Estamos em 2025 e o Carnaval já ocupa os holofotes. No Brasil, um roteiro parece se repetir: Natal, virada de ano, chuvas de janeiro abafadas pela festa do “povo”, que, durante esse período, busca ganhar algum trocado.
As escolas de samba continuam a dar destaque a pessoas que, muitas vezes, não têm qualquer vínculo com as origens da festa. Mas, para “democratizar” o evento, as cidades investem cada vez mais nos famosos bloquinhos de Carnaval.
Aqui, observamos novamente a classe média se divertindo, aproveitando os prazeres que a data oferece, enquanto representantes da massa estão nas ruas, vendendo bebidas, comidas e adereços.
POLÍTICA DO PÃO E CIRCO_ Enquanto segurança, saúde e educação enfrentam prejuízos históricos, o Carnaval não tem limites. No Rio de Janeiro, o prefeito e as autoridades se orgulham de ser a “capital da festa”, e investem R$ 40 milhões.
O leitor atento pode questionar: “Esse investimento gera retorno, com hotéis lotados e comércio movimentado.”
Concordo.
Mas se o Carnaval é tão lucrativo, por que não privatizá-lo? O Governo poderia realizar leilões, permitindo que empresas explorassem os direitos do evento, potencializando os ganhos e tirando a sobrecarga dos cofres públicos.
O Estado continuaria a receber sua parcela da mesma forma, ou seja, os impostos gerados na festividade.
Não sou contra o evento, só acredito que o Estado não tem essa função: financiar ou fomentar esse tipo de evento com o dinheiro do contribuinte.
ALTERNATIVAS– Em 2024, a Prefeitura do Rio de Janeiro investiu R$ 40 milhões, enquanto Belo Horizonte alocou R$ 19 milhões. Vamos usar o menor orçamento para ver quais opções teríamos.
- Construção de Escolas: O custo médio de uma escola municipal é de R$ 4 a R$ 6 milhões, permitindo a construção de até 4 unidades.
- Novas Unidades Básicas de Saúde: Cada UBS custa entre R$ 2 a R$ 4 milhões.
- Drenagem Urbana: Piscinões (reservatórios para águas pluviais) custam de R$ 5 a R$ 15 milhões, o que permitiria a construção de 1 a 3 unidades.
A impressão que fica é que o povo se sente parte de uma grande festa, mas, na realidade, permanece à margem. A alegria oferecida é efêmera, e em troca, ele recebe um “auxílio” financeiro qualquer.
Após a folia, o cidadão retorna ao seu papel de espectador, aguardando a próxima distração, com o Brasileirão para anestesiar a mente. Enquanto isso, a vida passa, e o brasileiro continua feliz com sua doce vida triste.