Entidade de apoio a deficientes precisa da comunidade para a continuação dos trabalhos
Por Aristides Barros / Foto: Bruno Arib
Após quatro anos na Rua Gago Coutinho, na Vila Júlia, o IFM (Instituto Felipe Matheus), que atende pessoas com deficiência de Poá, passará a funcionar na Rua Mongaguá, 33, no Jardim América. A troca de endereço acontece por meio da ajuda da prefeita Marcia Bin (PSDB), que liberou à entidade um prédio onde existia uma creche municipal, cujas atividades encerraram à época de seu antecessor.
Findado o trabalho da creche, houve o abandono do prédio hoje parcialmente destruído pelo vandalismo e necessitado de ampla reforma para acomodar o instituto, que além de Poá passará a atender deficientes de Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba e alguns bairros de São Paulo.
Integrante da diretoria do IFM, Eduardo Silva, 54 anos, estima que a reforma chegue a R$1 milhão, mas a entidade, que presta assistência gratuita às famílias carentes, funciona à base de doações e não tem dinheiro para bancar a obra. “Acreditamos que empresários, políticos, pessoas físicas e jurídicas vão encampar essa luta ajudando a reformar o prédio. O instituto realiza um trabalho nobre”, afirma Silva completando.
“Vamos recorrer a todos visando conseguir verba. Pedir a deputados da região que consigam emendas nesse sentido, o que não podemos é desanimar e parar com o trabalho”, disse. “Esperamos fazer a reforma e ir seguindo com os atendimentos, que não podem parar, porque laudos e receitas médicas tem de ser renovados constantemente”, explicou.
O espaço conseguido com o auxílio da prefeita recebe alta relevância da diretoria do IFM, ainda mais que o instituto tem de sair do imóvel da Vila Júlia devido a uma ação de despejo prevista para acontecer em novembro.
Para não ter problema semelhante futuramente a entidade espera conseguir no novo local a concessão de um contrato de comodato para maior segurança da atividade humanitária.
“A prefeita cedeu o prédio da creche, mas o contrato de comodato nos dá mais tranquilidade para trabalhar. O comodato tem trâmites burocráticos, necessita de processo de licitação e de aprovação da Câmara. Já estamos conversando com os vereadores para sensibilizá-los sobre isso”, pontuou o diretor.
Sensibilidade
Sensibilidade é a palavra chave que movimenta o IFM e abre seus trabalhos para uma gama enorme de pessoas – pacientes e suas respectivas famílias – em ações cuja falha visível do poder público é gritante. “Que a saúde pública do país não cumpre rigorosamente o dever constitucional com o povo não é novidade, mas essa ineficiência é maior com os deficientes, que ficam privados de assistência em vários aspectos”, critica o diretor.
Oficialmente o instituto atende 52 famílias, porém, esse número extrapola quando levado em conta que pessoas de outras cidades buscam o auxílio do IFM, porque seus municípios não contam com atendimento de neurocirurgiões, psicólogos, fisioterapeutas, psicopedagogos, nutricionistas e até advogados que atuam na obtenção de benefícios para os deficientes e suas famílias. “O instituto tem uma equipe multidisciplinar e de profissionais de direito que trabalham voluntariamente na causa dos deficientes”, conta Silva, destacando que todas as patologias são atendidas, com maior ênfase ao autismo.
Enredo
O Instituto Felipe Matheus é o nome do filho e da luta de Josenilda Maria da Silva, 47 anos, que deu à luz a um menino, hoje com 15 anos, que sofre de paralisia cerebral acentuada. Ela conta que a deficiência foi decorrente de erro médico durante o parto. Os problemas de Felipe Matheus trouxeram à tona uma Josenilda que ela, diz, desconhecia. “Ele é minha inspiração, eu descobri que tinha toda essa força e garra com o Felipe”, afirmou.
O nascimento do filho foi fundamental para o surgimento de uma nova mulher, que teve forte apoio.
“Um ‘neuro’ ajudou muito no tratamento dele, mas eu demorava a conseguir outras coisas essenciais para completar a assistência para meu filho. Dessas dificuldades nasceu a ideia de ajudar outras pessoas que estavam na mesma situação que a minha e até mais grave, que eu nem imaginava”, conta a mãe.
“Fui unindo forças e aconteceu de fundar o instituto. O primeiro voluntário foi o Dr. Wilton de Medeiros Moraes, que cuidava do meu menino. Depois vieram outras pessoas, conheceram o trabalho, se solidarizaram com a causa e passaram a trabalhar voluntariamente. A gente ajuda muitas pessoas e, quando vemos a alegria das mães, é uma satisfação gratificante, não tem dinheiro no mundo que pague”, diz, emocionada. A fundação da entidade contou com o apoio de Luciano Ferreira, que é o marido de Josenilda.
Josenilda critica a falta de amparo às pessoas com deficiência.
“Elas são negadas pela sociedade, são olhadas de uma forma diferente, não existe políticas públicas para elas. Quem faz a política pública somos nós que estamos interessados em correr pelos nossos direitos. É difícil cuidar das crianças com deficiência sem ter recurso, todas as portas são fechadas e receber um não para os nossos filhos dói muito”, lamenta.
Interessados em ajudar o instituto podem acessar a vaquinha virtual pelo link: https://www.vakinha.com.br/r/2412020/vanessa-do-nascimento-de-paula