Antes mesmo da pandemia de Covid-19, o Brasil já vinha passando por um feroz processo de desindustrialização, tendo chegado ao menor percentual de participação industrial no PIB nacional ainda em 2018, segundo o IBGE. O fenômeno, claro, foi exacerbado no período pandêmico e sentido na região do Alto Tietê, inclusive na cidade de Itaquaquecetuba, historicamente conhecida pela força do setor.
De acordo com dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), no ano de 2020 o setor foi o mais prejudicado, tendo sido demitidas 529 pessoas a mais que contratadas. Passado o pandemônio, no entanto, o município vem demonstrando sua força, gerando 1.393 empregos em 2021, 656 em 2022 e 500 até março de 2023.
Somando os números anuais do mesmo período, entre 2020 e maio de 2023, foram abertas 3.188 industrias, enquanto 1.681 foram fechadas, resultando num saldo positivo de 1.507 empresas, segundo dados da Prefeitura de Itaquaquecetuba. Entre os segmentos de destaque no município estão as indústrias metalúrgicas, químicas e de plástico.
Questionada pela GAZETA sobre as políticas que vêm sendo implementadas pela gestão Eduardo Boigues (PP) para garantir o sucesso do setor, a prefeitura, em nota, destacou “a inauguração do ‘Via Rápida Empresa’, departamento segmentado de desburocratização dos trâmites de formalização das empresas; a implantação do programa de empregabilidade chamado ‘Itaquá Mais Emprego’; a elaboração do programa ‘Qualifica’, voltado à capacitação da mão de obra local; além de parcerias público-privada para a execução do projeto ‘Oficina Criativa’, que oferece curso de corte e costura às mulheres em situação de vulnerabilidade social e com reais possibilidades de ingresso no mercado de trabalho.”
Para o presidente de honra e diretor licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos de Itaquaquecetuba, Aparecido Ribeiro de Almeida, o Magrão, o momento atual é, ao mesmo tempo, “muito delicado e de muita esperança”. Ele ressalta que o setor necessita de melhor apoio dos órgãos públicos, como melhorias na malha viária e na iluminação do parque industrial, além de contar com baixa qualificação profissional.
No entanto, de acordo com ele, os ânimos entre a classe trabalhadora e o patronato vêm se acalmando, o que indica uma perspectiva de melhora. “Percebemos que os ânimos exaltados dos últimos tempos têm diminuído consideravelmente, onde patrão, empregados e Sindicato vêm se unindo cada vez mais para a reconstrução de uma metalurgia cada vez mais forte em nossa cidade”, disse.