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Em Itaquá, mãe segue luta contra doença do filho e obstáculos impostos por plano de saúde

À GAZETA, a itaquaquecetubense fez uma série de acusações contra a operadora UniHosp, que se defendeu alegando fazer “diversas exceções”

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Em agosto de 2022, a GAZETA realizou uma reportagem contando a história de Camila Martins Dias, 36, uma técnica de enfermagem que vem travando uma luta que parece interminável pela vida de seu filho, de apenas 4 anos, portador de uma doença rara. Sete meses depois da publicação, a mãe procurou novamente o jornal afim de reforçar as acusações feitas contra a operadora de planos de saúde UniHosp de dificultar ao máximo o tratamento da criança.

LEIA TAMBÉM: Mãe briga pelo filho que sofre de doença rara: plano de saúde dificulta situação

Cliente da empresa desde fevereiro de 2019, ela relata ter pouco usado o plano até 2020, quando o menino começou a apresentar sintomas de sua condição, uma alteração genética que atinge órgãos vitais como cérebro, baço e fígado. Desde então a situação entre a família e a UniHosp vem passando por uma escalada de tensão que levou o caso até a justiça, inclusive.

Ela relata que foi necessária uma liminar judicial, expedida pelo juiz Dr. Antenor da Silva Cápua em 2020, para que fossem disponibilizados os insumos básicos para o tratamento domiciliar, como medicamentos, fraldas e equipamentos para os profissionais que atendem o menino. Ainda assim, de acordo com relatos de Camila e imagens que não serão mostradas em respeito à identidade da criança, o material fornecido tem uma qualidade pífia, que causa até ferimentos na criança.

Atualmente, no entanto, a mãe conta que o modus operandi da empresa mudou: ao invés de dificultar o acesso a insumos, começaram a agir sobre a continuidade do tratamento clínico. Dentre as adversidades enfrentadas pela criança, está a dificuldade para respirar pelo nariz, o que atrapalha não só a respiração, mas também seu processo de aprender a falar, o que torna o acompanhamento de fonoaudiologia indispensável.

O tratamento em questão estava sendo feito em domicílio, como solicitado, desde fevereiro de 2021 até que, em outubro de 2022, foi abruptamente interrompido, com a operadora dizendo que a partir de então ele deveria ser continuado em uma de suas clínicas credenciadas. Nos quatro meses que seguiram, o menino não teve acesso ao tratamento.

Este, apesar de simbólico, não se trata nem do mais grave episódio envolvendo a fonoaudiologia ofertada pela operadora. Em 2022, quando o tratamento ainda estava sendo feito, uma das médicas enviadas pelo convênio fez o uso incorreto de um eletrodo causando uma queimadura no pescoço da criança.

O caso gerou outro processo envolvendo a família e a UniHosp. Dessa vez com a adição da médica em questão e da empresa terceirizada para a qual ela trabalha.

Todo esse imbróglio tem tido efeitos não só no estado de saúde do menino, mas também no de Camila, que teve de abandonar até o emprego e hoje vive em função disso. Além da pressão natural de lidar com um filho adoentado, ela relata também uma série de constrangimentos psicológicos, tendo, segundo ela, ouvido até funcionários da operadora a chamando de “louca” e insinuando ela estaria inventando as doenças do filho.

Ela revela que, no ano passado, descobriu uma lesão em seu cérebro, que ocorreu por conta dos anos de nervosismo, de acordo com seu médico.

“Tudo eu tenho que ficar passando nervoso, eu já estou numa etapa que não estou aguentando mais. Meu psicológico, meu físico, está tudo cansado de lutar”, disse.

Os anos de esgotamento fizeram com que Camila chegasse a uma macabra conclusão sobre o motivo pelo qual a UniHosp estaria fazendo isso. “Eu já cheguei a assimilar que eles fazem de tudo para que o caso dele piore e ele vá a óbito, eu já entendi nesse patamar e eu falo isso sem medo”, dispara.

No entanto, quando questionada sobre o que a tem segurado em pé para enfrentar a luta, a resposta vem sem titubeios: “Ele, eu luto por ele. Olhar ele se esforçando para lutar, porque eu já vi meu filho lutar várias vezes, me dá muita força.”

 

O que diz a UniHosp

Procurada pela GAZETA para se posicionar em relação ao caso, a UniHosp enviou, por meio de sua assessoria, uma nota respondendo a cada acusação feita por Camila.

Confira o posicionamento da empresa na íntegra:

Nosso diretor, Tarso Gouveia, ressalta que a Operadora não tem medido esforços para atender às necessidades do caso. “Veja, fizemos várias exceções fornecendo produtos e serviços que não estão acordados comercialmente e alguns que nem fazem parte do rol da ANS, inclusive, mantemos uma linha direta da mãe em nossa área de Medicina Preventiva, que responde suas dúvidas de maneira quase que diária, da melhor forma possível, porém, as acusações relatadas são bastante graves e necessitam de provas para publicação, sendo que nosso setor jurídico já está acompanhando de perto cada item. Falar que um profissional de saúde agrediu o filho dentro de casa e culpar o convênio por isso, sem documentar a acusação nem fazer nada, nenhum boletim de ocorrência sobre o caso, mesmo sendo envolvido um prestador de serviço terceirizado pode caracterizar falsa acusação à Operadora, assim como acusar nossos funcionários de atendimento, sendo que todas as ligações são gravadas. Entendemos que a situação é delicada para a família, porém somos uma operadora que está no mercado há 26 anos e atua de maneira séria e seguindo todos os protocolos da ANS para prestar serviço em nossa área de abrangência”, fala.

Ainda, a senhora Claudia Almerita, representando a Ouvidoria da Operadora também declara que não são medidos esforços para sanar as expectativas da Sra. Camila Martins Dias. “Por exceção à regra e entendendo que se trata de um caso delicado e muito importante para nós, realizamos o agendamento prioritário de todas as consultas e exames, bem como liberamos Uber para transporte, o que não está previsto em contrato e nem tampouco coberto em medida judicial, seguindo todos os processos de atendimento em saúde, sem qualquer ocultação ou isenção por parte da Operadora”, esclarece.

Sendo assim, confiando na premissa do bom e imparcial jornalismo trazemos as informações que são cabíveis ao questionamento apontado.

– Sobre a alegação de:

Dificultar autorizações para exames e cirurgias da criança,

A Operadora informa que não localizou nos registros e sistema, pedido médico para realização de exames ou cirurgias sem autorização já expedida. Todos os exames recepcionados, até o momento, já foram realizados pelo paciente ou já estão agendados. Quanto às cirurgias, informamos que o único pedido médico para realização de procedimento cirúrgico foi recepcionado pela operadora em setembro de 2021, autorizado e realizado no mês de outubro do mesmo ano.

– Sobre a alegação de:

Não disponibilizar equipamentos necessários para o tratamento da criança, como o BiPap, que ele precisa para respirar

a Operadora informa que desde 2020 a Operadora oferta todos os insumos e equipamentos necessários para que o paciente realize oxigenioterapia em domicilio, importante ressaltar que parte dos equipamentos fornecidos são por mera concessão da operadora, são esses: Carregador de Oxímetro, Carrinho Cilindro Portátil, Cilindro Oxigênio Medicinal 8m³, Cilindro Oxigênio Portátil, Concentrador de Oxigênio com Nebulização, Fluxômetro de Oxigênio, Oxímetro Portátil com Alarme, Regulador Oxigênio, Sensor, Suporte para Cilindro Oxigênio 4m³/8m³, Transformador Bivolt 1500va. Além desses, também ofertamos equipamentos e insumos para realização diária de aspirações de vias aéreas, são esses: Sonda de Aspiração com válvula nº 8, Luva Estéril, Luva de Procedimento Média, Aspirador Elétrico e Mangueira para Aspiração 2m. Todos os protocolos de entrega/recebimento estão devidamente registrados em nossos arquivos, com toda segurança da LGPD. Quanto ao BiPap não é um aparelho de cobertura obrigatória, conforme rol da ANS, neste caso a Sra. Camila, já foi informada quanto ao indeferimento de fornecimento do aparelho.

– Sobre a alegação de:

Mesmo com liminar, expedida pelo juiz Antenor da Silva Cápua, em 2020, dificulta o acesso a tratamento domiciliar

a Operadora informa que todas as decisões expedidas pelo juiz estão sendo cumpridas e, para além da decisão, até exames laboratoriais que estão fora do rol de cobertura obrigatória (ANS), são liberados para que o paciente tenha um tratamento e acompanhamento seguro e eficaz.

– Sobre a alegação de:

Demora para oferecer insumos necessários para a criança (também obrigado por liminar) e, quando feito, enviando produtos de baixa qualidade, como fraldas que machucam e uma máscara de inalação quando era necessária uma de oxigenação, por exemplo. Neste caso, a mãe relata que, quando reportada a confusão, colaboradores da empresa dizem se tratar da mesma finalidade, contrariando inclusive a própria médica que fez o pedido

a Operadora informa que a Operadora oferta todos os insumos e medicações determinadas em liminar e conforme prescrição médica, são esses: Compressa de Gaze Estéril 7,5×7,5, Cloreto de Sódio 0,9%, DOMPERIDONA, SIMETICONA, NEOZINE (LEVOMEPROMAZINA), LACTULOSE, SALBUTAMOL, MELATONINA, SERETIDE, MONTELAIR e AZITROMICINA. Todas as dispensações mensais das medicações são feitas por um farmacêutico, para o cálculo correto, conforme posologia do remédio e indicação médica para uso diário. Isso garante, então, que o paciente tenha um tratamento seguro e adequado. Todos os protocolos de entrega/recebimento estão devidamente registrados em nossos arquivos, com toda segurança da LGPD.

– Sobre a alegação de:

Uma das poucas vezes em que o plano enviou uma fonoaudióloga para o tratamento domiciliar, ela acabou ferindo a criança e, quando o caso foi reportado à empresa, nada foi feito

a Operadora informa que o processo corre em segredo de justiça porque trata-se de um menor de idade, então não podemos falar sobre esse caso em específico por conta de estar correndo o processo, fato é que não existe número de protocolo de reclamação dela para o convênio em si

– Sobre a alegação de:

Mesmo com exames, laudos, depoimentos de médicos e a própria decisão judicial, Camila relata já ter sido chamada de “louca” por funcionários da UniHosp, que insinuam que ela estaria inventando as doenças do filho

a Operadora informa que  temos como valores a responsabilidade social e a empatia. Diante disso, garantimos que todos os acolhimentos realizados por nossos colaboradores, tenham como pilar a humanização e o respeito ao paciente, para que o mesmo tenha todo o seu tratamento e acompanhamento em saúde garantidos. Informamos, ainda, que desde agosto de 2022 a responsável pelo paciente possui um canal exclusivo e direto com nosso setor de Medicina Preventiva, para que toda a demanda seja prontamente atendida. Todos os contatos são gravados em nosso sistema e devidamente registrados em nossos arquivos, com toda segurança da LGPD

– Sobre a alegação de:

Demora para comprar medicamentos, principalmente o canabidiol;

a Operadora informa que todas as medicações indicadas na decisão judicial estão sendo entregues, mensalmente, desde novembro/2022, conforme protocolos de recebimento que temos anexados em nosso sistema e assinados pelos responsáveis do paciente, no ato da entrega. As medicações são liberadas conforme a Lei de Saúde, dependem de cálculos realizados pelo farmacêutico e são liberadas de maneira fracionada, buscando resguardar a segurança e a saúde do próprio paciente, sendo que todas as medicações estão em dia

– Sobre a alegação de:

Impedir uma continuidade do tratamento, trocando os médicos quando eles passam a conhecer o caso, como por exemplo, não permitem que ele tenha um pneumologista ou um otorrinolaringologista fixos.

a operadora informa que em 2020 e 2021 o paciente realizava acompanhamento com uma mesma médica pneumologista, porém em fevereiro de 2022 fomos informados pela clínica que a profissional prestava atendimento não iria mais atender naquele local. Com isso, foi necessário localizar outro profissional para que o paciente mantivesse seu tratamento. Localizamos um novo profissional, porém após a segunda consulta com a nova pneumologista, a responsável pelo paciente Sra Camila Martins Dias, pediu para que fosse verificado outra clínica, pois não estava de acordo com as condutas da médica. Agendamos, então, consulta com outro pneumologista em maio/2022. Novamente, após a consulta a mãe do paciente informou não concordar com a conduta do dr. e solicitou novo prestador. Agendamos uma consulta em setembro/2022 com um novo pneumologista e o paciente segue, desde então, com esse profissional. Quanto às consultas com o médico otorrinolaringologista, informamos que todas são agendadas pela própria responsável, em uma clínica credenciada, próxima de sua residência em Itaquaquecetuba. Não foram registradas queixas quanto à dificuldade de atendimento desse profissional, por esse motivo desconhecemos a alegação de que não possuem um médico otorrinolaringologista de referência.

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