O Banco Central (BC), como já era previsto por economistas, manteve a taxa básica de juros, a Selic, a 10,5% ao ano pela segunda vez consecutiva, após um ano marcado por cortes sucessivos. Diferentes áreas são diretamente afetadas por essa situação, sobretudo o financiamento imobiliário, visto que juros mais baixos facilitam o acesso da população à casa própria.
Vitor Efrain Andrade Ramos, consultor financeiro e especialista da Ademicon, explica o impacto desse congelamento de juros na economia e como aplicar da melhor forma no setor imobiliário. “A taxa básica, sendo mantida pelo governo, também influencia a inflação do país. Recentemente, vimos um aumento no PIB brasileiro, o que é logicamente resultado do congelamento da taxa Selic. Isso influencia a quantidade de dinheiro que circula na economia e, com o tempo, resulta na alta dos preços de imóveis, terrenos e investimentos em geral”, explica.
Em relação aos pontos favoráveis dessa estabilidade, um dos mais beneficiados é o setor imobiliário, que seguirá a lei da oferta e demanda. “Com essa taxa fixa, conseguimos segurar melhor os preços e o poder de compra. Nota-se que o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ e todo o setor econômico relacionado estão em alta, enquanto o mercado de alto padrão está mais estagnado e não se desenvolve como deveria”, afirma Ramos.
“Em São Paulo, por exemplo, muitos empreendimentos foram lançados, mas as obras não avançaram. Diversos projetos de alto padrão foram abordados, enquanto os projetos do governo federal estão circulando muito mais. Quanto aos pontos desfavoráveis, conforme observado pelas construtoras, o preço tende a subir. Quem não estiver nesse ‘time’ poderá não conseguir comprar mais adiante, pois os preços estarão inflacionando. Já quem investiu nesse momento poderá futuramente vender mais caro e obter lucro com a operação”, relata.
O congelamento da taxa Selic pegou os investidores de surpresa?
“Sim, todos foram pegos de surpresa. A expectativa era de que a Selic caísse há muito tempo, o que não ocorria no Brasil há anos. A expectativa era uma deflação, mas o congelamento por parte do governo pegou a todos de surpresa, apresentando números que, embora positivos para o governo, não eram esperados”, afirma.
Com o aumento na compra de imóveis e financiamentos, há também um crescimento na procura por consórcios de investimentos?
“Sim, o mercado está muito aquecido, e já vendemos mais de 3 bilhões em cartas de crédito. A procura deve aumentar. No entanto, para obter um financiamento, é necessário comprovar renda, ter o nome em dia e um bom score para o banco aprovar. Já para consórcios, não é necessário dar entrada e não é preciso ter o nome limpo no início do projeto, apenas quando for contemplado”, aponta.
O que se pode esperar na área de investimentos e finanças para 2025? Quais serão os desafios que a economia enfrentará no próximo ano?
“O Brasil está com um déficit muito alto. Embora tenhamos visto crescimento no PIB, nosso país tem se tornado um destino menos atraente para investidores internacionais, não só por conta da situação econômica, mas também pela política. Acredito que a moeda brasileira possa enfrentar deflação, enquanto o dólar continuará em alta. No momento, o setor imobiliário parece ser o melhor investimento”, conclui.