Em um cenário onde o bullying pode ser um tema difícil de abordar, é essencial que o enfrentamento dessa situação de forma eficaz comece cedo. Um dos métodos mais eficientes é trabalhar o assunto utilizando técnicas didáticas que permitem às crianças compreender e discutir o tema com empatia e clareza. Um exemplo é o espetáculo infantojuvenil do Grupo Caleidoscópio, O Pescador e a Mulher-Esqueleto.
O bullying é uma questão séria, com impactos profundos no desenvolvimento emocional e social das crianças. De acordo com uma pesquisa realizada no ano passado pelo DataSenado, 6,7 milhões de estudantes sofreram algum tipo de violência na escola em 2022, o que representa 11% dos quase 60 milhões de alunos matriculados.
Crianças expostas ao bullying, seja como vítimas ou testemunhas, podem carregar traumas que afetam sua autoestima, desempenho escolar e relações interpessoais, explica o psicólogo e diretor do Instituto Suassuna, Danilo Suassuna.
“Para combater esse problema de forma eficaz, é essencial que a conscientização comece cedo, com abordagens que falem diretamente ao coração e à mente das crianças. Nesse contexto, a arte, em especial o teatro, surge como uma poderosa ferramenta de transformação. Mais do que informar, ela desperta emoções e promove uma conexão profunda com os pequenos, levando-os a refletir e agir de maneira mais empática”, afirma Suassuna.
O espetáculo do Grupo Caleidoscópio surge como um farol de esperança, utilizando recursos didáticos criativos para transformar a conscientização em aprendizado lúdico e acessível. Ele explora a linguagem do teatro de bonecos, com base na técnica japonesa milenar Bunraku, na qual até três atores-manipuladores com movimentos sincronizados manejam bonecos construídos com articulações baseadas no corpo humano.
O roteiro foi adaptado do livro Mulheres que Correm com os Lobos. Na trama, um pescador pesca acidentalmente uma mulher-esqueleto do fundo do mar e, após terem dificuldade para se aceitar, a dupla acaba enredada em uma história de amor. Embora a princípio a história não aparente ter ligação com o bullying, uma adaptação delicada feita pelo diretor João Bresser transformou o conto em uma abordagem didática desse tema tão importante.
“Eu tive a intuição de mantê-la como esqueleto para unir dois seres completamente diferentes e fomentar uma discussão sobre preconceito, bullying e aceitação. Assim, o amor, que é o pilar da peça, transformará os dois personagens, mas somente em seus corações, e não em suas aparências”, comenta João Bresser.
O espetáculo estará em cartaz neste domingo (15), às 16h, na Estação Cidadania e Cultura, localizada na Rua Francisco Sperandio, 200, Cidade Kemel, em Ferraz de Vasconcelos. Os ingressos são gratuitos.
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