“Continuar a viver depois da morte de outra pessoa; continuar vivo após acontecimento de extrema gravidade; escapar; enfrentar e resistir a qualquer tipo de dificuldade; manter-se ao longo do tempo e/ou do espaço; subsistir”. Caso fosse acrescido “ter sua identidade questionada a todo tempo”, a definição do verbo Sobreviver no dicionário descreveria ainda mais perfeitamente o dia-a-dia da comunidade LGBTQIA+.
Isso porque, para os reacionários, é absurdo alguém ser o que é – independentemente do que seja – sem lhes pedir a permissão. A crença limitante em relação a qualquer um que fuja do padrão heteronormativo branco faz com que apenas existir seja um desafio diário para gays, lésbicas, bissexuais, transsexuais, não-bináries e todos aqueles que compõem a sigla do arco-íris.
No país onde mais são assassinadas pessoas trans no mundo, por exemplo, a perda de seus iguais é um temor que pode se concretizar a qualquer momento.
Nesta semana, na qual foi celebrado o Dia do Orgulho, na quarta-feira (28), se faz primordial abordar esses temas como forma de tentar expandir a consciência civilizatória do brasileiro, mas também é preciso enaltecer as conquistas que o instinto de sobrevivência da comunidade semeou.
Da terra arrasada do medo, surgiram gênios, linguagens, expressões artísticas e políticas fundamentais para a manutenção humana. Há ainda muito caminho a ser percorrido, mas não se pode deixar de ressaltar que da sobrevivência surgiu vida e disso há de se ter muito orgulho. À luta.