivo de eucalipto com a conservação dos recursos naturais e o respeito às comunidades.  O nosso
modelo produtivo une plantio de eucalipto em diferentes idades com a vegetação nativa, o que
chamamos de “plantio em mosaico”, além da adoção de boas práticas de manejo que leva em conta
as condições ambientais locais.

A empresa destaca que conta com 1,1 milhão de hectares destinados à conservação e 92,8 mil
hectares de Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVC) e reforça que mantém uma política de
desmatamento zero em suas unidades florestais, com investimentos em ações de monitoramento da
biodiversidade e de restauração ambiental.  

Atualmente são encontradas mais de 4 mil espécies de plantas, mamíferos, aves, répteis e anfíbios
em nossas áreas, inclusive em áreas de silvicultura, indicativo de que o eucalipto auxilia na
conservação da biodiversidade de maneira eficiente. Do total de 4 mil espécies, cerca de 10% são
estão em algum grau de ameaça de extinção e as iniciativas da empresa auxiliam em sua
conservação.

Um dos compromissos da empresa no combate às mudanças climáticas é o de remover mais 40
milhões de toneladas de carbono da atmosfera até 2025. Nos últimos quatro anos a companhia
removeu 27 milhões de toneladas.”

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