Apesar do declínio apontado nos últimos dois anos, o home office ainda é um regime de trabalho muito forte e almejado pelos trabalhadores. De acordo com levantamento da consultoria Michael Page realizado no início do ano, 19,9% dos trabalhadores brasileiros atuam de forma totalmente remota. Entretanto, embora a modalidade possa trazer vantagens como melhora na produtividade e comodidade, ela traz também um alerta para a saúde mental devido às mudanças de hábitos.
De acordo com psicóloga da Hapvida em Mogi das Cruzes, Irani Silva, a ansiedade e a depressão estão entre as maiores preocupações para o trabalhador de home office, pois o profissional, muitas vezes, não aceita a situação e o quadro pode se agravar, trazendo danos que comprometem a qualidade de vida. “É como se ele saísse da realidade com receio de não se adaptar mais às pessoas e a novos ou antigos círculos de amizades”, diz.
Um dos perigos é exagerar no consumo das redes sociais e da IA (Inteligência Artificial) porque não há riscos aparentes de demostrar fragilidades. “Quase tudo nesses ambientes se faz de belo e isso pode significar objetos de desejo causadores de problemas financeiros”, declara a psicóloga. Além da perda da autoestima, a personalidade também pode ser afetada, trazendo eventualmente até problemas profissionais.
Irani recomenda reduzir o tempo nas redes sociais, confiar em um amigo ou familiar que possa permitir essa retomada gradativa à sociedade, não ter medo de falar abertamente sobre o assunto, não se cobrar por estar em home office em vez de escritório convencional e pensar que a fase pode ser positiva, não um fardo.
“É essencial dividir o tempo entre trabalho e outros hobbies ou mesmo aprender um novo ofício que possa até trazer benefícios financeiros”, finaliza a psicóloga, ressaltando que um profissional de saúde mental pode e deve ser procurado.