“Está uma porcaria, como sempre.” Essa foi a primeira frase dita pela cabeleireira Iara Shibakura, 49, quando abordada pela GAZETA na terça-feira (28). O alvo de sua contundente crítica é o Hospital Santana, em Mogi das Cruzes, que é gerido pela NotreDame Intermédica.
Nas últimas semanas, o nome da operadora ganhou grande repercussão na cidade por conta do processo licitatório que garantiu à empresa um novo contrato com a Prefeitura de Mogi das Cruzes. Mesmo sob críticas de servidores municipais, a empresa continuará responsável pelo plano de saúde que atenderá aos cerca de 6 mil servidores públicos municipais da prefeitura, Semae, Iprem e Cresamu. O valor final do contrato ficou em R$ 45.858.120,00 (R$ 490,00 por família).
Após receber relatos de leitores sobre o mau atendimento no já referido hospital, a reportagem então foi ao local para ouvir os pacientes, como a própria Iara, que estava acompanhando sua prima.
Também cliente da NotreDame, a cabeleireira falou que o atendimento ali é sempre demorado e as atendentes não costumam tratar os pacientes com educação. De acordo com ela, o maior motivo de sua revolta, no entanto, foi o tratamento dado a seu filho.
Ela conta que ele, por uma infecção no pé, precisou recorrer frequentemente ao hospital desde 2018 para fazer um tratamento que não foi efetivo – tanto que resultou na amputação do membro, em 2021. Na ocasião, ela conta que ele passou 19 dias internado e, neste período, só recebeu a visita do médico depois dela ir à ouvidoria do hospital.
Depois da experiência traumática, a família optou por continuar o tratamento em outro lugar e encontrou dificuldades até para isso. Segundo ela, quando solicitado o laudo para fazer a mudança, o médico responsável alegou que nunca havia atendido o rapaz. O documento só foi liberado depois de ela conseguir provar que não era verdade.
Outro grave relato foi o de Kelly Cristina Duarte, 43, uma consultora comercial que levava sua sobrinha para um atendimento. De acordo com ela, o tempo de espera na pediatria é sempre grande e frequentemente as atendentes justificam a demora com uma suposta queda no sistema.
Na data em questão, ela relata uma espera de quatro horas até o atendimento.
Outra reclamação foi sobre uma “má vontade” da equipe médica, que, segundo ela, costuma tirar longos horários de almoço e já chegou até a reclamar de ter de atender.
“Outro dia minha irmã trouxe minha sobrinha passando mal às 1h da manhã e a médica perguntou o que ela estava fazendo levando uma criança àquela hora, sendo que minha irmã trabalha o dia inteiro e trouxe na hora que a criança passou mal. É horrível mesmo”, conta.
O que diz a NotreDame
Procurada para se posicionar acerca das acusações, a NotreDame enviou a seguinte nota:
“Nos últimos meses, marcados por questões de sazonalidade, como excesso de chuva e amplitude térmica acentuada, é comum haver aumento nos atendimentos de pacientes com síndromes respiratórias na Região do Alto Tietê, a exemplo de viroses. O tempo de espera na Pediatria do hospital pode ser eventualmente maior que o habitual, em virtude da alta demanda dos pacientes.
O compromisso da unidade é sempre prestar a melhor assistência aos clientes. Por isso, também orienta que medidas de atenção à saúde básica, além do trabalho preventivo de profissionais da saúde, são fundamentais para conter as doenças que causam esse quadro clínico.”