“Se o sindicato pudesse optar, a Notredame Intermédica não ganharia a licitação para oferecer plano de saúde para os servidores públicos de Mogi das Cruzes.” Com essas palavras, a diretoria do Sintap (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública Municipal de Mogi das Cruzes e Guararema) resume a expectativa dos funcionários públicos de Mogi em torno do processo licitatório que ocorrerá no próximo dia 30 e que vai definir o novo contrato de assistência médica para um público estimado de 14 mil vidas. Atual prestadora do serviço, a Notredame não vem oferecendo a qualidade esperada pelo Sintap.
Na quinta-feira (23), membros da diretoria do Sintap receberam a GAZETA para uma entrevista a respeito do tema. Na ocasião, eles teceram diversas críticas à Notredame Intermédica, apontando, entre outros problemas, a falta de um canal mais direto de comunicação entre os usuários do convênio e a empresa.
“Quando nós tínhamos a Samed, para nós era um excelente plano. Porque você tinha com quem conversar na Samed. Quantas vezes o sindicato interviu e tudo era resolvido. Hoje, nós não temos ninguém com quem falar. A gente também podia fiscalizar o contrato, e hoje isso não existe mais. Foi tirado logo depois que a Notredame entrou. Tudo tem de ser resolvido pelo aplicativo. A única alternativa é uma funcionária da Notredame que fica na prefeitura, mas só quem sabe desse detalhe vai lá e consegue agendar os serviços”, explica o presidente do Sintap, Benedito Francisco de Souza Filho, o Ferrugem.
Carentes de um atendimento mais humanizado, muitos passaram a optar por outros tipos de serviços de saúde, tais como consultas particulares e empresas que trabalham nos moldes de clubes de descontos, como o “Cartão de Todos”.
“Aqui no sindicato nós temos uma parceria com a Prever, e a clínica deles é muito boa. Então, muita gente opta pela Prever, pelo Cartão de Todos, porque a dificuldade de ser atendido no nosso plano de saúde é muito grande”, acrescenta o tesoureiro do Sintap, Paulo Ricardo Alves Ramalho.
“Eu me lembro de um caso que o senhor veio ao sindicato pedir nossa intervenção porque a esposa dele iria falecer se não fosse operada. O sindicato interviu e em cinco dias ela operou. Hoje não tem condição disso. Tudo é pelo SAC, pelo telefone, enfim. Por isso que muitos servidores optam por pagar o médico particular, pra não ter que enfrentar essa dor de cabeça”, arremata Ferrugem.
Demora em atendimentos e falta de maternidade em Mogi ampliam críticas
Responsável pela assistência médica dos servidores municipais de Mogi das Cruzes, a Notredame Intermédica assumiu o serviço desde quando adquiriu a empresa Samed Saúde, em 2018. Embora ostente em seu perfil que possui “mais de 15 milhões de clientes”, a empresa não agradou parte do funcionalismo público de Mogi devido à falta de serviços na própria cidade.
Um dos pontos criticados pelo presidente do Sintap, Benedito Francisco de Souza Filho, o Ferrugem, é a falta de uma maternidade da Notredame em Mogi.
“A Maternidade é um problema porque o pessoal tem de ir para Suzano. Por incrível que pareça, daqui uns dias não teremos mais mogianos, só suzanenses. Porque os filhos dos servidores só nascem lá. O contrato exige hospital na cidade. Porque não tem maternidade na cidade? É falta de respeito com o trabalhador, que paga, e não paga barato”, critica.
Ele também cita um problema recente envolvendo a sua própria saúde.
“A Notredame está oferecendo um mau serviço para os servidores. Para você ter uma ideia, eu passei no convênio há uns 30 dias, no cardiologista. Mas não passei em Mogi, tive que ir em Arujá. Fiz todos os exames que o médico pediu, e só vou retornar daqui a 60 dias, ou seja, mais dois meses. Então, para vocês verem como que anda.”
O tesoureiro do sindicato, Paulo Ricardo Alves Ramalho, acrescenta que o retorno de Ferrugem ao médico deveria ocorrer em 14 dias, conforme ordenamento da ANS (Agência Nacional de Saúde).
“Eles desrespeitam constantemente o rol de atividades da ANS, que diz que o prazo para o paciente passar em um especialista é de 14 dias. Aí quando você liga no SAC e menciona a ANS, aí eles dão um jeitinho. Mas como a maioria desconhece isso”, explica.
Os membros do Sintap encerram sugerindo que, independente de qual empresa se sagre vencedora, é necessário que haja mais atenção com o servidor municipal.
“A gente espera um atendimento mais humano, mais voltado para as pessoas que têm dificuldade. Hoje está tudo informatizado, mas tem muita gente que não sabe lidar com a tecnologia. Portanto, que a pessoa possa ligar e receber o atendimento. Que os exames sejam realizados em um prazo mais curto. Enfim, que cumpram o rol de atividades da ANS.”
Notredame quer R$ 100 milhões para oferecer convênio médico
A licitação marcada para o dia 30 de março é a terceira tentativa da Prefeitura de Mogi das Cruzes para realizar a contratação definitiva de uma empresa que ofereça assistência médica aos servidores municipais. Em 2022, a Plena Saúde chegou a vencer a licitação, mas o contrato não foi assinado.
À época, a https://portalgazetaregional.com.br/wp-content/uploads/2023/06/ed440.pngistração municipal alegou que a empresa não cumpria todos os requisitos do contrato. Já em janeiro de 2023, um processo licitatório semelhante terminou “fracassado”, termo técnico que significa que nenhum dos licitantes ofertou valor dentro da referência de preço estabelecida para o certame.
Na ocasião, as empresas Leader Saúde, Plena Saúde e Notredame Intermédica participaram da disputa, apresentando as seguintes propostas: Leader iniciou com valor superior a R$ 50,8 milhões, mas chegou ao lance de R$ 36,9 milhões; a Plena Saúde começou com R$ 56 milhões, e chegou aos R$ 37 milhões; e a Notredame só apresentou o valor de R$ 100,1 milhões.
Apesar de cobrar um valor maior que 60% em relação às concorrentes, a Notredame poderá sair vencedora, no entendimento do presidente do Sintap, Benedito Francisco de Souza Filho, o Ferrugem.
“Eu não tenho muita esperança que isso melhore, porque eu tenho quase certeza que quem vai levar essa é a Notredame. Vão arrumar muitos empecilhos para aquela empresa que ganhar, porque foi o que aconteceu na licitação passada. De uma hora para a outra teve uma avalanche de coisas em cima da empresa que ganhou a concorrência anterior”, conclui, fazendo referência à licitação vencida pela Plena Saúde.
A Notredame Intermédica se posicionou por meio de nota. Confira:
“O compromisso da operadora é prestar a melhor assistência aos seus clientes. A operadora garante o atendimento presencial para marcação de consultas e exames, além do telefone, site e aplicativo.
Além disso, para garantir suporte aos servidores da Prefeitura, disponibiliza, em sua sede, um profissional dedicado para dar toda orientação necessária aos clientes.
A companhia reforça que cumpre o que é solicitado e exigido em edital e atua em total conformidade ao contrato assinado. Além disso, afirma que está analisando o edital publicado e que é de interesse participar do novo certame visando dar continuidade à prestação de assistência médica à prefeitura de Mogi das Cruzes.”
Respostas de 2
Boa tarde! Seria importante ouvir a opinião dos funcionários. Pois eles tem até uma comissão. Obrigado.
Boa noite! A fala dos representantes do Sindicato não correspondem à opinião da maioria dos servidores de Mogi das Cruzes. Não estamos insatisfeitos com a Notredame, estamos insatisfeitos com a administração municipal que está realizando uma licitação por pregão para o novo Plano de Saúde dos servidores e aposentados da rede Municipal, sem levar em conta o serviço ofertado. O menor preço não representa um plano melhor. Infelizmente a ganhadora da licitação no ano passado não tem estrutura para atender as 14 mil vidas em nossa cidade. Os funcionários teriam que se deslocar para outras cidades, já que o único hospital da operadora não tinha nem atendimento ortopédico. É lamentável que o sindicato tenha falado por todos. A Notredame está atendendo por um contrato emergencial e isso atrapalhou o nosso atendimento. Mas não estamos abandonados por esta empresa. Se uma operadora de plano de saúde ganhar que seja superior a Notredame e não inferior e sem atendimento em nossa cidade. Os funcionários municipais merecem respeito!