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Proposta para acabar com escala 6×1 divide opiniões no mundo do trabalho

Trabalhadores e patrões divergem sobre redução da jornada de trabalho
Trabalhadores defendem ganho de qualidade de vida e patrões temem aumento de custos / Foto: Bruno Arib/Arquivo Gazeta

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Nesta última semana, a “praça pública” das redes sociais foi inundada com posicionamentos a favor e contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição), apresentada pela deputada federal Érika Hilton (PSOL), que prevê uma reforma na legislação trabalhista, pondo fim à escala “6×1” e instituindo o modelo “4×3”. Ainda na fase de coleta de assinaturas, o projeto conta, até o fechamento desta edição, com o apoio de 206 parlamentares de diversos partidos. São necessários 171 para que avance para tramitação.

Considerando a complexidade do debate sobre a diminuição da jornada de trabalho, a GAZETA procurou representantes das classes afetadas pela medida, caso ela seja aprovada.

A estudante Victoria Guimarães, 23, defendeu o projeto dizendo que sua vida mudou quando ela trabalhou no modelo, mas para pior.

“Além da alta demanda aos feriados e finais de semana, a dor de não conseguir ter qualidade de vida. Tempo para a família e amigos, coisa que para muitos é tão natural, para mim era um peso enorme. Eu me sentia usada, humilhada e com meus direitos básicos de humanidade atingidos”, disse. O projeto tem a defesa da qualidade de vida como sua principal justificativa.

A atendente Ana Caroline dos Santos, 36, destacou que a jornada 6×1, pela qual trabalha, a atinge especialmente como mãe de quatro crianças: “Como mãe, eu me sinto em falta com meus filhos, porque eu não posso estar presente com eles, acompanhar seus desenvolvimentos escolares, atendimentos médicos. Para mim essa escala é dificultosa.”

Do “outro lado do balcão”, entidades patronais, quando procuradas pela reportagem, se manifestaram contra a ideia. 

O presidente do Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista da Região Alto Tietê), Valterli Martinez, disse que “a medida pode ter efeitos econômicos prejudiciais para as pequenas e médias empresas”, argumentando que pode haver um efeito reverso, com as empresas trocando funcionários por “mão-de-obra mais barata”, além de aumentar a jornada dos trabalhadores, que teriam de tentar renda extra.

Assim como a entidade mogiana, a ACE (Associação Comercial e Empresarial) de Suzano defendeu “um regime trabalhista no qual as relações de trabalho possam ser mais flexíveis em relação ao acordo direto entre empregado e empregador dentro da legislação vigente”. “Afinal, cada segmento e serviço possui suas particularidades”. 

QUESTÃO DE SAÚDE – De acordo com a psicóloga e psicanalista Dra. Luciana Inocêncio, este tipo de trabalho causa danos à saúde física e mental dos trabalhadores, por diversos motivos. “Com poucos dias de descanso, o trabalhador fica exposto a um ritmo acelerado constante, o que aumenta os níveis de estresse e eleva o risco de esgotamento (Burnout, por exemplo)”, explicou.

DEPUTADOS – A GAZETA procurou também os representantes do Alto Tietê no Congresso Nacional, os deputados Marcio Alvino (PL) e Rodrigo Gambale (PODE), que não assinaram a proposta.

Em nota, Alvino justificou a escolha corroborando com os empresários, e acrescentou uma crítica ao modo como a ideia foi apresentada: ”Acredito que esta iniciativa poderia ser mais eficaz se apresentada como um Projeto de Lei (PL) em vez de uma PEC, permitindo maior flexibilidade e uma tramitação mais rápida.”

Até o fechamento desta edição, Gambale não havia respondido aos questionamentos da reportagem.

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