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Livro discute a defasagem da Educação em Itaquá e aponta soluções

Confira entrevista com o professor Alberto Santos, um dos autores da obra literária

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Oito educadores se revezaram na escrita de um livro para ajudar as pessoas que moram e gostam de Itaquaquecetuba a ajudarem a tecer as linhas de um futuro para a cidade. É o que dá a entender a entrevista que segue com o professor Alberto Santos, um dos autores e organizador do livro ITAQUAQUECETUBA – Educação, Território e Cidadania.

O lançamento do livro acontece no dia 17 de fevereiro, a partir das 19 horas, no IFSP (Instituto Federal de São Paulo-Campus Itaquá), na Rua Primeiro de Maio, 500, Bairro Estação, Itaquaquecetuba.

Confira entrevista com Alberto Santos:

1 – Como surgiu a ideia do livro Itaquaquecetuba – Educação, Território e Cidadania? 

Na verdade, a ideia do livro é um sonho antigo, como geógrafo educador. Desde 2005, quando fui Diretor do Curso de Geografia da Universidade Guarulhos (UNG), iniciamos nossas preocupações geográficas em estudar o território de Itaquaquecetuba. Entre inúmeros geógrafos e geógrafas educadores/as nesta cidade, o pastor evangélico Adilson Achando – que foi vice-prefeito da cidade entre 2009 e 2012 – foi nosso aluno no curso de Geografia. Em 2007, a UNG inaugurou o Campus Itaquaquecetuba (na Avenida Uberaba), no qual acumulei o cargo de Diretor da Geografia.  Entretanto, a partir de 2019, quando me mudei para Itaquaquecetuba, o sonho do livro renasceu. Somente em junho de 2021 tiramos da mente e colocamos no papel, quando convidamos as autoras e autores – munícipes da cidade – para escrevermos o livro, em plena pandemia de Covid-19.

2 – O livro é temporal. “Fala” desde os tempos idos da cidade até o momento atual. Qual fase específica de Itaquá foi escolhida pelos autores para começar o trabalho literário?

O atual território de Itaquaquecetuba, com suas desigualdades sociais, ambientais e humanas, é o resultado de um ciclo histórico das últimas sete décadas, de 1953 até 2023. O livro tem como recorte temporal ou histórico a primeira e segunda décadas deste século XXI. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são de 2010 a 2022. Já os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) são de 2017 a 2021.  Entretanto, o espaço geográfico, tal como se apresenta no presente, é o resultado ou a acumulação desigual do tempo. E o espaço e a história são produzidos pelos homens e mulheres no seu tempo.  Portanto, o livro “ITAQUAQUECETUBA – Educação, Território e Cidadania” é um marco histórico a partir do qual nós, cidadãos e cidadãs, temos a possibilidade de pensarmos e construirmos, com democracia, um novo ciclo histórico com cidadania plena para o futuro desta cidade.

3 – Ele é dividido em seis capítulos. O que é abordado nesses seis capítulos? 

O capítulo 1, “Um olhar sobre a qualidade da educação nas séries iniciais do ensino fundamental em Itaquaquecetuba”, é uma abordagem dos baixos índices de desenvolvimento da educação básica (IDEB). O capítulo 2, “Dos índios aos imigrantes em Itaquaquecetuba: uma introdução histórica e geográfica”, como diz o título desse capítulo, trata-se de um estudo histórico e geográfico da cidade. O capítulo 3, “A importância do ensino da Geografia e da Filosofia nas escolas do município de Itaquaquecetuba”, é uma reflexão sobre a relevância dessas disciplinas do currículo para a formação da cidadania dos estudantes. O capítulo 4, “Desigualdade digital e os novos desafios educacionais”, trata-se de uma pesquisa de campo nas escolas públicas estaduais revelando a carência de recursos informacionais e digitais em Itaquaquecetuba. O Capítulo 5, “Um ponto de vista: educação não regular em cursinho pré-vestibular comunitários em Itaquaquecetuba”, por um lado, demonstra a carência educacional das pessoas que passaram pela Escola regular e, por outro, explicita o crescimento e evolução dessas pessoas no ingresso no Ensino Superior. O capítulo 6, “Direitos Humanos e populações em Itaquaquecetuba, um pedaço do Brasil”, é uma abordagem introdutória sobre o que são os Direitos Humanos, os ataques a esses direitos básicos (educação, saúde, alimentação, moradia, transporte), cujos desrespeitos às dignidades das pessoas tem produzido a geografia da desigualdade neste território pedaço do Brasil, Itaquaquecetuba.

4 – O livro se propõe ao quê? Qual é o seu objetivo específico? 

O livro é um convite científico à reflexão sobre a Educação como direito das cidadãs e cidadãos itaquaquecetubenses. O objetivo específico é demonstrar que o analfabetismo de 10% da população, os baixos índices de escolarização (51% das pessoas não concluíram o ensino fundamental), mais de 4.500 crianças fora das creches, ausência de política de acessibilidade para as pessoas com deficiências físicas motoras e outras, isso tudo é resultado de um ciclo de sete décadas, 70 anos da mentalidade colonialista (colonizadores que exploram) e mentalidade escravocrata (atuam como donos de escravos) desde a emancipação da cidade em 1953, até o presente momento histórico 2023, no território de Itaquaquecetuba.

5 – O trabalho pode ajudar na solução de problemas da cidade?

Sim, sem dúvida o livro é uma produção científica que pode ajudar na solução de problemas da cidade. Especialmente no campo da Educação Fundamental e Básica. Afinal, a educação, a alfabetização, o meio ambiente saudável, a acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência física são direitos humanos. Não existe cidadania plena com analfabetismo. Cidadania requer o pleno respeito constitucional aos direitos humanos de todas as pessoas. Em países desenvolvidos como Finlândia, Dinamarca e outros, as políticas públicas são formuladas a partir de pesquisas científicas. Desenvolvimento social de uma cidade só é possível com conhecimento científico. Ao contrário, o amadorismo e o negacionismo da ciência produzem retrocesso, morte, doença, corrupção, estagnação e ilusão.

6 – O livro pode ser definido como uma obra etnológica?

Sim, parcialmente. Não a obra como um todo. Mas o capítulo 2, “Dos índios aos imigrantes em Itaquaquecetuba: uma introdução histórica e geográfica” se aproxima, em certa medida, de uma abordagem etnológica. Ou seja, o capítulo 2 aborda aspectos da história e da geografia humana, dos aborígenes, dos imigrantes bolivianos, da população, do patrimônio histórico, da memória, da antropogeografia.

7- Esse trabalho é destinado a um público específico?

O público alvo da obra são os estudantes do Ensino Médio, professores e professoras da Educação Básica e funcionários públicos em geral. Embora seja científico, o livro pode ser lido e entendido por um público mais amplo, isto é, cidadãs e cidadãos alfabetizados de todos os níveis sociais.

8 – Foi “fácil” escrever Itaquaquecetuba em apenas 132 páginas e em seis capítulos? 

O método científico é fundamental para concretizar projetos com êxito e ética. Já escrevi dois livros científicos individualmente, a dissertação de mestrado e a tese de doutorado em Geografia na Universidade de São Paulo – USP.  Com o domínio acadêmico e científico do método, coordenar e organizar o trabalho coletivo com oito autores e autoras facilitou a escrita do livro. Entretanto, temos muito ainda a pesquisar, produzir ciência, escrever e publicar sobre esta cidade do Alto Tietê. Nesse sentido, um livro com 132 páginas e seis capítulos é uma excelente introdução e, ao mesmo tempo, uma formidável síntese sobre o tema central, que é Educação, Território e Cidadania em Itaquaquecetuba.

9 – Quais são os oito autores que ajudaram na composição da obra?

No final do livro consta uma síntese da biografia dos autores e autoras. Todas as autoras e autores do livro são munícipes em Itaquaquecetuba. São professoras, professores, coordenadora, diretor e vice-diretor que atuam na Educação Básica Pública e um advogado que atua na Educação não regular em cursinho pré-universitário comunitário. Por ordem de capítulos, respetivamente, são os seguintes: 1) Marcelo Pereira Leite  (Diretor de Escola e filósofo); 2) Paloma Salvat (Geógrafa educadora) e Bruno Oliveira, (Historiador); 3) Dulce Nascimento (Geógrafa educadora) e Valdir Lima (Vice-Diretor de Escola, Literato e Filósofo); 4) Valéria dos Anjos Ferreira (Geógrafa educadora e Coordenadora Pedagógica); 5) Adervaldo José dos Santos (Advogado); 6) Alberto Pereira dos Santos (Geógrafo educador).

Capa do livro Itaquaquecetuba – Imagem: Reprodução

O livro pode ser comprado na loja virtual  https://www.pacolivros.com.br/itaquaquecetuba-educacao-territorio-e-cidadania

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