Um vídeo obtido com exclusividade pelo blog da Andréia Sadi e exibido pela GloboNews mostra momento em que sargento enviado por Jair Bolsonaro (PL) tenta recuperar as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, presenteadas a Michelle Bolsonaro, que estavam apreendidas pela Receita Federal.
EXCLUSIVO – Nesse trecho, o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva fala sobre a pressa em função do fim do mandato. “É que tô na correria, cara. Passagem de comando, como se diz, né, um entrando, outro saindo”
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— GloboNews (@GloboNews) March 8, 2023
JOIAS APREENDIDAS NO AEROPORTO
De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo na ultima sexta-feira (03/03), o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro teria tentado trazer ao Brasil de forma ilegal joias avaliadas em cerca de R$ 16,5 milhões, dadas pelo ditador da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman.
As joias foram apreendidas no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, quando uma comitiva do governo Bolsonaro retornava ao Brasil após uma viagem oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2021.
As peças estariam na mochila de um militar que era assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Alburquerque. De acordo com documento da Receita Federal, o militar informou o ocorrido ao ministro Bento Alburquerque, que tentou liberar as peças alegando se tratar de um presente para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro. A Receita, porém, manteve a apreensão.
BOLSONARO JÁ HAVIA TENTADO “JEITINHO” FORA DA LEI PARA REAVER JOIAS
Segundo a reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, o governo Bolsonaro fez várias tentativas de recuperar as joias, mobilizando os Ministérios da Economia, Minas e Energia e das Relações Exteriores.
Numa delas, em 3 de novembro de 2021, o Ministério de Minas e Energia teria pedido a intervenção do Itamaraty no caso. A Receita, porém, informou que isso só seria possível se fosse feito o pagamento do imposto e da multa.
O Estado de S.Paulo afirmou ainda que o comando da Receita também tentou conseguir a liberação, mas os fiscais, que têm estabilidade na carreira, negaram o pedido.
Em outra tentativa de recuperar as peças ainda em 2021, o governo Bolsonaro teria alegado que as joias seriam analisadas para incorporação “ao acervo privado do Presidente da República ou ao acervo público da Presidência da República”.
A justificativa aparece num documento divulgado nas redes sociais pelo ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social Fabio Wajngarten, após a revelação do caso.
Um ofício do gabinete de Bento Albuquerque, também de 2021, pedia a liberação dos “presentes retidos”, ao alegar ser “necessário e imprescindível que seja dado ao acervo o destino legal adequado”. O documento, no entanto, não menciona o destino que seria dado às joias.
Poucos dias antes do fim do governo, em 28 de dezembro de 2022, outra tentativa de recuperar as joias teria sido feita. O próprio Bolsonaro teria enviado um ofício para a Receita pedindo a liberação dos bens.
No dia seguinte, um funcionário do governo teria ido a Guarulhos para tentar, sem sucesso, recuperar as peças, argumentando que elas não podiam ficar retidas devido à mudança de governo.
BOLSONARO ESTÁ COM UM SEGUNDO PACOTE DE JOIAS QUE ENTRARAM ILEGALMENTE NO BRASIL
A defesa de Jair Bolsonaro (PL) confirmou que o segundo pacote de joias recebido pelo governo brasileiro da Arábia Saudita na gestão passada foi listado no acervo privado do ex-presidente.
Isso contraria a informação de que ele teria sido incorporado ao acervo da Presidência da República.
Há um documento que descreve que o assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, Antonio Carlos Ramos de Barros Mello, havia entregue ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica um estojo.
Nele, estavam objetos da marca Chopard, como um masbaha rose gold; um relógio com pulseira em couro; um par de abotoaduras; uma caneta rose gold e um anel. Apenas o relógio está listado por R$ 223 mil reais.