Com a chegada da Mogi-Dutra em 1972 e a Mogi-Bertioga em 1982, a cidade de Mogi das Cruzes teve um salto de desenvolvimento. Com isso, vieram os problemas de mobilidade, por conta do escoamento de produtos que vinham da Grande São Paulo e necessitavam cruzar o centro da cidade.
Para aliviar os congestionamentos, no final dos anos 80, o então prefeito Waldemar Costa Filho solicitou ao engenheiro Jamil Hallage um projeto em forma de anel viário para circular o centro da cidade, interligar as estradas Mogi-Dutra, Mogi-Bertioga, Mogi-Salesópolis e a Mogi-Guararema e liberar o tráfego na região central.
Apesar das obras terem iniciado apenas em 1987, este projeto já aparecia no plano diretor da cidade aprovado pela Câmara no ano de 1966, juntamente com a Mogi-Bertioga, que só foi entregue 20 anos depois. No caso do anel viário, a espera já está perto de completar 60 anos, sem que a obra seja finalizada.
O projeto começou com a construção da Via Perimetral. O primeiro trecho conecta a Mogi-Guararema, no distrito de César de Souza, ao bairro do Rodeio. O segundo trecho, iniciado nos anos 2000, interligou o Rodeio às rodovias Mogi-Dutra e Mogi-Bertioga e foi concluído em 2002. Ambos os trechos foram construídos ao longo de seis gestões municipais diferentes, tendo iniciado com o então prefeito Antônio Carlos Machado Teixeira, passando por Waldemar Costa Filho, Francisco Ribeiro Nogueira, Manoel Bezerra de Melo, novamente por Waldemar e sendo finalizada por Junji Abe.
Há 22 anos, a cidade aguarda a construção do terceiro e o último trecho, que teria uma extensão de aproximadamente 9,5 km de extensão, conectando a Mogi-Bertioga à Mogi-Salesópolis e, de lá, à Mogi-Guararema, passando pela Avenida Castelo Branco até a Avenida João XXIII, em César de Souza. Uma vez concluído, o anel viário teria em torno de 24 km de extensão, circundando a cidade.
MELHORIAS – A conclusão do Anel Viário é vital para Mogi das Cruzes, pois facilitará o acesso às principais estradas de entrada e saída do município. O secretário municipal de Urbanismo, Claudio de Faria Rodrigues, explicou os efeitos desta mudança.
“É justamente para que a gente possa retirar os veículos que hoje obrigatoriamente circulam pela área central. Além dos veículos, a gente consegue otimizar todo o transporte de mercadorias, de logística, que circula por essa região. Por exemplo, todos os caminhões que vêm com a produção de hortaliças da região do Cocuera, ou de Biritiba Mirim, com destino a São Paulo acabam passando pela principal avenida, a Narciso Yague Guimarães.”
CUSTOS – De acordo com Cláudio, a atual gestão apresentou ao Governo Federal uma solicitação de financiamento no valor de R$ 300 milhões ao CAF, o Banco de Desenvolvimento da América Latina, para concluir os 9,5 km de vias que faltam para fechar o Anel Viário e aguarda a liberação do recurso: “O mesmo banco que está financiando as obras do Corredor Nordeste, do programa Viva Mogi, foi consultado. A solicitação já foi aprovada pelo banco internacional, mas há dois anos aguarda parecer do Governo Federal.”
A DEMORA – O secretário, que trabalha na prefeitura desde 2001, acredita que, por mais que o município possua uma boa situação financeira, ele tem inúmeras prioridades, e que ao longo dos anos foram tratadas outras questões, tanto de mobilidade como de saneamento, como a implantação da estação de tratamento de esgoto do lado do Parque Centenário.
“Hoje observamos que um dos grandes desafios que a cidade tem que enfrentar é a questão da mobilidade urbana, buscando qualidade de vida. O crescimento acelerado em Mogi traz grandes desafios, de cidades de médio e grande porte. Ao longo dos últimos anos, foram entregues obras que eram estratégicas para a questão da mobilidade. Uma delas foi a implementação da Avenida das Orquídeas. Também priorizou-se a implementação da Avenida Júlio Simões e da Avenida Yoshiteru Onishi”, explicou.
CORREDOR NORDESTE – Atualmente, a administração está executando, dentro do programa Viva Mogi, o Corredor Nordeste, que, na prática, integra o anel viário. A intervenção fará a conexão entre a região da Avenida Vereador Dante Jordão Stoppa e a Avenida Francisco Rodrigues Filho. Será uma alternativa à já saturada Ricieri José Marcatto e também abrirá uma nova possibilidade de deslocamento para a região leste da cidade.
O Corredor Nordeste também prevê a construção de um viaduto sobre a linha férrea no distrito de César de Souza, melhorando a fluidez no tráfego de entrada e saída do distrito. A obra vai contar ainda com 1.850 metros de ciclovia. As obras do Corredor Nordeste já chegaram a cerca de 30% da execução. A previsão de entrega é para o 2º semestre de 2025.
NOVO GOVERNO – O projeto parado há 22 anos está nos planos da prefeita eleita Mara Bertaiolli (PL), que a incluiu em seu plano de governo. Em nota, sua assessoria informou que ele será realizado: “No entanto, é preciso que a nova gestão tome posse na prefeitura, em 1º de janeiro de 2025, para realizar o levantamento de custos para financiamento e preparo do projeto executivo da obra”.
OPINIÃO POPULAR – A reportagem foi às ruas para ouvir dos moradores as expectativas para a conclusão dessa obra. A moradora de César de Souza, Marta Alves, 46, que é enfermeira, explicou que precisa sair de casa uma hora antes para chegar ao trabalho no horário, e está otimista quanto às obras.
“Eu acredito que irá melhorar. Tem dias que eu fico presa aqui horas para chegar em um trajeto que levaria 10 minutos. Com certeza seria bem melhor, bem mais proveitoso. Quanto menos tempo no trânsito, mais a gente ganha”, comentou.
A expectativa do caminhoneiro Nildo Eronildes, 54, também é a melhor possível. “A gente não vai mais precisar passar por dentro da cidade, vai ficar muito bom para nós, até na hora do lazer vai ser melhor para chegarmos até a Mogi-Bertioga”, disse.
“A conclusão é que vai melhorar bastante o trânsito. Daqui até a Mogi-Bertioga vai cortar um caminho legal, porque aqui tem muitos semáforos, e no horário de pico é difícil, vai melhorar bastante. Assim eu espero”, disse o motoboy Jeferson Gustavo, 25.