Nas últimas semanas, as franquias voltaram ao centro de uma polêmica no Brasil. A pergunta é simples, mas a resposta é complexa: vale a pena investir em uma franquia? Se você não tem perfil empreendedor, ou seja, se não gosta de correr riscos, testar ideias novas ou tomar decisões estratégicas, uma franquia pode parecer uma solução fácil. Mas essa escolha traz um pacote de problemas que muita gente só percebe depois do contrato assinado.
1) Falta de autonomia
Numa franquia, o franqueado não é o verdadeiro dono do negócio. Ele apenas executa um modelo criado por alguém que, muitas vezes, nunca pisou numa loja física ou nunca atendeu um cliente de verdade. As regras vêm de cima, e você precisa seguir. Isso é um problema sério. O mercado muda, o comportamento do consumidor também, e quem está no salão da loja é quem mais entende essas nuances.
2) Custo operacional elevado
O custo de produção também pesa. Um simples café expresso, por exemplo, custa entre R$ 3,00 e R$ 5,00 numa cafeteria independente. Já numa franquia, esse custo sobe para R$ 4,00 a R$ 6,50, por causa dos insumos comprados de fornecedores homologados. Geralmente os produtos para a revenda numa franquia são entre 20% a 50% mais caros que no mercado.
3) Lucro: a diferença que vira um abismo
Quer um exemplo prático? Suponha duas cafeterias com o mesmo faturamento de R$ 100 mil por mês: uma independente e outra franqueada. Franquia: lucro líquido entre 7% e 12%, ou seja, de R$ 7 mil a R$ 12 mil. Independente: lucro líquido entre 15% e 20%, podendo ultrapassar essa margem. Ou seja, R$ 15 mil a R$ 20 mil ou mais. No longo prazo, essa diferença se acumula e vira um abismo financeiro.
4) Suporte: mais marketing que prática
O suporte prometido pela maioria das franquias é, na prática, limitado. O franqueado recebe orientações básicas, algumas planilhas e materiais de marketing, mas na hora do aperto, o que prevalece é o famoso: “siga o manual”.
Então, como ter sucesso sem uma franquia? Tenha um bom contador e um excelente advogado. Isso já resolve metade dos seus problemas. Além disso: Escute o seu cliente. Trabalhe com produtos de alta rotatividade. Busque fornecedores com bom preço e prazo justo. Não entre em guerra de preços. Nem sempre o mais barato vende mais, e o mais caro também não significa qualidade percebida.
Ser empresário dá trabalho. Mas, é melhor ser dono de verdade do que refém de um manual.