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Em Itaquá, moradores acusam Sabesp de criar esgoto a céu aberto e abandoná-los

No bairro dos Batistas, família tem esgoto despejado continuamente em seu terreno
A própria Sabesp implantou canos de esgoto em terrenos particulares, com a desculpa de ser algo temporário / Foto: Guilherme Alferes

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Imagine que, a pretexto de combater o vazamento de um bueiro no meio da rua, a companhia de água de sua cidade começasse a despejar esgoto, ininterruptamente, em seu quintal. É disso que moradores da Estrada dos Batistas, no bairro de mesmo nome em Itaquaquecetuba, acusam a Sabesp de ter feito. 

De acordo com uma moradora que não quis se identificar, o problema começou quando um vazamento na porta de sua casa inundava a rua, dois anos atrás. Ao serem chamados para analisar o problema, funcionários da empresa teriam encontrado uma solução mais fácil: colocar um cano para desviar a água em direção a um terreno ao lado. Provisoriamente, disseram.

O terreno pertence à família do autônomo Mário Marcelo da Silva, 53, que viu nascer um córrego, além de um brejo, de água podre em sua propriedade. 

“A gente achava que era coisa de uma semana, quinze dias, até vir talvez o maquinário mais apropriado para mexer no encanamento. Mas não! Largaram aí. Esqueceram”, denunciou.

Irmão de Mário, o também autônomo Luiz Carlos da Silva, 57, que mora no mesmo terreno, teve de se desfazer da criação de animais que tinha pelo risco de contaminação tanto dos bichos, quanto daqueles que por ventura viessem a consumi-los. “Tinha o poço onde pegava água para os bichos, mas tivemos que, na verdade, acabar com o gado, porque como você vai dar essa água pra eles? Fica difícil.”

A família relata estar tendo dificuldades inclusive em suas tentativas de vender o terreno. Afinal, quando um possível comprador procura um local com fonte de água corrente, não é este tipo que está esperando.

Além do incessante mau cheiro e riscos à saúde, a moradora já citada conta que teve de, com recursos próprios, aterrar a lateral do muro de sua casa para desviar o curso da água, que estava oferecendo riscos à estrutura do imóvel. 

Segundo a família Silva, no fundo de sua propriedade, para onde a água se destina, está uma área de preservação ambiental. Conforme a Lei Federal 9.605/98, despejar esgoto em área de proteção ambiental configura crime passível de prisão, multa ou penas administrativas.

O caso chegou ao conhecimento do vereador Luiz Coutinho (Republicanos), que apresentou um requerimento junto à Câmara Municipal solicitando explicações e soluções para a Sabesp. Na terça-feira (19), a GAZETA abordou o tema com o prefeito, Eduardo Boigues (PL), e a secretária municipal de Meio Ambiente e Abastecimento, Yasmin Zampieri, e ambos responderam ainda não ter conhecimento sobre os acontecimentos, mas que serão apuradas as informações para analisar as medidas cabíveis.

Procurada, a Sabesp se posicionou por meio da seguinte nota:

“A Sabesp informa que está em execução uma obra de recuperação e adequação estrutural da Estação Elevatória Itaquaquecetuba, que é parte do sistema de esgotamento sanitário do município e que será responsável por encaminhar o esgoto coletado da região para a Estação de Tratamento São Miguel.

A elevatória, pronta em 2022, sofreu inundação em março de 2023, danificando suas estruturas. Por esta razão houve a necessidade de um novo processo de contratação para a recuperação da elevatória. Foram realizados os testes de performance dos motores e bombas e as atividades civis estão em execução. O pleno funcionamento desta elevatória está previsto para o primeiro trimestre de 2025.
A Companhia avalia também a viabilidade de relocar a rede coletora, que passa pela Estrada dos Batistas, garantindo a funcionalidade do sistema até que as obras da elevatória sejam concluídas.”
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