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A derrota da esquerda: como Trump reconquistou o eleitorado abandonado

Confira o novo artigo do economista Josué Coimbra

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O último ano foi avassalador para aqueles que acompanham o cenário político dos Estados Unidos. Muitos analistas ainda estão tentando entender o que aconteceu na última “Super Terça”, quando os Republicanos demonstraram sua força política de forma hegemônica.

Economia: o verdadeiro pivô

Em termos econômicos, tanto o governo de Trump quanto o de Biden apresentaram crescimento econômico semelhante. No entanto, a inflação durante a gestão Democrata foi alarmante. É importante destacar que, enquanto Trump enfrentou a dura tarefa de governar em meio a uma crise sanitária global, os Democratas pagaram o preço na gestão pós-pandemia, quando o surto inflacionário atingiu não só os Estados Unidos, mas o mundo.

Antes da pandemia, a taxa de desemprego estava em 3,5%. Durante o governo Biden, ela chegou a 3,3%, mas estacionou em 4,3% ao final de sua gestão. Outro ponto crucial foi a renda semanal. Sob o governo Republicano, houve aumento real dessa renda, e sob Biden também houve, mas ela foi corroída pela inflação.

Quando analisamos os números, as gestões de Biden e Trump ficam tecnicamente empatadas em termos de crescimento econômico e desemprego. Contudo, o que realmente pesou na balança foi a experiência cotidiana do eleitor médio, que viu seu poder de compra ser severamente afetado. Diferente dos latino-americanos, que estão mais acostumados a lidar com inflação, o norte-americano não tolera ver sua qualidade de vida diminuir tão drasticamente.

O fator eleitoral: propostas e desconexão

Na campanha de Kamala Harris, a esperança era que temas como o direito ao aborto se sobressaíssem, mas no final das contas, a economia prevaleceu.

A retórica econômica adotada por Trump em 2024 segue a mesma linha que Ronald Reagan utilizou em 1980, com o slogan “Make America Great Again”, apelando ao eleitorado insatisfeito com a estagflação da época e prometendo restaurar a competitividade americana no cenário internacional. Reagan, à época, enfatizou políticas de oferta e incentivo ao mercado de trabalho, buscando trazer esperança aos desalentados. Trump, mais uma vez, recorreu à narrativa de proteção ao trabalhador americano e fortalecimento da economia doméstica.

Trump soube se comunicar com sua base, reforçando minha tese de que a esquerda vem se distanciando do eleitor comum. A classe trabalhadora, que antes era um reduto Democrata, agora encontra em Trump uma promessa de prosperidade.

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josue-coimbra

Economista formado na PUC/SP

Reportagens - 55