O Alto Tietê virou destaque em São Paulo após ter três projetos voltados para o Desenvolvimento Social escolhidos para a 1ª Mostra de Experiências de Trabalho Social com Famílias da Proteção Social Básica do Estado, que aconteceu nesta semana, nos dias 25 e 26.
Entre as 28 iniciativas escolhidas, seis são da Região Metropolitana de São Paulo, com três do Alto Tietê, sendo eles: “Ações comunitárias de PSB para famílias do PAIF”, de Itaquaquecetuba, o “Grupo de acompanhamento: veteranos e aprendizes”, de Mogi das Cruzes, e o “PSB no domicílio para pessoas idosas e PCD”, de Suzano.
Ao todo, 186 municípios paulistas enviaram projetos para a Pasta estadual, que validou iniciativas de cem destas cidades e escolheu 28 para serem apresentadas. O objetivo da mostra é dar visibilidade às práticas municipais de trabalho social com familiares no Suas (Sistema Único de Assistência Social), realizadas por equipes de Proteção Social Básica, nos territórios de vivência dessas famílias, que se constituem como público-alvo da Política Nacional de Assistência Social.
Ações comunitárias de PSB para famílias do PAIF: tradição e direito, de Itaquaquecetuba
O projeto escolhido para ser trabalhado em Itaquaquecetuba foi um tanto quanto diferente dos demais e de uma sensibilidade com os povos ciganos, sempre respeitando todas as normas e regras para adentrar as tendas, que são as casas dessas pessoas. Após o início do mapeamento foram identificados três territórios destes povos.
A cultura cigana na cidade já é de conhecimento público há muito tempo, mas segundo a coordenadora do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) Morro Branco, Rubia de Souza Perpetuo, havia um déficit de informações no sistema sobre as pessoas que moram no município e são dessa etnia. “Itaquá tem as suas especificidades, assim como todos os territórios. Nós já tínhamos essa informação e decidimos ir atrás e entender quais são as necessidades desse grupo para melhor atendê-los”, explicou.
Para que o projeto surtisse efeito, era necessário que os moradores daquela região estivessem inscritos no Cadastro Único e possuíssem o número do NIS para serem incluídos nos programas e serviços existentes dentro da assistência.
O projeto teve início em janeiro deste ano e, após algumas ações, a equipe conseguiu mostrar para as famílias a importância de elas estarem inscritas nos programas e benefícios oferecidos a todos. No Cras do Morro Branco, Jardim Caiubi e Recanto Mônica foram identificadas 116 pessoas, sendo 68 famílias ciganas, enquanto antes deste projeto haviam apenas 52 famílias cadastradas, um aumento de 30%. Desse número inicial, 32 famílias recebiam o Bolsa Família, e atualmente, após os trabalhos, o número de famílias contempladas foi para 41.
Para Rubia, este projeto foi um passo importante, em virtude destas famílias. “Olha, no início eu não acreditava muito que pudéssemos ganhar a proporção que ganhamos. E nesta semana pudemos falar sobre este trabalho e convidar os outros municípios a fazer o mesmo em seus territórios”, finalizou.
PSB no domicílio para pessoas idosas e PCD em Suzano
Em Suzano, o projeto foi lançado em janeiro deste ano e tem como foco atender pessoas em situação de vulnerabilidade social. Através de visitas domiciliares, 40 famílias são atendidas simultaneamente, com o objetivo de prevenir a desintegração dos vínculos familiares e sociais, garantindo direitos à inclusão social e equidade de oportunidades.
O projeto realiza o encaminhamento para cadastramento socioeconômico, a orientação sociofamiliar, a inserção na rede de serviços socioassistenciais e o fortalecimento da função protetiva da família.
Todas as solicitações de atendimento para essas pessoas são encaminhadas para o Cras Centro, e elas vêm de diversos setores, como a área da saúde, Ministério Público e até mesmo através de denúncias dos vizinhos de idosos negligenciados. Além disso, as solicitações de visitas podem ser feitas nos Cras (Centros de Referência da Assistência Social).
A coordenadora do Cras Centro, Rose Belinski, explicou como funciona todo o processo deste projeto e a importância deste trabalho receber reconhecimento estadual.
“Quando eu encaminho a equipe, eles vão visitar a casa, ver quais são as violações de direito, vão atuar junto à família que, muitas das vezes, deixou o idoso sem os devidos cuidados, encaminham para o BPC (Benefício de Prestação Continuada), solicitam atendimento da EMAD (Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar) para atendimento no domicílio e vão trabalhar o fortalecimento de vínculos familiares.”
“Nós ficamos muito felizes de apresentar o trabalho, pois este serviço é novo na Assistência Social, começamos há tão pouco tempo. Essa é uma oportunidade para mostrarmos a outros municípios que é possível”, comentou.
O atendimento disponibilizado pelo programa é ofertado, a princípio, por seis meses para o idoso, podendo ser estendido ou não, dependendo das condições familiares.
Grupo de acompanhamento: veteranos e aprendizes, de Mogi das Cruzes
Em Mogi das Cruzes, o serviço também é voltado para o público da terceira idade, mas com um viés diferente. Neste, o projeto “veteranos e aprendizes” faz o acompanhamento de cerca de 30 pessoas idosas da cidade. O grupo é focado na convivência e interação dessas pessoas, com o intuito de prevenir situações de isolamento e fortalecer os vínculos comunitários. Os encontros do grupo acontecem a cada 15 dias, às terças-feiras, no Cras de Jundiapeba.
O projeto teve início há dois anos, após a pandemia, para incentivar os idosos a sair do isolamento e acessar os serviços disponíveis para eles.
Além dos encontros quinzenais, o grupo ainda participa de atividades ao ar livre, como idas ao Parque das Neblinas, que, além de incentivar a interação, estimula o contato com a natureza, e também a exposições culturais para conhecer outros espaços, tanto em Mogi, quanto fora dela. Este serviço fortalece o acesso dessas pessoas à cidade e traz a sensação de pertencimento.
O sucesso é tanto que o número de passeios solicitados por eles só aumenta. Uma das maiores vontades do grupo é poder conhecer a praia e visitar museus. Mas os encontros não ficam para trás, pois a troca de experiências também tem uma grande importância na vida de cada pessoa.
“Nós achamos muito importante essa visibilidade para o trabalho do Cras, e é gratificante para nós sermos escolhidos, porque nós apostamos neste atendimento. Nosso trabalho é essencialmente coletivo, porque a ideia é a gente pensar que as vulnerabilidades sociais são de ordens estruturais. E sabemos que foi super criterioso, foram centenas de inscritos e poucos selecionados, e quando eu vi o nosso nome, o sentimento que veio é reconfortante, é um sinal que estamos no caminho certo”, explicou.