Nos últimos meses, muitas mães atípicas do Alto Tietê passaram por problemas graves com alguns convênios médicos. Um deles foi o descredenciamento de clínicas especializadas em tratamentos para crianças com o Espectro Autista, além da suspensão de liminares que permitiam que os pacientes continuassem o tratamento em uma clínica que foi suspensa pelo plano de saúde.
Segundo a mãe atípica Laíne Souza, o atraso no atendimento das crianças pode acarretar em uma regressão de todo o tratamento já feito, podendo comprometer a capacidade cognitiva da criança: “A regressão acontece por questões neurológicas. Na maioria dos autistas, existe uma questão chamada rigidez cognitiva, que pode impedir a introdução de um novo alimento, o ato de poder frequentar lugares públicos, a sensibilidade auditiva, aumentar a agressão física e a dificuldade em se comunicar”, explicou.
Diante dessa alta demanda de pessoas que buscam por atendimento, e muitas não possuem um poder aquisitivo para contratar convênios médicos e precisam recorrer à saúde pública, a Secretaria Municipal de Saúde de Mogi das Cruzes informou que a Pasta tem dado grande importância para essa questão e os profissionais da rede pública tem buscado cada vez mais se especializar no assunto para levar o melhor atendimento.
“Os pediatras que atuam nos postos de saúde e unidades do Programa Saúde da Família realizam o acompanhamento de puericultura dos bebês e, juntamente com a família, podem analisar sinais que indiquem o transtorno do espectro autista”, informou a administração municipal.
E continuou:
“Os pediatras da Prefeitura de Mogi das Cruzes participam de atualizações sobre o tema. No ano passado foi promovido treinamento sobre o Protocolo M-Chat de Avaliação de Sinais de Risco para TEA, uma referência que auxilia os profissionais no diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista. A escala M-Chat é obrigatória nas consultas pediátricas de acompanhamento realizadas pelo SUS.”
Ainda segundo a Secretaria de Saúde, uma vez identificado, o paciente TEA passa a ser atendido de acordo com suas necessidades específicas: especialidade de Neurologia; Psiquiatria Infantil no Caps I ou acompanhamentos complementares ofertados em entidades como Apae, Emesp e Pró-Escolar. “Já os casos de urgência e emergência pediátricos contam com o Vagalume Pronto Atendimento Infantil, que mantém um espaço humanizado para acolhimento de autistas.”
Além do atendimento já prestado, em breve será implantado no CIAS, no bairro do Rodeio, a Única Infantojuvenil e o Caps Infantojuvenil, unidades que deverão colaborar para ampliar a oferta de especialidades de atendimento médico para crianças e jovens da cidade, incluindo portadores de TEA.
“As ações abrangem outros projetos também, como a construção da Escola Clínica Transtorno do Espectro Autista que será referência para outras unidades que serão construídas em outras cidades paulistas pelo Governo Estadual. A obra deverá ser concluída neste ano e o projeto de atendimento está sendo elaborado em conjunto pelas Secretarias Municipais da Educação, Saúde e Assistência Social”, concluiu a Pasta de Saúde.